quinta-feira, 30 de junho de 2011

TRAGÉDIA HUMANA DIÁRIA - SOCORRO!!!

Coisas que todo mundo já sabe: para ser um bom professor e um bom médico no sistema público há que se ter muito desprendimento, ser muito idealista, acreditar que é possível uma sociedade melhor, mesmo ganhando baixa remuneração, atuando em jornadas estafantes e dispondo de recursos precários.

Mais coisas que todo mundo sabe: o poder público destina verbas insuficientes para a saúde e educação, há muita prevaricação no uso destes recursos e peculato na administração. As leis não punem com o rigor necessário, os detentores de cargos públicos se sentem investidos de um poder que os alça à condição de pessoas acima do bem e do mal, chegando à prepotência e desprezo absoluto com o público. Há servidores que se apóiam na sua condição de intocáveis por conta da estabilidade no emprego, não se preocupam em se aprimorar profissionalmente e sequer se dão ao trabalho de ter boas maneiras e respeito com o público que lhes garante o sustento.

Quando se entrega um setor público nas mãos de particulares seja através de terceirização ou privatização, a sensação coletiva que paira no ar é “agora a coisa vai funcionar”. O que se vê logo em seguida é um aumento abusivo de taxas e tarifas e criam-se escalas de prestação dos serviços, sendo a qualidade máxima atingida apenas por quem possui muito dinheiro, influência e bons advogados. A grande maioria fica à mercê de órgãos de defesa de consumidores ou agências reguladoras, além do judiciário, cujas eficiências, nesta ordem, vão de péssima, ruim e pior.

O saldo é um salve-se quem puder, chamado pelo eufemismo de leis de mercado, também conhecido como democracia capitalista.

terça-feira, 28 de junho de 2011

O RADIALISTA

imagem google
O avô do L.M. tinha tanta convicção de seu legado que seu primogênito veio a se chamar Edil. Foi vereador muitas vezes e outras tantas, prefeito daquela cidadezinha outrora a glória do ouro nacional com inúmeras minas e garimpos à beira do Rio Poranga, agora completamente assoreado e poluído.  No seu tempo era o coronel sem patente, o delegado sem direito no diploma e o divino sem teologia (porque o bispo lhe prestava reverências e obediência diante das gordas doações para a igreja). Criara o pai de L. M. para ser o continuador de sua obra política e social, o que significava a família perpetuar-se como dona da cidade.

Eu cheguei a conhecer apenas o seu Edil e já na condição de edil. Parecia-me que ele herdou a eloqüência do pai, mas não a sagacidade. Foi eleito e reeleito enquanto ele ainda era vivo numa espécie de agradecimento da população quase serva do coronel. Tanto que depois de sua morte, o fim do Sr. Edil foi o ostracismo político. Na câmara seu apelido era Edil Sono. Sempre dormia durante as sessões e tudo o que se tem nos anais da câmara é um único projeto de sua autoria em 3 mandatos e 12 anos de vereança. Dizem inclusive que o mesmo votou contra o próprio projeto, uma vez que no momento da manifestação solicitada pelo presidente da casa ele acordou assustado com o rebuliço da discussão em torno do projeto e levantou as duas mãos para dizer que votava contra. O projeto quase ia à unanimidade não fosse essa gafe. E era para implantar o tratamento da água potável para a população.

Mas o caso aqui é a respeito de L.M., o terceiro da geração, menos afeito ao autoritarismo de seu avô e meio envergonhado do pai, embora lhe guardasse um profundo respeito (ou seria medo?). Do caráter atávico restou-lhe apenas o destemor diante de qualquer coisa na vida. LM tornou-se radialista. Sua voz era tão bela e grave, de uma sonoridade tão aveludada que despertava a curiosidade de todos, inclusive das mulheres que suspiravam pelas madrugadas ouvindo um de seus programas de músicas românticas e recadinhos de enamorados e a leitura emocionada de cartas de amor, desamor e confusões. Eu mesmo me enchi de suspense desde a primeira vez que o ouvi.

A impressão que se tem quando ouvimos a voz de um locutor feito esta que descrevi é a de um homenzarrão, cabelos repartidos de lado, lisos e assentados à cabeça, com o penteado parecendo coberto de gel fixador e o inconfundível olhar fulminante, sedutor, enfim. Qual não foi a minha surpresa ao me deparar um dia com aquela voz  familiar numa roda de conversas em frente à lanchonete da universidade. Fui correndo lá para atestar e para meu maior espanto vejo uma figura esquálida, de uma brancura quase translúcida e uns óculos grossos como fundo de garrafa de vidro tamanho família (como se dizia antigamente). Era tão magro que dava a sensação de que se a voz possuísse peso seria capaz de derrubá-lo ao chão. Como há roupas de tamanho especial para pessoas obesas, as deles eram especiais ao contrário. Um alfaiate da cidade tinha que confecciona-las, já que se recusava a comprar roupas de crianças de até 12 anos.

