terça-feira, 29 de novembro de 2011

REDAÇÃO - A AÇÃO DO PODER PÚBLICO


Meu pai me falou que quando ocorre um desastre natural ou uma tragédia por causa de alguma coisa mal feita pelo homem, o poder público toma providências (ele me explicou mais ou menos esse negócio de executivo, legislativo e judiciário). Primeiro vai lá o prefeito, governador ou presidente para ver a área atingida, de preferência de helicóptero para não sujar a roupa, os sapatos, nem ficar muito em contato com gente chorona, desesperada e xinguenta. Depois, eles vão para a televisão com uma cara quase de choro e dizem que a assistência virá o mais rápido possível, que vão liberar verbas, as pessoas que perderam suas coisas vão poder usar o seu Fundo de Garantia, etc. (fiquei curioso para saber o que tinha nesse “etc”). Feito isso, a TV faz até programas específicos para aumentar a audiência (quer dizer, para aumentar a emoção das pessoas).

Daí começa o calvário das vítimas. Eu falei:
- Pai, mas o calvário já não começou quando aconteceu a tragédia?
- É mesmo, ele respondeu - tinha me esquecido! (meu pai é um assessor público).

Começam então a ser feitos estudos e projetos para consertar e a ser feito o levantamento dos prejuízos individuais para o ressarcimento, atribuição de responsabilidades e remoção das pessoas para outros lugares. Isso leva uns seis meses mais ou menos. Então, é lançado o edital de licitação para construir, reconstruir ou consertar. Outros seis meses mais ou menos, se não houver vício questionável. (Vício de edital ele disse que é quando nas entrelinhas é fácil descobrir que foi feito para beneficiar algumas empresas acostumadas a tratar com a “coisa pública”). Eu não entendi bem esta parte e ele me respondeu que vícios são mesmo difíceis de se entender, mas um dia eu chegaria lá, sem me viciar em nada, se Deus quiser (sic).

 Mas aí eu perguntei ao meu pai: e se nesse tempo demorado acontecer outra tragédia? Bom, a resposta foi que, então, havendo morte principalmente, e se a coisa ganhar uma dimensão internacional através do noticiário, é feita uma obra de emergência, com dispensa de licitação e o preço da obra costuma ser muitas vezes superior ao que se gastaria em condições normais ou preventivas. Mas que isso é uma outra história, muito longa e ele ia me esperar crescer mais para eu entender sozinho ou então assumir um posto como o dele para ver que a coisa não é fácil.

OBS: Professora, eu não entendi direito as ações dos poderes da forma como a senhora explicou mas depois que me lembrei dessa conversa eu tive com o meu pai na época da enchente aqui na minha cidade, tentei encaixar dentro do assunto que foi pedido na redação.E espero que a senhora não demore a me socorrer.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

LER NÃO CAUSA L.E.R. - MAX MARTINS

“Devoro” um livro após o outro e, às vezes, mais de um ao mesmo tempo. Não consigo ficar muito tempo sem ter uma leitura nova em mãos. Por isso, não entendo como ler pode ser tão difícil e enfadonho para a maioria dos brasileiros.
Há dias tenho vontade de escrever sobre o assunto e ontem criei o termo de pesquisa “Incentivo à Leitura” no Google Alertas. Em seguida, recebi uma mensagem na caixa de entrada do GMail. Dentre elas, me chamou a atenção a seguinte matéria: “Quanto mais livros em casa, maior o nível de escolaridade do seu filho”.


Veja algumas informações e números da pesquisa:
1. Os pesquisadores ouviram mais de 70 mil pessoas;
2. Os dados foram levantados em 27 países. Entre eles: China, Rússia, França, Portugal, Chile e África do Sul;
3. Crescer num lar com até 500 livros aumenta em 33% a chance de completar o Ensino Fundamental e em 19% para se graduar na universidade;
4. Pessoas que cresceram sem nenhum livro em casa completam apenas 7 anos de estudo;
5. Com cerca de 12 livros em casa, 11 anos de escolaridade;
6. Apenas 3% de quem cresceu num lar sem livros conseguiu entrar na universidade.

Antecipando-me às gracinhas:

Sim. É preciso ler. Não adianta comprar cerca de 500 livros para enfeitar a estante, na esperança de entrar na universidade. O conhecimento não passa para nós por osmose…

Os números da pesquisa deixam claro que a leitura é fundamental para o crescimento individual e, por consequência, para a sociedade.

A importância e o prazer de ler
Deixando esses números de lado, falemos um pouco da leitura em si.


