segunda-feira, 25 de junho de 2012

GOD SAVE THE EURO


Numa reunião entre uns vinte estavam presentes irresponsáveis, aventureiros, descontrolados, sobreviventes e também os desprovidos de recursos. Eles tinham uma única coisa em comum na pauta: eram todos pobres. Cada um dando seu jeito de, primeiramente, justificar a pobreza. Uns transferindo a culpa para os ricos, “aqueles egoístas”. Outros se lamuriando de que não conseguiam vender nada para quem tinha dinheiro, pois sempre queriam pagar menos do que o que seu produto valia. Havia os megalomaníacos, que diziam ser  seu endividamento causado por “aquelas grandes obras”, mas que ainda haveriam de dar um bom retorno algum dia. O objetivo era encontrar uma saída em conjunto e honrosa para a situação, seja ajudando-se uns aos outros, seja traçando metas comuns de agir. Esbarravam sempre nas resistências dos ricos em ajudar com empréstimos ou perdão das dívidas. Não houve nenhum acordo até que apareceu o Sr. Fundão, aquele que dizia ter uma procuração dos mais ricos do mundo para ajudar aos pobres a se manterem de pé. Chegou, olhou aquela bagunça de papeis amassados pelo chão, copinhos que descartavam por todos os lados, muita fumaceira de cigarro e já foi dando logo um aviso. “Primeiro, arrumem a casa, depois eu volto.” Voltou e já com tudo em seus devidos lugares impôs condições duríssimas para  fornecer ajuda. Ela viria em primeiro lugar com consultorias e com determinações rígidas em como gerir os poucos recursos (de preferência fazendo aquela famosa realocação, tirando de um lugar para colocar em outro mais carente). Por exemplo, falou para um homem mal arrumado à beça: você pode, em vez de usar esse terno caríssimo, um mais baratinho e , em compensação, comprar um sapato mais apresentável do que esse. Em vez de ostentar esse relógio de ouro (foi lá no braço conferir se era mesmo um rolex legítimo), pode usar daqueles que vem com um monte de pulseiras coloridas para variar e todos pensarem que é relógio novo. Depois disso tudo, aí, sim, nós emprestamos dinheiro novo ou perdoamos parte dos juros de quem cumprir tudinho à risca. Meio ensaiando alguns protestos, a reunião foi encerrada e o acordo assinado para os próximos seis meses (com acompanhamento quinzenal por uma equipe de metas do Sr Fundão). 

Num outro lugar não muito distante em outra ocasião não muito distante, estavam reunidos uns outros vinte com dificuldades financeiras - que eles preferem chamar de desajustes pontuais. Tinha lá até representante real, reinos unidos, parlamentos inteiros, gente graúda mesmo, dona de mais da metade da riqueza que circula pelo mundo afora. Tinha também irresponsáveis, megalomaníacos, descontrolados e aventureiros. Mas o comum entre eles é que eram todos ricos, muito ricos. Nunguém queria justificar nada, achando que não deviam dar satisfações do que fizeram com seu dinheiro. Sequer admitiam alguns de possuírem dívidas. Veio o Sr. Fundão dar palpite e quase é enxotado da reunião. Onde já se viu vir querer falar para os ricos que deve-se gastar assim e não assado? E ainda por cima, o Sr fundão era o próprio procurador deles mesmo. Quanta petulância!

Resolveriam eles mesmos e a seu modo como sempre foi depois que ficaram ricos. Antes até aceitavam ajuda de um certo Tio Sam. Mas ele agora também estava em sérias dificuldades.

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O Fundo Monetário Internacional (FMI, aqui chamado de Sr Fundão) já mandou e desmandou no mundo chamado subdesenvolvido, agindo acintosamente com as economias pequenas e países pobres. Os Estados Unidos sempre controlaram-no junto com os europeus. Os EUA hoje estão “sem bala na agulha” como se diz no jargão das finanças quando alguém está sem dinheiro. Os europeus estão  tentando a todo custa salvar o Euro (sua moeda única). França e Alemanha lideram as tentativas de entendimento sob a resistência da Inglaterra( e todo o Reino Unido). Afinal eles já foram um império mas perderam o trono e  boa parte das jóias da coroa. Não estarei aqui para presenciar o desfecho mas isso não vai terminar bem. Nem EUA nem Europa. Na história os grandes impérios nunca caíram em situação de paz.

