domingo, 31 de outubro de 2010

O BRASIL QUE ESCREVE

privacidadeoculta.blogspot.com

Já próximo de completar dois anos no Recanto das Letras e três anos com o meu blog Uaimundo, tenho escrito bastante, mas tenho lido muito mais. Quem me dera se minha capacidade entre ler e escrever se equiparasse em quantidade! Acho que já seria autor do zilhões de páginas. Mas isso não vem ao caso, é apenas um desejo de disputar comigo mesmo mais um desafio inalcançável. Se eu fosse topar a parada, Deus ia ter que me dar uma forcinha e dobrar a minha expectativa de vida. Se Ele me desse um sinal de pelo menos mais uns cinqüenta anos, eu ia fazer até um planejamento. Metade do meu tempo para leitura e a outra metade para a escrita. Que maravilha, não é mesmo? Sonhos não envelhecem e eu fico pedindo carona na juventude dos meus.

Andei fazendo umas estatísticas - mais no Recanto do que no blog e cheguei a um número aproximado de 20.000 autores fixos existentes ali. Levo em conta que entram cerca de 30 novos escritores todos os dias e chego a uma conclusão estimada que de norte a sul do Brasil se escreve muito. Isso é um dado tirado de apenas um site de literatura entre tantos que há por aí. Acho fabuloso. Mesmo que a maioria das pessoas diga que a sua atividade escrita seja apenas um passatempo sem compromisso editorial futuro, é de encher os olhos. Quem dera se proporcionalmente o restante do Brasil que não escreve, se dedicasse a ler. Seria a glória de um povo, a redenção revolucionária de uma nação. Do jeito que vão as coisas no campo educacional, estamos vendo que apenas a escolarização não tem sido suficiente. Ser escolarizado não significa ser bem formado, numa perspectiva mais holística. Só aproximamos de uma formação mais abrangente com acumulo de conhecimentos e leitura, muita leitura.

Eu bem que gostaria de solicitar aos responsáveis pelo Recanto que disponibilizassem mais uma aba na página inicial do site com a divisão de autores por estado. Quando visito as escrivaninhas dos iniciantes, fico prazerosamente espantado de ver que dos quatro cantos do país há gente participando. De lugares tão longínquos desde o Oiapoque, até o Chuí, cruzando com o Pantanal no lado oeste e toda a costa leste litorânea, vamos encontrar pessoas vinte e quatro horas por dia produzindo textos de prosa, poesia, acadêmicos, artigos, humor, mensagens, homenagens, cartas, letras de música e até livros virtuais inteiros. A qualidade é variada, cabendo a cada pessoa, autor ou visitante uma possibilidade de escolher entre os estilos, gêneros e o que mais lhe aprouver. Eu quero ufanar esse lado tão positivo do Brasil, que é fonte de inspiração para tantas críticas negativas por outras muitas mazelas que produz.
Um VIVA à palavra escrita.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

AURÉLIO

imagem google




Ontem eu estava fazendo palavras cruzadas no banheiro, um vício maior do que a necessidade fisiológica que é obrigatória lá naquele meu espaço sacrossanto de leituras e divagações outras além das necessidades do corpo físico. Enquanto esvazio as vísceras, alimento o espírito. Acho que é apenas mais uma idiossincrasia. Alguém pode achar que é uma loucura, um disparate, um despropósito, um contra-senso, um despautério, uma discrepância, uma insalubridade. Não tem problema. Eu assumo meus desatinos onde quer que seja em busca de conhecimentos novos.

Foi lá que descobri que este ano comemorou-se, ou melhor, foi festejado com muita parcimônia  de palavras e  manifestações literárias, o centenário do criador de um dos objetos mais conhecidos no Brasil, depois da televisão e outros meios menos formadores de gente que gosta do conhecimento: Aurélio Buarque de Hollanda faria cem anos em maio deste ano. Andei fazendo umas buscas e descobri tímidas homenagens pela imprensa nacional, exceto pelo estado de Alagoas, onde nasceu e foi muito festejado. Nem o Rio de Janeiro, onde dedicou a maior parte de sua vida fez muita questão de honrá-lo tal como merece. Também não se trata de uma injustiça apenas do Rio, mas de todo o país, que acostumou a se render a astros de grande facho luminoso da música, da televisão e de pouca projeção naquilo que é tão caro ao nosso povo visando a uma formação ilustrada. Meteoritos que não deixam rastro nenhum de sua luz.