LM era um contestador e isso nos aproximou numa amizade fraterna. Não participava de nenhuma organização ou movimento comunitário, de classe, nem nada. Sua militância se dava ali ao microfone da rádio mesmo. Ele dizia surtir mais efeitos do que intermináveis reuniões e disputas de egos. No que eu concordava totalmente. Falava mal de tudo e de todos, políticos, igrejas, comerciantes mal intencionados e senhoras mexeriqueiras da cidade. Só não falava mal do próprio pai, a fim de não manchar ainda mais a reputação do avô, que se vivo ainda estivesse ia ficar se perguntando a respeito de seu legado: “onde foi que eu errei?”.

A audiência da rádio era absoluta na cidade. A sua única concorrente tinha apenas os horários de outras programações para disputar espaço. LM era unanimidade na audição dos moradores. O dono da rádio, com o sucesso do empreendimento, começou a receber muitas propostas de “incrementar” seu negócio. Uma delas era o conhecido jabá* para desespero e revolta de LM. E ele não deixava por menos. Manifestava ao vivo a sua indignação. Principalmente quando as músicas eram demasiadamente ruins. Dizia assim: “ e eles ainda tem a coragem de me oferecer jabá para tocar uma coisa dessas!”. O seu patrão lhe fazia pequenas reprimendas e também uma certa vista grossa, já que LM era muito mais lucrativo do que qualquer  suborno de gravadoras.

O problema foi quando começaram a chover propostas para comerciais de produtos que ele considerava obscenos para sua ética. Dava a hora do intervalo e vinha alguém divulgando produto para emagrecer 5 quilos em um mês. Terminava e entrava ele com sua voz gravíssima: “bem minha gente, há quem acredite nisso.” Hora de comercial novamente e vinha outra propaganda de remédios milagrosos para impotência masculina., queda de cabelos, fortalecer a memória, parar de fumar. LM voltava à carga: “minha gente, muito cuidado com propagandas enganosas que há por aí”.

Mas não foi esse o motivo da sua saída rápida da cidade, lá pros lados do Espírito Santo. Os anunciantes não reclamavam. Acho que as propagandas eram enganosas mesmo, eles sabiam, muitos ouvintes acreditavam e a rádio era um sucesso. Sinal de que não atrapalhou as vendas.

LM apaixonou-se pela misteriosa e fogosa das quatro da manhã. No princípio ela ligava para o programa ao vivo. Aos poucos as conversas passaram a ser em off. Depois que entabularam um romance telefônico foram se conhecer. Ele se decepcionou às lágrimas porque ela era casada com o irmão do dono da rádio. E ela se decepcionou com o aspecto que não trazia nenhuma relação da voz de LM com seu porte físico. Acho que por medo de definhar ainda mais e não resistir à pele e osso, quase sem recheio, ele pediu as contas e foi-se.


* (jabá = comissão que as gravadoras pagavam a locutores e donos de emissoras de rádio para tocarem repetidas vezes músicas de seus cantores preferidos para alavancar vendas de discos)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

LER NÃO CAUSA L. E. R*. - Livros e Afins

Eis algumas coisas que meus pais fizeram para que eu me tornasse amigo dos livros. Se você for pai ou mãe, espero que isso ajude.
  1. Presenteavam-me com livros – Quase toda semana eu ganhava um livro novo. Nas datas festivas, além de um brinquedo, eu ganhava um livro.
  2. Levavam-me às livrarias – Nada mais divertido e que chame mais a atenção de uma criança que a colorida seção de livros infantis. Ainda que ela seja pequena e desorganizada, como costumam ser as de ultimamente, para a criança tudo é grande, vasto e divertido.
  3. Levavam-me à biblioteca - Nem todo mundo tem dinheiro para comprar livros toda semana. Mas uma biblioteca tem uma quantidade enorme de livros à disposição. De graça. Lembro como ontem o dia em que meu pai me acompanhou quando fiz a minha carteirinha. Emprestei uma edição do Príncipe Valente.
  4. Associavam esses passeios a coisas divertidas – Uma ida à livraria ou à biblioteca era acompanhada sempre de um sorvete, uma passada na pastelaria ou um passeio no zoológico. Não precisa ser nada muito complicado. A leitura deve estar ligada a atividades prazerosas já que também é uma.
  5. Não tinham preconceito quanto a gibis - As histórias em quadrinhos são ótimas maneiras de iniciar a criança à leitura. Embora sejam uma forma de arte diferenciada, habituam à palavra escrita.
  6. Liam histórias para mim – Minha avó também lia histórias para mim. Sempre que o fazia colocava seus óculos. Como eu ainda não sabia ler, um dia roubei os seus óculos imaginando que aquilo me ajudaria a entender aquelas letrinhas todas.
  7. Contavam histórias para mim – Quem gosta de ouvir histórias, gosta também de lê-las e de contá-las. Eles também me mantinham em contato com as pessoas mais velhas da família que, por natureza, são contadores de histórias. Quando criança, lembro de aos domingos, bem cedo, ir para cama de minha bisavó, onde ela me contava as suas aventuras da juventude.
  8. Davam livre acesso aos livros adultos – Eles nunca temeram que eu estragasse os livros da biblioteca, os livros “sem figura”. De fato, estraguei alguns, mas a minha transição dos chamados livros infantis para os adultos foi gradual e sem pressões, no meu ritmo. O primeiro que li foi Tubarão, aquele do filme.
  9. Meu pai me levava ao cinema – O cinema é uma das portas de entrada para a literatura. Foi ao ver Mogli, dos estúdios Disney, que me interessei em ler o Livro da Selva, de Rudyard Kipling.
  10. Eles liam – Meu pai, sobretudo, lia muito. Para uma criança, o cara mais legal do mundo é o pai. E, quando você é criança, tudo o que você quer é ser como o cara mais legal do mundo. E o mais importante:
  11. Eles NUNCA me obrigaram a ler – Tudo que é feito por obrigação é um saco. Coisas feitas contra a vontade causam trauma. E, depois de um trauma, mesmo que seja a mais prazerosa das atividades, mais tarde você vai associá-la com sentimentos ruins e se recusar a fazê-la. Para entender melhor, apenas neste item substitua a palavra leitura pela palavra sexo.
Fonte: Alessandro Martins - http://livroseafins.com/