domingo, 17 de junho de 2012

ELAS NÃO VIRÃO PARA O NATAL


Eu não sei o que será da cadeia alimentar daqui a uns anos. Suspeito que se tornará um caso de cadeia, sem trocadilhos, por favor. Ficar sem um bichinho de estimação hoje em dia está virando coisa de desalmado. Quem não gosta de cães e gatos está dando um jeitinho e se apegando a hamsters, coelhos, cobras e lagartos. E até porquinhos estão entrando na lista dos animais domésticos, desde que os desacostumemos de chafurdar na lama, afinal não dá para entrar dentro de casa respingando aquele sujeirada toda. Isso não é tanto problema nas cidades, cuja lama asfáltica, entulhada de lixo das enchentes não é do agrado dos suínos. Se bem que para quem quiser um mas mora em apartamento terá o consolo dele estar sempre limpinho; eu já vi vários casos no Animal Planet.

Arquivo pessoal
Soube através de uma pesquisa do International Porcaria Institute que os suínos são até cinco vezes mais inteligentes do que os cães. Segundo explicaram, por exemplo, você adquire um porquinho,  batiza-o e da segunda vez que lhe chama pelo nome, ele já sabe que trata-se dele mesmo. O mesmo não aconteceria com os cachorros, que demoram mais a aprender o seu nome de batismo. Eu quase pude comprovar isso outro dia. Minha sobrinha arranjou um filhote de labrador e colocou-lhe o singelo nome de James Boris. Não sei se foi por causa do nome duplo e as pessoas a cada hora o chamavam apenas por um deles ou se é mesmo a confirmação da pesquisa dos suinólogos. O fato é que o bichinho não atendia  a James nem a Boris, a não ser se o chamado viesse acompanhado de alguma coisa para ele comer.
Arquivo pessoal

No sítio as meninas foram fotografar Genoveva, a porca que meu irmão está criando para o natal e quando elas souberam disso, já avisaram que não vão de jeito nenhum. (elas gostam de carne de porco mas acredito que não sabiam que tinha-se que matar o bicho para comer , sei lá). Acho que se ela fosse menorzinha, uma delas iria querer levar para casa como bicho de estimação.

Eu sou chegado num lombo e num pernil, mas cá pra nós: não é uma gracinha?

quarta-feira, 13 de junho de 2012

REVOLUÇÃO AMBIENTAL


Os jovens de ontem, hoje e amanhã em breve vão ter que começar a falar em revolução novamente. Já houve gerações que falaram em revolução de costumes e a fizeram. Já houve gerações que fizeram revoluções por causa da exploração capitalista extrema e por uma divisão melhor das riquezas. Deu muito problema, mas as revoluções foram feitas assim mesmo. Muito em breve estou vendo que não restará outra saída a não ser defender o que restar de ecossistema e biodiversidade através de uma revolução mundial. Mesmo porque, vai ser uma questão de sobrevivência da humanidade. Os apelos de preservação e as campanhas de educação ambiental não parecem estar funcionando, a não ser em “ilhas de exceção”.

Em 1992, foi realizada a ECO 92(ou Rio 92), encontro mundial para discutir a famigerada sustentabilidade para o desenvolvimento econômico mundial. Ali foi criada uma relação de metas para tentar salvar o planeta da destruição, a Agenda 21. Dez anos depois, foram fazer uma conferência do cumprimento das metas em Johanesburgo, em 2002, que se chamou Rio + 10 e descobriram que , ao contrário do que se esperava, as condições socioambientais pioraram. Agora, estamos aí com a Rio + 20... 