Estou republicando uma crônica que fiz dezembro do ano passado, quando o meu dicionário estava já em frangalhos e uso-a como uma homenagem tardia a este grande literato e pesquisador, tão imprescindível na minha e em tantas outras vidas cheias de busca por fecundidade. 

imagem google


 DICIONÁRIO


Corria o ano de 1986 e a minha primeira filha estava esperando para vir ao mundo. E eu não podia me dar ao luxo de muitos gastos. A gravidez era de risco e o inesperado é sempre companhia da temeridade.  Ainda que não seja nenhuma tragédia anunciada, inspira poupança. Juntando isso com os sobressaltos de conviver com um plano econômico a cada mês e reajuste salarial apenas uma vez por ano, temores havia sempre. Imagine comprar hoje um quilo de tomates a um real e amanhã ele ser dois, depois dois e cinqüenta. Era assim que funcionava o tal do dragão da inflação, mesmo com o Sarney, na época presidente e sem atos secretos, convocando a população para agir como fiscal nas ruas para vigiar os preços. Quem trabalhava o dia inteiro mal tinha tempo de fiscalizar seu emprego ameaçado a todo momento pela própria lambança dos planos econômicos dele.

Mesmo assim eu não resisti à tentação e comprei o meu primeiro AURÈLIO, oferecido em quatro prestações fixas (encontrar prestação fixa era como ganhar prêmio em sorteio).  E ele solidariamente resistiu, talvez como o maior patrimônio que adquiri em minha vida - pelo menos em meu conceito de valor. Afora as minhas duas filhas, mas isso não se conta como patrimônio intelectual nem material. É muito mais que possam explicar nossas teorias de apego. Não entro no mercado com meus sentimentos postos a avaliações. De lá para cá ele me acompanhou em boletins sindicais escritos quase que diariamente, me acompanhou durante toda a minha graduação e mudou um sem número de vezes de casas e apartamentos. O cuidado quando de seu manuseio era como se estivesse transportando cristais. Sua encadernação é de linhas costuradas.

Agora está chegando ao seu esgotamento físico imposto pelo tempo, esse implacável e impassível senhor das razões e loucuras, das alegrias e das amarguras, assim como faz com gente feita de tutano e osso, neurônio e outros tecidos sem costura. Alguém pode dizer: mas com a wikipédia aí disponível, com um google de todo tamanho, que tolice! Para os muito leigos eles realmente satisfazem. Já para quem se relaciona quase ludicamente e lubricamente com as palavras sabe do que falo. Nele quando o significado traz algum sinônimo lírico, poético ou literário há citação de traços ou trechos de obras literárias exemplificando. Nele há  etimologia, há pronúncia. Sem contar que na página em que se está pesquisando algum verbete, há sempre a tentação de namorar outro ali do lado, acima ou abaixo por pura curiosidade ou aquela quedinha inevitável para uma outra palavra. E para quem gosta de pesquisa, a wikipédia não é algo ainda totalmente confiável Enfim não dá para descrever o prazer das consultas quase terapêuticas, da mesma forma que dói a separação.

Ele se vai. Não há mais remendo possível, reencadernações. Não há quem o restaure mais originalmente sem cobrar um valor de uma peça tombada pelo patrimônio histórico, artístico e cultural como merece, aliás. Muito ao meu gosto, mas longe de minhas posses.

E minha filha, vendo o meu drama patético, resolveu me presentear com outro, já que carrega o simbolismo de seu ano de nascimento. Não gosto que se apiedem de mim, mas acho que ela ficou com um dó danado.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

GENTILEZA POUCA É BOBAGEM

Está acontecendo uma campanha aqui em BH sobre a gentileza urbana. “Pratique Gentileza”, diz o bordão da peça publicitária no rádio, sempre seguido de um exemplo de bons modos e cordialidade dito por algum famoso de sempre ou do momento. A prefeitura já havia iniciado antes com cartazes nos ônibus em uma campanha “Gentileza Urbana É...”, que até lembra um antigo álbum de figurinhas chamado “Amar É...”  Eram uns bonequinhos de menino e menina com uma frase de amor romântico em cada figurinha.

Tudo bem que a correria da vida moderna tira o foco das pessoas de se voltarem para as outras pessoas. Uma guerra surda, muda e cega se trava todos os dias nas ruas para ver quem chega primeiro, quem faz primeiro, quem vence primeiro, mesmo não havendo pódio para ninguém. Mas, vem cá, gente: precisávamos chegar a este ponto? Puxa vida, eu não sou desses chatos da nostalgia, mas sou lembrado pela minha consciência teimosa a toda hora que uma das primeiras coisas que aprendi foi ser educado, gentil e cordial. Minha mãe sempre dizia: “não maltratar para não ser maltratado, quem planta colhe e dependendo do que planta e como cuida vai colher bons frutos ou erva daninha. Fazer o bem sem olhar a quem. Gentileza gera gentileza.” Esses valores foram se entranhando no meu cotidiano de tal forma que nunca mais precisei seguir mandamentos depois de velho para reaprender, a despeito de todos os percalços por que passei durante a minha vida. Já tive aqueles momentos de mandar tudo e todos para aqueles lugares inóspitos, inusitados e inconcebíveis mas não o fiz.