Ler é uma atividade que nos transporta para outros mundos, sejam imaginários ou não. Cada página que lemos nos enriquece, aumenta nossos saberes, amplia nossos horizontes. Poderia citar inúmeros fatores que me levam a ler, mas o principal é o prazer que sinto ao virar as páginas de um bom livro.
Me identifiquei com as palavras do professor Franz no post “Quer ver o bom de uma leitura?”, autor e editor do “Este blog é minha rua”.

”Mas você sabe o que é uma boa leitura? É uma leitura daquelas que desopilam o fígado, leitura que deixa a alma leve, lavada, enxaguada e posta a quarar no Sol da satisfação; que faz brilhar os olhos com o colírio da emoção e fica fazendo cócegas na nossa imaginação.”


”Mas, eu leio na internet. Isso não conta?”
Realmente, lemos a maior parte do tempo em que estamos navegando na web, mas estamos falando de livros. Na internet, por exemplo, os textos estão cada vez mais curtos. Por que? Porque o leitor tem pressa, tem mais páginas a visitar, mais fotos para ver, mais e-mails para conferir e, quem sabe, responder (se der tempo). Nos perdemos em meio a tantos links e novidades. Hoje em dia, tudo é pressa!


Como despertar o interesse pela Leitura
Normalmente, crianças adquirem os hábitos dos pais. Se ela nunca os vê lendo, provavelmente não virá a se interessar por livros. Ler para seu filho quando ainda é criança pode fazê-o associar a leitura a momentos de prazer e aconchego. Além disso, livros e revistas espalhados pela casa despertam a curiosidade e o interesse das crianças. A influência do meio é importante para a formação de um novo leitor.


Importante! Incentive a criança ou adolescente a ler sobre assuntos de seu interesse. A leitura deve ser vista como um prazer e não como obrigação. Parece que as escolas já estão aprendendo isso.

Para os professores, recomendo a leitura desses artigos no site da revista Nova Escola:
Literatura, muito prazer
Tudo sobre leitura


Outros links interessantes:
Blog e Leitura: sensibilidade à flor da pele (Aprendências – Maria do Rócio)
Brasileiro não gosta de ler? por Lya Luft (Quero morar em uma livraria – Lia)
Livros, Bienal e a relatividade do tempo(Limão em Limonada – Emanuelle Najjar)

Já ouvi e li diversas vezes que o livro é muito caro no Brasil. Concordo plenamente. Entretanto, para mim isso não serve como desculpa. Muitos dos livros que tive contato foram retirados na Biblioteca Pública da minha cidade. Pela singela quantia de R$ 5,00 fiz um cadastro e com a carteirinha podia retirar até 3 livros por semana. Não tem condições de comprar os livros, faça um cadastro. Fácil, né?


Dicas para manter o hábito de ler
Nas idas e vindas por blogs e sites sobre leitura, acabo descobrindo vários espaços muito bons sobre Literatura e o hábito de ler. Trago para vocês o link de um blog do qual gostei muito e que tem dicas excelentes. Estou falando do blog Livros e Afins, do Alessandro Martins (@alessandro_m). Confira os dois posts abaixo:
12 dicas que facilitam seu hábito de leitura
8 dicas para ler um livro com eficiência

No Livros e Afins você encontra mais textos sobre o assunto. Espero que gostem dos links indicados. Boa leitura!


Você tem o hábito de ler? Quer deixar suas dicas e sugestões? Fique à vontade para usar o espaço dos comentários.
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SOBRE O AUTOR:
Max Martins Autor e editor do blog CataBlogando Saberes. Gaúcho, formado em Educação Física.

CONHEÇA A SEÇÃO DO POSTURAL SEU BLOG CataBlogando Saberes onde ele fala sobre cuidados com a coluna, LER/DORT, Ginástica Laboral e afins. Eis o link:

sábado, 26 de novembro de 2011

ESTATÍSTICAS


imagem google

Gosto muito de estatísticas, apesar de ter um receio danado de fazer parte delas em determinadas situações. Por exemplo: minha morte seria apenas um traço na estatística populacional. E isso é a comprovação de que a minha vida também é. Portanto, prefiro entrar naquelas em que seja revelada alguma coisa boa que eu puder fazer para a humanidade. É a única chance que eu tenho de mudar meu traço na morte e, portanto e também, mudar a minha vida. Estatisticamente, aliás, um bem à humanidade não passa de um traço, seja que bem for esse. Já um mal costuma apresentar cifras elevadas dos “por cento”. Acho que o exemplo mais gritante para ilustrar isso seja o das guerras. Normalmente causadas por uma meia dúzia de pessoas alopradas, onipotentes, quiçá malucas (um traço na estatística), envolvem um grande percentual de humanos e matam um outro grande percentual de gente.
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A última estatística (que estarreceu uma pequena parcela de gente) foi a divulgação de dados de levantamento feito por um banco suíço de que 1% da população mundial controla 40% de toda a riqueza produzida no mundo*. Isto sim, é estatística para derrubar qualquer conceito decente de democracia capitalista Ela pode explicar talvez o motivo (pelo menos o maior de todos) das mazelas do mundo, já que somos movidos pelo dinheiro. E olhem que os suíços entendem muito de números, não só pela precisão dos relógios que os deixaram famosos como também por guardaram carinhosamente uma boa parcela do dinheiro dos ricos do mundo em seus bancos chamados de paraísos.
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Outra estatística ruim de se fazer parte é a da maioria do eleitorado. A história da nossa jovem, mas capenga democracia mostra que aqueles que venceram sempre corresponderam à maioria dos  votos que receberam mas não corresponderam à maioria dos desejos de quem os elegeu. Todos governaram e legislaram mais em causa própria e para quem os financiou as campanhas do que qualquer outra coisa. Um percentual baixíssimo de privilegiados e ricos. Basta voltar à estatística dos suíços para confirmarmos esta afirmativa.
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*  - 231 trilhões de dólares é a estimada riqueza existente no mundo
- Apenas 37 milhões de pessoas tem juntas 89 trilhões de dólares
- Sobram 142 trilhões para serem divididos por 6 bilhões e 900 milhões de pessoas
- Se parassem tudo agora como está e resolvessem dividir o bolo igualmente com o resto da população, sobrariam 21 mil dólares para cada um. O preço aproximado de um carro popular.

Fonte: Aqui

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

NEM CONTRA NEM A FAVOR, MUITO ANTES PELO CONTRÁRIO


O blog A favor & contra estava com uma enquete no mês passado sobre a cirurgia plástica. Eles fazem isso todos os meses, é muito legal. Lançam uma pergunta polêmica ou inquietante e deixam 30 dias no ar para manifestações sobre o tema. Já falaram sobre sedução, sobre o conformismo dos jovens, sobre a eutanásia, armas de fogo, enfim, coisas estimulantes para quem gosta de um bom debate. Quem quiser participar, inclusive, eu recomendo, é sempre muito divertido e/ou instrutivo. A pergunta que estava valendo para setembro/outubro era: “Cada vez se recorre mais a cirurgias plásticas com fins meramente estéticos. A favor ou contra?”

No dia 23 de setembro eu fui lá e me posicionei contra mas depois voltei, andei lendo os comentários e estou querendo seriamente rever minha postura. Senão eu acho que não estarei evoluindo junto com a comunidade internacional - e nacional também, pois , segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica o Brasil é o segundo país do mundo em cirurgias plásticas (mais de 600 mil por ano). O segundo em alimentos artificiais, o segundo em cabelos, peitos, bundas artificiais, roupas sintéticas e outros artifícios artificiais.

A estética enquanto concepção já é um artificialismo. É uma forma de ajustarmos as nossas imperfeições natas. E a beleza natural completa não existe enquanto unanimidade. O que é belo naturalmente para uns precisa de consertos e retoques para outros. Há até quem desmanche tudo e faça novamente de acordo com sua concepção de beleza. Ou também quem crie do nada, algo que imagina ser a tradução do belo.

A cirurgia plástica estética, que imagino ter sido inspirada na escultura não deixa de ser uma arte (acessível a muito poucos, é fato) a serviço dessa parcela narcísea humana e tem feito a felicidade de muita gente. Portanto, não sou a favor nem contra, muito antes pelo contrário.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Brasil, Um País de TODOS?

Diogo Dider é um jovem professor lá de Recife. Estudante e professor. E é bem jovem mesmo. Pela sua carinha na foto do blog, não deve ter mais do que vinte anos. Isso é muito bacana quando se trata de um estudante e professor ao mesmo tempo. Ensinar a aprender são para mim umas das melhores coisas da vida. Eu, inclusive,  aprendo muito com ele sempre. Seu blog trata de temas leves, profundos e polêmicos. Sempre com muita competência. Estou reproduzindo um artigo dele que participa de um trabalho de faculdade cuja tarefa é solicitar que amigos reproduzam um texto de seu blog sobre uma questão política e o faço com prazer. Quem quiser conhecer o blog a fazer o mesmo(ou seja, reproduzir também em seu blog), tenho certeza que ele ficará grato.

imagem : clique aqui
O Brasil é conhecido por sua grandiosidade territorial, suas belas praias e exuberante flora, sua musicalidade e suas sinuosas mulheres. Também é conhecido pela diversidade cultural, responsável pela formação de uma sociedade miscigenada, sejam em aspectos étnicos, sociais ou religiosos. De fato, a variedade de formas, cores, sons e credos fazem desse país um oásis no meio da América Latina, criando um rótulo de paraíso nos estrangeiros e um sentimento ufanista nos que aqui residem. No entanto, nesse conto de fadas à brasileira, nem todos têm a oportunidade de terem um final feliz, pois enquanto a economia nacional se multiplica a divisão dela continua restrita nas mãos de poucos.