Será que vai dar tempo de termos Rio   +30,   +40,    +50?

quinta-feira, 7 de junho de 2012

LER NÃO CAUSA L.E.R.* - POESIA


PARA LER POESIA

Esfolando palavra
engolindo fonema
apressando compasso
quebrando harmonia
não leias assim um poema
não insultes a poesia

não forces tua natureza
preenchas a alma vazia
abandona a dureza
desveste  a armadura
recupera tua pureza
então, recomeça a leitura

 

Remédio ( Prendas Poéticas)

Não vos obrigueis aos versos
tampouco deveis escrever por empreitada
para não acontecer de vos escravizardes
pela palavra e ela vos dominar
deveis, ao contrário, cavalgá-las
docemente, sem freio, esporas, arreio, em pêlo

Se iniciais vossas prendas poéticas
deixai escrever toda palavra, todo verso
todo poema, toda prosa
deixai assim sair como colostro
antes do leite mais puro
Os primeiros serão, quase sempre, desabafo e desatino
Quanto mais escreverdes tanto mais primor.
Talento é luxo das virtudes.
Não espereis condecorações
nem prêmios ou méritos
o mundo é infame
leitores escassos

Evitai o escárnio, deletério, ultraje,
bajulação, incensação, arrogância
poderíeis atrair apatia, adoecer almas

contudo, nada vos é defeso
apófases, catáfases, antônimos
e tudo mais que for expressão vossa

Não declineis, nunca, à ignorância
podendo, doai livros, emprestai dicionários
jogai uma corda
a palavra acolhe
a palavra cura
a palavra salva


Paulo Adão (in memorian)
Poesia Doida de Ser
Minha homenagem ao meu irmão
1959/07/06/2011


* LER - Lesão por Esforço Repetitivo






Desejo a todos um excelente final de semana. PAZ E BEM.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

ENCORPADO COM RECHEIO MOLE

O título dessa crônica, iniciada há mais de um mês, era O Gordo. Eu adiei a publicação na expectativa de emagrecer e me poupar de assumir certas fraquezas. Mas não foi esse o motivo da mudança de título. É que apareceu uma reportagem daquelas extremas desse eufemismo para deixar tudo como está desde que falemos de forma diferente, chamado “politicamente correto”. Os parlamentares ingleses simplesmente estão propondo a eliminação do vocabulário através de lei, o uso das palavras gordo e obeso. É mole? É, mas pesado demais!
Incômodo assunto esse de obesidade. Eu não me acho gordo (quando estou sozinho é bom que se diga). Olhando no espelho daqui de casa só consigo observar algum sinal disso quando abaixo o queixo em direção ao peito e vejo formar-se uma papada no meu pescoço. Dizem os especialistas que isso é sintoma de sobrepeso. Há duas balanças públicas aqui perto de casa onde gosto de me pesar de vez em quando e sempre há 2 kg de diferença de uma para outra. Ponto para mim, que posso desacreditar ambas. Agora, quando estou em um lugar de muitas gente e alguns espelhos, aí a coisa fica cheia feia pro meu lado. No elevador de um hospital há pouco tempo, (daqueles que cabem 15 pessoas de uma vez e tem um espelhão  ao fundo, deu para notar que estou mesmo cheio). Mas como tinha mais gente reclamando, acusei o espelho de  deformador de corpos e saíram todos rindo satisfeitos. A única constatação que ainda não consegui transferir culpa foi para a chuva. Eu saí numa chuva normal, sem ventania e notei que ao chegar à padaria meus ombros estavam molhados e aí pude constatar que o meu velho guarda chuva já não consegue me cobrir toda a carcaça. E o teste mais eficiente do que qualquer balança que já fiz e nunca deixo de observar nos outros homens é o seguinte: ao calçar uma meia, se a perna se dobra no sentido longitudinal em direção ao queixo, sinal de que a barriga diminuiu e o peso, idem. Já quem dobra a perna na transversal para calçar  é gordo. Batata!


Que saber sobre o proposta dos políticos ingleses? leia aqui

sexta-feira, 1 de junho de 2012

COISAS DE MINEIROS

A IMAGEM TRADUZ O DIALETO
Já que não houve vítimas, dá para fazer piada de coisas que às vezes só os mineiros entendem:
Uma senhora, vizinha do aeroporto, quando entrevistada sobre o que viu do acidente, disse que acordou com um “trem” fazendo “zueirão “ danado e ao chegar à janela de casa o avião já tinha “despinguelado na pirambeira”.

FONTE: Jornal Hoje em Dia, 27/05/12
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