Além de ensinamentos tinha regras. Acordava de manhã e se não tomava a bênção ou desejava bom dia ouvia o seguinte:
- Por acaso você dormiu comigo?
Meu pai, quando dava qualquer coisa, por insignificante que fosse e a gente não dizia “obrigado” ele se antecipava
- De nada, seu malcriado!
E tem uma que se tornou inesquecível, apesar de hoje eu não exigir o mesmo dos mais novos: o respeito aos mais velhos a partir do tratamento. Quando ele chamava para alguma coisa e a gente respondia: “o quê? A réplica era rígida:
- O que, não! Senhor!

Tá certo que a nossa vida é uma hierarquia desde a hora do nascimento até o fim, há quem manda e quem obedece o tempo todo, mas a cordialidade existe não é para equilibrar estas relações? Além do mais, não é agradável receber um desejo de bom dia, um muito obrigado, dá licença, como vai e, por favor?

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

ADOLESCENTES

Diz o Rubem Alves que há apenas duas regras muito simples para se lidar com os filhos adolescentes. A primeira é: “não faça nada. Tudo o que você fizer estará errado.” A segunda: “fique por perto para catar os cacos, se for possível.” (está no livro E Aí? - Cartas aos Adolescentes e aos seus Pais)

O pai ia viajar com a filha de 12 anos e a sobrinha de 11. No dia anterior ela lhe disse:
- Ô pai, eu a e Bel já somos pré-adolescentes, vê se não vai com o rádio ligado naquelas rádios de velho, tá?
- ? (esta interrogação é o olhar dele para ela). Ele ouve as melhores rádios, na sua concepção, selecionadas a muito custo em meio às emissoras que tocam música o dia inteiro; não é tarefa fácil.
- É, pai aquelas músicas esquisitas, uma coisas de séculos atrás que você gosta de ouvir...
- É música de boa qualidade, filha, musica suave, com letra e melodia para acalmar e sentir prazer. Mas eu posso colocar numa emissora que tanto eu como vocês vamos gostar.
- Ah, não, de jeito nenhum. Eu nunca vou gostar dessas músicas de velho. Você já ouviu Justin Bieber, Lady Gaga, Michel Mosso, Nx Zero, Restart...?
- Essa tal de Gagá eu ouvir dizer...
- Não é Gagá, pai, é Gága, tá ligado? Ela é polêmica, mas é fantástica!
- Polêmica? Pois eu ouvi dizer, aliás, eu li sobre uma biografia dela, que o seu sucesso começou só porque ela começou a tirar a roupa e dançar nua em bares e boates pra chamar a atenção já que pela música em si não conseguia. Esta que será a polêmica? E esse tal de Justin Biba, não é aquele que parece o sargento Escovinha da revistinha Recruta Zero?
- Biba , não! Biba, não! Biber é um menino mais lindo e talentoso que eu já vi. E saiba que ele é guerreiro, viu? Ele trabalha desde pequenininho para ajudar a mãe. Canta desde os quatro anos. E para de falar do cabelo dele que ele não é Emo.
- O que que é emo, meu Deus?
Ah, pai, deixa pra lá, já vi que de cultura você não entende é nada, nadinha!

Conseguiram um acordo depois de muita cara feia da filha por causa das ofensas que ele proferiu contra as estrelas da hora. Foram ouvindo uma radio “irada” até a metade do caminho e elas cantando alucinadas aquelas músicas incompreensíveis com o tom das vozes mais alto do que o do som do carro. Dali em diante, nem um quilômetro a mais, nem um a menos, ele mudou para a estação de sua preferência. Foi cumprido o trato. Em menos de cinco minutos olhou pelo retrovisor e viu que as duas já estavam dormindo uma no ombro da outra. Ficou conformado. Pelo menos sua música servia para ninar. Na sua concepção, na sua concepção!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

SOBRE FAMA E HOLOFOTES

A competição por um lugar ao sol está tão acirrada e nivelada de forma tão rasteira, que qualquer crítica que se faça à mediocridade é vista como inveja ou “coisa de fracassado”.

domingo, 24 de outubro de 2010

SER LIVRE

Mandaram usar o livre arbítrio mas inventaram a propaganda para faturar em cima do poder de persuasão. E depois que você faz as escolhas, ainda assim é julgado por todos.