Como se sabe, o Brasil está crescendo muito rapidamente se comparado aos seus vizinhos latinos. Mesmo com tal constatação, o aquecimento econômico não tem solucionado certos problemas que insistem em desmascarar o “progresso” pelo qual o país está passando. As possibilidades de mudanças sociais ampliaram, mas, a resolução de temas que afligem as pessoas mais carentes como educação, segurança e saúde pública de qualidade, moradia e saneamento básico são assuntos que continuam sem uma solução concisa. Na verdade, o que acontece por aqui é uma sucessão de paliativos que tentam encobrir uma sequência de erros que, infelizmente só atingem as camadas mais pobres da população.


Nessa vida de descaso e esquecimento, não é de se surpreender que a nação sofra com a brutal fúria da desigualdade social. Esta moléstia moderna acabou contribuindo para o surgimento e disseminação de outro problema muito maior e, ao mesmo tempo, muito longe de ser resolvido, à violência. Ela, na verdade, configura-se como o espelho de tudo o que ocorre com as pessoas esquecidas pelo poder público. É também o fenômeno social que se volta, inevitavelmente contra aqueles que contribuíram de alguma forma para a ampliação existente entre os grupos dos mais ricos e dos mais pobres. Ou seja, é um anarquismo transgênico, elaborado não em laboratórios, mas sim na raiva ensanguentada de um povo que não quer viver a revelia da vida. Em outras palavras, as pessoas não querem ser condicionadas a meros serviçais, matéria bruta da burguesia, mas ter as mesmas chances de transformar a sua própria condição de sujeito.


E, enquanto a nação cresce economicamente na visão internacional, com a moeda local valorizada, mais exportações de produtos e com a procura de novas empresas multinacionais interessadas em se instalarem por aqui, a diferença entre ricos e pobres também cresce proporcionalmente. Tudo isso porque quem detêm as rédeas do poder, ou as pessoas que guiam o leme das finanças nacionais, não consegue, ou não tem o menor interesse, de equilibrar a divisão do dinheiro que é introduzido no país com o esforço da coletividade. Disso resulta o desnivelamento que acomete apenas as camadas historicamente desfavorecidas de saúde, de segurança e, sobretudo educação.


Como um cidadão conseguirá entrar nesse rumo de transformação social, pelo qual a nossa economia está passando, se ele não tem as mínimas condições de concorrer a uma simples vaga de emprego, visto que os governantes não lhe deram a oportunidade de se preparar para tal? A resposta é simples, não conseguirá. Ele, como muitos outros, ficará estagnado na sociedade, exercendo alguma função maquinizada, ou seja, que não exija muita reflexão para ser executada. Isso, é claro, se ele não for fisgado antes pelo bicho da marginalidade, o qual dia após dia captura para o seu cativeiro pessoas com o sonho de mudar de vida e, depois de esquecidas pelos nossos governantes, acabaram frustradas, servindo de lenha para criminalidade.

Falar em um país de todos só seria devidamente coerente se a segurança pública estivesse quase que totalmente comprometida na proteção do povo e não fosse desviada para a cratera da corrupção, muitas vezes atraída pela cobiça de dinheiro fácil. Dizer que um país é de todos seria convincente se a saúde pública daqui fosse referência internacional, mas o que se vê são hospitais lotados, pessoas amontoadas em filas mendigando uma ficha para atendimento e profissionais mal remunerados, desestimulados, e quando não mal preparados para atender a desumana demanda dessas instituições.


Afirmar que um país é de todos seria verdadeiro se os serviços de saneamento básico e de água encanada chegassem a todas as residências desse Brasil, garantindo uma vida digna a cada pessoa que constitui essa nação. E proferir a falácia de que vivemos num país de todos é ignorar que a educação pública, tão importante para a construção, reflexão e transformação individual e coletiva da sociedade, está sendo posta de lado, paulatinamente falseada com dados mentirosos que tentam mascarar a verdadeira realidade do quadro de esquecimento e desrespeito da educação pública e, muitas vezes privada, nacional.