SOBRE ESCOLHAS

Escolhas estão, a meu ver, relacionadas a um estado de liberdade plena. E não é isso o que vivemos na nossa sociedade. Muitas vezes é uma opção entre o péssimo, o ruim e o "salve-se se puder".  O livre arbítrio também tem seus limites.

sábado, 23 de outubro de 2010

RASCUNHOS




Pessoa falou em Desassosego. Yasmine em Rascunhos. Inquietações em ambos podem ser postas em poesia, anotações, filosofia, mas são inquietações. Ela fala em imperfeições. É a imperfeita que mais dá vontade na gente de seguir sua trilha. E o amor nela é a única coisa que corre linearmente. Seja em espelhos de alma, seja em dores, seja em alegria, seja com raiva do mundo, seja amando mesmo o outro. Amor linear amaina as inquietações todas. Senão as dela, as nossas enquanto leitores. Coloquei o Rascunho em minha cabeceira junto com o Livro do Desassossego. Agora tenho um contraponto nos meus desassossegos quando os alterno com o RASCUNHOS da Yasmine.


RASCUNHOS
Yasmine Lemos

Site da Yasmine: AQUI
Blog da Yasmine: AQUI

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

P E T

casa de PET - portaldoprofessor.mec.gov.br        


Houve uma época em que a gente comprava os saborosos refrigerantes nas garrafas de vidro, de sabor inconfundível. Ainda não havia tanta descoberta no mundo. Era gostoso mas nem um pouco nutritivo, como é até hoje. O que mudou foram as embalagens. Para comparamos um refrigerante e levá-lo para casa, tinha-se que ir com o “casco” como eram chamadas as garrafas retornáveis. Quando criaram o refrigerante tamanho família, foi a glória. Uma família grande como a minha, por exemplo, não precisava mais comprar um engradado com 24 garrafas a cada final de semana para que todos pudessem beber à vontade e ficar juntando vasilhame no quintal. As crianças mesmo podiam ir ao bar da esquina e trazer algumas garrafas de 1 litro, desde eu levassem os cascos. Quem não os tinha, pagava uma espécie de taxa de garantia, que chamavam de “vale” e depois buscavam o dinheiro de volta quando estivessem vazias e fossem devolvidas.

A matéria prima muito abundante na natureza daquele tempo, a população crescendo desenfreada e a necessidade de aumentar a produção e reduzir custos dos fabricantes para obterem mais lucros foi a combinação perfeita para inventarem o PET. É um polímero composto de umas substâncias químicas tão estranhas que convencionaram a chamar de plástico, mais popular no conhecimento de todos. Vai que é um recipiente que pode causar mal à saúde ao longo do tempo através de resíduos... já pensou que confusão?  Experimente consultar o conceito de polímero no google (wikipedia) para ver que sinistro que é!

Isso aconteceu recentemente com o amianto que nos matou a sede durante dezenas de anos através das caixas d’água até descobrirem que o produto é cancerígeno. Já haviam inventado o PVC, outro polímero. Mas, deixemos pra lá se ele também vai nos causar algum mal à saúde a longo prazo? Só vamos saber daqui a muitos anos e quando já tiverem a garantia que inventaram outro produto químico de menor custo e de maiores lucros.  Aí, sim vão condenar o PVC, tal qual aconteceu com o amianto e assim sucessivamente. Nós, enquanto seres ávidos pelo consumo estamos aqui pra que, além de cobaias dos lucros alheios, não é mesmo?

E o PET, quem diria? Diminuiu o preço dos refrigerantes e reduziu sua durabilidade, pois se não tomarmos tudo logo, ele se perde rapidamente. Com isso, passamos a tomar muito mais, ficando mais gordos e diabéticos, inclusive as crianças, tão sedentárias atualmente.

Assoreador de rios, lagos e mares, entupidor de esgotos, causador de enchentes, de vilão da ecologia agora virou matéria prima de quase tudo. Faz-se casa de pet, argamassa de pet, chinelo, calça, telha, sofá, embarcação, artesanato, brinquedos... Pelo menos isso!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

VIAGENS E DELÍRIOS




Você já imaginou combinar uma dose de erudição com um jogo de cintura tipicamente brasileiro? Mais ainda, tipicamente carioca? Ler a obra de Jorge Luis é trafegar por estes férteis e prazerosos caminhos. Férteis pelo profundo assentamento histórico sociológico e psicológico do perfil das histórias e personagens. E prazerosos pela relaxante e bem humorada harmonia que ele consegue fazer do sério com do irônico. A impressão que se tem é que a realidade é historiografada, mas quase sempre é uma ficção, pois ele usa como poucos este recurso literário que deixa a imaginação (ou a pesquisa) do leitor determinar os limites entre o ficcional e o caso verídico.  Tanto na prosa como na poesia, pois é assim a divisão do seu  VIAGENS E DELÍRIOS. Metade composta de pequenos contos e a outra metade de poesia cristalina e leve como uma água que tem sabor quando é pura e estamos sedentos.

Livro: VIAGENS E DELÍRIOS
Autor: Jorge Luis da Silva Alves
Sobre o autor:blog Gato Vadio

DOR DE COTOVELO

Eu tinha feito um poeminha sobre a dor de cotovelo há um tempo a acho até que já havia publicado. Mas como agora encontrei umas versões bastante interessantes para a origem desse termo, trouxe de volta com a devida fonte de onde fiz a pesquisa. A seguir o poeminha e depois a matéria do site brasilescola.


VERSINHOS DA DOR DE COTOVELO

Expressão maior de maldade,
Vou lhe dizer a verdade
É quando um amor tão querido
Se faz de bandido
Nos deixando apenas a queixa
Dá saudade como efeito
E uma dor que não deixa
Parar de arder o peito.
                                                Cacá – abril/10

imagem google
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A MATÉRIA DA REVISTA BRASIL ESCOLA

Ao revisitarmos a história do samba, vemos que grandes nomes que fizeram parte da trajetória do gênero compuseram letras em que o amor era tematizado. Em geral, as relações amorosas eram pintadas por uma frustração ou infortúnio que impedia a consumação de uma relação bem sucedida. De acordo com alguns biógrafos do samba, a tal desilusão amorosa cantada, muitas vezes, se apresentava como uma extensão das decepções experimentadas na própria vida do compositor.

Lupicínio Rodrigues, famoso compositor gaúcho, foi um dos mais reconhecidos autores desse tipo de letra melancólica. Em muitas delas, dizia que o bar era o lugar ideal para curar os descaminhos da vida afetiva. Na canção “Taberna”, por exemplo, ele constrói um curioso eu-lírico que passou o dia inteiro no bar observando o movimento da freguesia e esquecendo a ingratidão dirigida à amada entre cada um dos tragos ingeridos.

Apesar de não ser possível apontá-lo como o autor da expressão, foi Lupicínio que cumpriu a função estética de popularizar a lendária “dor de cotovelo”. A alegoria que dá sentido ao termo faz justa alusão a quem encosta-se ao balcão de um bar para esquecer o amor perdido e se embriagar. Seguindo a explicação, de tanto ficar recostado no balcão, em completa inapetência, aquele que já sofre por amor acaba “contraindo” uma terrível dor de cotovelo.

Sendo amante de várias mulheres e, por isso, vivendo muitas desilusões no campo sentimental, Lupicínio chegou a desenvolver uma teoria sobre a dor de cotovelo. A dor de cotovelo federal era aquela que só poderia ser curada com embriaguez total. Já a dor de cotovelo estadual era suportável e com o passar do tempo tudo se ajeitava. Por fim, havia a modalidade municipal da dor de cotovelo, que não poderia nem mesmo servir de inspiração para um samba.


Por Rainer Sousa

Graduado em História
Equipe Brasil Escola

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

DATAS CRÔNICAS

Resolvi começar algumas de minhas crônicas temporais com Um dia ou Outro dia. Era uma vez fica meio fabuloso.  Esse é o melhor meio termo que encontrei entre transformá-las em uma possível fonte historiográfica sem a menor credibilidade ou em fábulas sem final feliz nem moral da história. Tomei esta decisão depois de constatar que alguns textos bíblicos começam por “Naquele tempo” e isso não prejudicou em nada a notoriedade nem a credibilidade da bíblia. Não que eu esteja querendo estabelecer alguma disputa, longe disso. Mas é que a crônica ficará sempre atualizada. Tática de marketing literário apenas.

E que o meu antigo mestre Vidigal não me leia, pois serei excomungado como herege dos cânones da historiografia. A propedêutica do cônego Vidigal era uma heresia contra a hermenêutica do próprio cônego Vidigal. Afinal ele estava ensinando para futuros historiadores e não para seminaristas, dou esse desconto. Ele foi meu professor da disciplina de Introdução aos Estudos Históricos, a primeira, a matéria-mãe do curso de história de qualquer universidade. A precisão das datas para ele era a mais fidedigna e indiscutível certidão de verdade de um documento. Mesmo sendo um padre que se formou entre a bíblia e outros pergaminhos apócrifos. Então tenho a salvaguarda da teologia. E uma crônica prescinde do rigor de um documento que vai passar para a posteridade a fim de provar algum fato. A maioria, com o tempo acaba se enquadrando na categoria de causos do cotidiano.

Aos teólogos, peço clemência, pois isso aqui é uma crônica sem nenhum fim de blasfêmia. Não há mais fogueiras  mas a danação eterna ainda circula no imaginário da religiosidade coletiva. Já, já, começam a dizer que eu estou duvidando de Deus, da bíblia e outras baboseiras radicais.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

VIROSES

imagem:doctorvitor.blogspot.com     

Tem uns surtos de vez em quando que não chegam a se transformar em epidemias mas levam muita gente aos hospitais. Alguns vírus ou bactérias desgarradas do controle da saúde pública que afetam muita gente. Vão todos correndo para os atendimentos de emergência e na emergência de atender a todos ou por falta de maiores cuidados com uma pesquisa mais apurada, alguns médicos costumam diagnosticar virose. Um diagnóstico tão cheio na resposta e vazio de significados que a gente até assurta. Assurtar é assustar e surtar ao mesmo tempo.