Por isso, é preciso que os governantes vistam a camisa, não com o título “Um país de todos”, mas sim “Um país para todos”. Para pobres e ricos, homens e mulheres, brancos e negros, jovens e idosos, héteros e gays, religiosos, deficientes, absolutamente para todos os que formam a pluralidade de vida existente nessa nação. Estamos cansados de sermos enganados com falsas promessas de mudanças que são lindas em discursos, mas na prática não são realizadas. O povo quer ação concreta, imediata. Quer ver a transformação acontecer por baixo, com aquele menino da favela sem perspectiva de futuro, com aquele homem que vive isolado pela seca do nordeste brasileiro, pelas mulheres que lavam suas roupas sujas no curso do rio São Francisco, pelos povos que vivem isolados nas longínquas terras amazônicas desse país. Ou seja, o povo quer, precisa, e tem o direito de ver as reais mudanças acontecerem agora.


Blog do Diogo: Ser Feliz é Ser Livre



segunda-feira, 21 de novembro de 2011

LER NÃO CAUSA L.E.R. * - QUADRINHOS

imagem : Geografia.uol.com.br

Em determinada época, as revistas em quadrinhos foram vistas como um grande perigo para a educação. Formou-se então um consenso errôneo de que elas alienavam as crianças e os adolescentes de tal modo que não apenas eles perderiam o interesse pelos estudos e pela leitura de livros, como seriam afetados psicologicamente pela malignidade expressa em tal tipo de leitura , resultando em grande prejuízo moral, e na deturpação irreversível da personalidade de gerações inteiras (!).

O preconceito contra as histórias em quadrinhos (HQs) veio de uma visão muito elitista da educação, segundo a qual somente a leitura de literatura impressa em formato de livro seria positiva e contribuiria para o desenvolvimento dos indivíduos. Daí, educadores, psicólogos e vários segmentos sociais, além dos pais, chegaram à conclusão de que as "más leituras" - os quadrinhos - seriam um obstáculo oposto às benesses das "boas leituras" - os livros.

Exageros à parte, essa visão, digamos, apocalíptica das histórias em quadrinhos, que se provou inteiramente equivocada, foi o estopim para uma perseguição feroz que não somente lesou partes importantes da conjuntura econômica e atingiu uma série de classes profissionais, como prejudicou justamente aqueles a quem alegava proteger, pois a eles foi negado o acesso livre a um tipo de leitura importante na sua formação socio-educativa.

A VALORIZAÇÃO DOS QUADRINHOS

Levou tempo para se compreender e se aceitar nos meios acadêmicos e educacionais que os quadrinhos exercem uma função exatamente contrária ao que alegavam os seus detratores: para os indivíduos ainda em formação, crianças e adolescentes, os quadrinhos se mostram uma porta de entrada para a literatura que eles vão consumir em futuras etapas de sua vida. Mais ainda, por serem quase irresistíveis e de comunicação extremamente fácil, desde que valorizados adequadamente, os quadrinhos são uma ferramenta importante para a educação, basta que os educadores e os pais saibam usá-los no trato com os mais jovens.

Não há assunto ou gênero que não seja aproveitado pelas HQs: história, ficção científica, aventura, romance. Por que, então, não aproveitar e oferecer as atraentes revistas em quadrinhos àqueles que começam a querer ler além do que há em seus livros didáticos? Em sala de aula, as HQs podem ser usadas para despertar o entusiasmo dos alunos pelo hábito da leitura, para fazer trabalhos coletivos e estimular discussões e interação social. Mais ainda: as HQs servem como um ponto de partida, de facílimo acesso, para a educação artística completa, porque as HQs, hoje, transcendem a mera definição de "arte sequencial" configurada para a apreciação estética - com a evolução tecnológica e a integração das mídias, os quadrinhos se definem como uma arte complexa, inteiramente integrada a outras formas de arte, como a alta literatura e o cinema.

Não são os quadrinhos, portanto, uma arte menos nobre, apenas porque é popular e acessível; não são, de forma alguma, nefastos para os educandos, como ainda podem pensar alguns - a lembrar que a própria internet, quando começou a se popularizar, foi vista com a mesma desconfiança que os quadrinhos há algumas décadas. Dizia-se que as pessoas mais jovens ficariam mal influenciadas por ela e que abandonariam as atividades que implicam o ler e o escrever. O que se vê é exatamente o avesso do que se preconizava - nunca os jovens escreveram tanto e leram e se informaram tanto como acontece hoje.




L.E.R. - Lesão Por  Esforço Repetitivo



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