O que é uma virose? Nada demais. Algum grupo de vírus subversivos que resolvem sair de sua redoma ali das bandas da sala de anticorpos, seu  lugar determinado e dar uma volta pelo corpo da pessoa, causando-lhe desconfortos de toda espécie, a ponto de minar as resistências. Vão e voltam depois para o seu devido lugar sem precisar medicação nem nada. Basta repouso. Vai ver que é esse o motivo da rebelião interna. Reivindicam que aquele corpo que os pertence se aquiete. Uma forma de fazer reféns crianças agitadas e gente que trabalha muito ou abusa do esforço físico ou mental. Isso tudo que eu disse é levando-se em conta o diagnóstico que foi dado.

Nesse meio aparecem pessoas com os mesmos sintomas, porém com problemas muito diferentes, muitas vezes sérios que acabam sendo enquadrados na tal da virose. Daí a pouco se vê uma reportagem na imprensa de algum parente lamentando a morte. E na mesma matéria, ouvindo o outro lado da tragédia, a velha desculpa de que “todos os procedimentos necessários foram feitos.” “Talvez o problema tenha se agravado depois que a pessoa deixou o hospital ou posto de saúde.” Então a gente chega a conclusão que o problema estava lá no posto de saúde ou clínica ou hospital que não diagnosticou corretamente. Tarde demais ou umas vidas de menos.

E não é que com a tecnologia moderna tem muita coisa mal explicada também? Virose então, nem se fala! Pela segunda vez me ocorreu de meus textos no word apagarem sozinhos e o diagnóstico é virose. Por módicos 80,00 a gente manda formatar o computador, apaga-se tudo o que  está nele (salvando-se o essencial antes) e depois reinstalando-se tudo de novo. Mas e quando se faz isso e o problema volta sem que você tenha acessado qualquer coisa que possa conter um vírus? Aí, a gente mesmo diagnostica o que o fabricante e quase ninguém das assistências técnicas admite: defeito no programa da Microsoft. Igualzinho lá no hospital. Esses são os casos onde o cliente nunca tem razão por ignorância nos assuntos. O cliente é que não sabe mexer, o paciente é não sabe se cuidar. Como ficou muito fácil diagnosticar vírus, vamos gastando de vez quando 80 reais e começando novamente. Ainda bem que esses vírus pelo menos não matam (ainda).

domingo, 17 de outubro de 2010

POEMINHA TOSTADO

Cozinhando e pensando

Vou lembrando de escrever

Deixo a panela. Lavo as mãos

Sento. Esqueço

A comida vai queimando

E vou perdendo a batalha

Do fogão e da palavra.

sábado, 16 de outubro de 2010

LAMENTO

Ora canção triste de minha boca
ora lamento opaco de tinta de minha pena.
Não sai palavra que não seja
alívio de alguma dor sem ensejo
dessas que invadem o peito
e não acatam  a voz
e não alcançam ouvintes.
E assim vou seguindo
também indiferente 
à dor que me rouba o encanto
Na paz que o silêncio me concede.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O CÔNCAVO E O CONVEXO

Quinta das Conchas-google

“Se queres escrever para o mundo, então canta a tua aldeia.” ”Se queres ser universal, então começa por pintar a tua aldeia.” Estas e mais algumas versões livres foram adaptações de um pensamento de Tolstoi, um escritor muito além de seu tempo. A pessoa começa a se tornar imortal por esse caminho. Não estou dizendo somente se tornar imortal falando de sua aldeia, mas de ser à frente do seu tempo também. Muitas elaborações mentais levam seus produtores a serem chamados de visionários. São na verdade, pessoas que olham com olhos de lince o que as pessoas à sua volta costumam olhar com viseira. Como desvirtuam do senso comum, acabam sendo proscritos, marginalizados pelo ridículo da ousadia ou, dependendo da cultura onde vivem, sendo ungidos pelos óleos da reverência subserviente ou da bajulação. No entanto não deixam de ser especiais, senão creio que a humanidade não caminhava. Não haveria contraponto de idéias, um pensamento único se estabeleceria e seríamos uma civilização de um só rei. Ainda bem que divergimos em muitas coisas e com isso conseguimos ter vários reis. A democracia possibilitou-nos até escolher a qual ou a quais queremos nos submeter. E assim vamos lutando para justificar nossas vidas com bastante autonomia nas nossas desculpas esfarrapadas.

Como não escapo duma idolatria, pelo menos vou escolhendo o melhor possível os meus gurus. Os da insistência comercial da mídia não me atraem nem um pouquinho. Prefiro aqueles dos contra-sensos e por isso, obrigado, Tostoi, pois eu tenho aqueles momentos de querer ficar metido a escrever umas coisas mais complexas, “me achando”, pensando que tudo aquilo que é trivial e corriqueiro já foi dito e acabo quebrando é a cara.

Se eu quiser falar de Deus, oh, meu Deus, quanta incompreensão intolerante tem sido dito em sua pretensa defesa! Falar de amor? Complexo demais, e já aprendi com o Drummond que “amar o perdido, deixa confundido este coração e que as coisas findas, muito mais que lindas essas é que ficarão”. Falar do nosso lugar no universo, já se fala especulativamente por demais, criam-se hipóteses e teses e, a despeito de toda a caminhada a passos largos da ciência, com todo respeito, fico com a definição dos poetas: Evo!

Primeiramente porque eu não tô com essa bola toda de querer complexificar a vida e em segundo lugar, é do comezinho, é do cotidiano, da observação apurada e da vivência trágica ou serena que brotam os mais interessantes conhecimentos e prazeres.

Falar das coisas simples, eis a grande sacada. Então  junto o convexo  com o côncavo no sentido de concha e me conforto na literatura mais simples que eu conseguir.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O AUXÍLIO LUXUOSO

Estava por aí entre crônicas e poemas, Recanto e blogs sorvendo ora cheiros de flores distribuídas aos montes em saudação à primavera, ora perscrutando corações apaixonados uns, desiludidos outros em tanta poesia romântica, e lendo textos de prosa de variada cepa, gama, alfa (e beto) inteiro, quando me vi envolvido com uma reflexão da nossa grande Zélia Maria Freire. Eu sei gostar daquele espaço, viu gente! Cada dia uma tema filosófico da mais alta relevância e substância para ajudar a preencher o nosso vazio existencial, o que não encontramos muito facilmente nessa vida cheia de confusão aventuras e muito pouca satisfação para fincarmos no peito como permanentes. O dia a dia é isso que se vê, que se faz por obrigação, a contra gosto muitas vezes e fica a sensação de sempre estar faltando mais alguma coisinha. No meu caso, a literatura tem conseguido ocupar esse vão com uma competência que até agradeço a Deus, de tão alegre e contente que fico. Mas vamos entrar no assunto senão vocês nem chegam ao final da leitura. Vira divagação sem substância que nem pão sem manteiga.

Já começo citando. Ela falava na crônica (Contrariando o Pai de Nero) sobre as citações que a gente costuma a fazer de outros autores. Sêneca seria contrário. Segundo o texto, ele afirmava que o saber divulgado através de citações seria próprio dos incompetentes. Lembrei-me de Schopenhauer. Nessa direção, ele afirmava que ler demais atrapalhava a produção de idéias próprias*.  Acho que, no caso era um recado aos seus detratores da época, pois no contexto onde afirmou, ele fala mal pra caramba dos literatos e filósofos contemporâneos seus. Isso eu é que depreendi lendo todo o livro.

Se você pegar um trabalho científico, uma tese ou uma dissertação, dificilmente vai se ver livre das intermináveis citações de outros autores que contribuem para uma homogeneização daquele pensamento que está sendo proposto ali. Ou também pode ser que os outros autores citados contribuam para a heterogeneização das ideias, se tiverem sido usados para contestar tal ou qual verdade ou assertiva. Vale dizer, então que os pensamentos se entrelaçam. Isso não se dá apenas em trabalhos científicos. Não ocorre também na literatura, na música e na poesia? Quantas vezes a gente se identifica com um texto em prosa ou verso e pensa assim: “por que eu não escrevi isso antes?” A formação do nosso pensamento se dá pelo nosso próprio pensamento (graças a Deus, isso acontece pouco, mas acontece) e com a contribuição mais diversificada que o nosso livre arbítrio e senso apontam ao tomarmos conhecimentos do texto alheio. Tomar conhecimento, porém não pode significar copiar, colar, nem mascarar, alterando uma coisinha aqui, outra ali e vendendo um peixe que não pescamos. Não estou falando de plagio e trapaça, isso é outro papo (muito ruim, por sinal).

Não vejo nenhum problema na utilização de outros autores: é um “auxílio luxuoso” às nossas idéias próprias e não lhes tira a originalidade , aliás, deixe-me citar aqui o grande Luiz Melodia, que auxílio luxuoso é daquela música dele, “lava roupa todo dia, que agonia...”

Zélia, minha doce amiga, o Sêneca creio ter falado isso porque na época dele muito pouca gente sabia ler, e os que sabiam deviam ser preguiçosos para escrever. Quanto ao Schopenhauer, se ele afirmou que quem lê muito não cria as próprias ideias eu gostaria de perguntar a ele (uma pena que não vai mais poder me responder) por que então ele escreveu tanta obra, quase vinte livros?  Não atrapalharia a gente?

* A arte de Escrever – A. Schopenhauer

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O LEITE DAS CRIANÇAS

imagem: mulher sexogragil.com(google)

A minha filha mais velha nasceu através da superação. Aos oito meses e pesando apenas 1kg,250g, tinha em seu código genético um gene chamado superação. O que ela passou de lá para cá confirma minha hipótese de geneticista amador e pai coruja. As outras superações eu conto numa outra oportunidade, talvez em livro, pois dá muitas páginas. Lá no início ela precisou ficar 35 dias internada dentro de uma incubadora tomando apenas leite materno vindo de doações dessas mães que a gente até perde adjetivos para acomodar a sua inaudita bondade.

A mãe dela, até que tinha bastante leite, mas a menina era tão frágil que não tinha forças para fazer sucção. Ficava numa canseira de dar dó. Então tinha que retirar o leite e colocar numa chuquinha com o furo do bico aumentado a fim de sair maior quantidade. E a mãe tinha que amamentar outras crianças porque a produção não parava e o leite podia empedrar.

Por outro lado, o hospital recolhia doações e a gente mesmo é que buscava nas casas onde tinha mães recentes na cidade de Itabira. Isso foi em 1986. Eu trabalhava em outra cidade e ajudava aos finais de semana. A Dona Tereza, um anjo que se casou com meu pai depois de sua viuvez e a própria mãe dela faziam o trabalho durante a semana.

Foram 35 mães de leite que a minha filha teve. Até que completasse 2 quilos, peso mínimo que os médicos admitiam para liberar a criança para ir para casa e sobreviver sem precisar ser monitorada. Era uma espécie de provação. O acompanhamento era diário. Dias em que ganhava 50 gramas, 90 gramas, dias em que perdias alguns gramas. Um torneio de sobrevivência.

Valeu a pena, êh,êh! Valeu a pena...

ilhadigitalseliga.blogspot.com

Marilda era uma mãe de um menino da mesma idade de minha filha e doava leite para ela. O seu menino perto da minha menina parecia um gigante com seus mais de 4 quilos. Também pudera, a mulher era uma fabricante natural de primeira grandeza. De toda a alegria que me contagiava quando saía buscando os vidrinhos de leite pela casas, na da Marilda era para mim uma festa. Todas as outras foram cruciais, reconheço e agradeço infinitamente. Mas Ela enchia, em menos de meia hora um vidrão de meio litro, sem precisar daquelas bombinhas de sucção dos seios, só nas massagens. Isso, logo depois de seu filho ter terminado a sua mamada. E ainda dizia. “Se você quiser voltar aqui mais tarde, eu posso tirar mais”, com o sorriso mais honesto a satisfeito que faz parte da reserva emocional de uma mãe de duplo amor.

A notícia (leia AQUI) que eu li sobre uma mãe que bateu recorde de doação de leite em São Paulo (100 litros de leite materno por mês) não me espanta e com todo respeito e veneração que passo a nutrir pela Gildilene, a protagonista do feito, digo que a Marilda não foi incluída nas estatísticas. Também não se trata de uma injustiça. Taí a minha filha fortíssima e saudável para atestar que a Marilda era mãe de uns 200 litros de leite por mês sem fazer muito esforço.

Numa sociedade onde a competição por futilidades de bundas, peitos e máscaras ganha tanta notoriedade na mídia, até que seria bom se fosse estimulada essa de quem faz mais para salvar vidas.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

MINHA FÉ


Da fé sou tributário.
Há um Deus que não se explica
nos livros dos homens.
Não sou um conjunto, apenas
parte de um elemento que, se não é divino
busca para além da ciência
o que ela por si não elucida.
Cria hipóteses
se assombra com testes
resultando em tão mágico feito,
que lança nova partida a cada chegada.
As religiões de que serviram à humanidade?
Não aproximou os homens,
Do contrário:
os põe em posição de defesa e ataque,
com garras feitas de versículos.
Sou aprisionado em mim se escolho uma criação feita de um toque celeste
não consigo ser libertado nem libertário se nego todo esplendor que a natureza
por osmose  não consegue fazer sozinha.
Nesse dilema, Deus é  meu pensar e agir.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

BYE, BYE, TRISTEZA

Que todos os tédios do mundo caibam tão somente na poesia, que é seu melhor abrigo.

TÉDIO

imagem google                      




Onde tudo é previsibilidade, o enfado faz morada rapidinho.

domingo, 10 de outubro de 2010

FRAGMENTOS

imagens google



Juntando pedaços
Faço uma soma, afinal
sou um múltiplo incomum.
Subtraído de tantas coisas
de tantos passos vacilantes

Sem rumo, sem firmeza
Fui ao rés do chão
E fui deixando acumular os cacos
O cálculo da vida foi que exigiu por si mesmo
Por mim era para dar uma peça inteira
ao fim de tantas jornadas, de tantas mazelas.

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