*L E R = Lesão Por Esforço Repetitivo

sábado, 25 de junho de 2011

HACKERS

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Eles invadiram os sites do governo, receita federal, exército, bovespa e Petrobrás.

O que eles queriam?

Se forem tucanos, uma CPI
Se forem do próprio PT, é fogo, amigo!
Se forem do PMDB, mais cargos.
Se forem do MST, um sítio.
Se forem do PCC e CV, apenas celas virtuais ou baterias para celulares.
Se forem do SUS, Sustar os atendimentos em protesto.
Se forem bombeiros, resgatar suas cotas de dignidade.
Se forem professores, salários reais.
Se forem contribuintes, baixarem o IR na fonte
Se forem investidores da bovespa, apenas um upgrade nas suas ações.
Se forem motoristas, apenas um passeio virtual sem precisar pagar pelos preços abusivos dos combustíveis.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

EUGÊNIO E A FEIA

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Foi numa noite de meia lua
Fria, limpa e bonita
eu fui pro meio da rua
E achei uma moça esquisita

Ela disse que aquilo era pintura
Não era feia como parecia
No escuro eu acho que via
Que era verdade pura

Me convidou para a quadrilha
Querendo a minha companhia
Ela queria era me apresentar a filha
Menina cheia de mania

Já foi de pai me chamando
E eu com medo daquilo virar casório
ela assim foi me levando
me arrastando , era público e notório

mas de otário não me fiz
cheguei perto  da fogueira
e vi a feia inteira
cocei até o nariz


A claridade da lua, mais a luz da lenha
Me fizeram pedir São João
“me livre dessa brenha
Que eu salvo o Santo Antônio
De seu padecimento vão”


Uma homenagem ao meu amigo Eugênio, que depois desse dia do distante São João de 1982 resolveu nunca mais se casar.


quarta-feira, 22 de junho de 2011

BOM DIA, COMUNIDADE!

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As comunidades na internet são uma forma bem educada de a gente não dar a devida atenção a uma pessoa (na maioria das vezes) enquanto tenta dar atenção a muitas ao mesmo tempo.

terça-feira, 21 de junho de 2011

INVERNO, CIÊNCIA E DEUS

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Hoje, às 14:16h, começa oficialmente o inverno no hemisfério sul da terra Ela gira em torno de si mesma em 24 horas e gasta 365 dias para girar em torno do sol. Que descobertas, que clima! A precisão com que a ciência esclarece os fenômenos naturais é impressionante e só não acredita quem não quiser ver. Mesmo assim, pode ser impiedosamente enrugado e, em alguns lugares, até mesmo congelado pelo frio que vai sentir ou já deve estar sentindo a essa altura do dia. A ciência também descobriu que isso acontece pela proximidade maior desse lado do planeta em relação ao sol. E nos seus giros alucinantes, vai trazendo depois numa seqüência até agora imutável, primavera, verão e outono, antes de tudo começar de novo, até a terra se perder  de sua órbita ou então o homem desregular ainda mais seus mecanismos que permitem nossa vida aqui nesse mundão de água e terra. E só é assim por causa da órbita elíptica (que nome!) do globo. Nesse dia hoje, o eixo  do planeta forma um ângulo de 23,5 graus com o sol e muda de temperatura até daqui a três meses. Se ela fosse redondinha como se acreditou muito tempo, não iríamos ter as estações. Em cada região ia ser tudo uma coisa só. Melhor dizendo, metade ia ser gelo, metade ia ser torrada. Tudo isso a ciência nos faz chegar ao conhecimento, sem embargo.

             Tem umas explicações bastante complicadas como equinócio, solstício, mas para nós pobres e leigos mortais, vale mesmo é o bom friozinho, o calor e as chuvas acontecendo entra ano sai ano. Mesmo por que, equinócio parece nome de bicho. Desses bichos assemelhados a burro:

-Olha aqui, se você não entendeu o fenômeno do inverno é porque é um equinócio selvagem.

Solstício me soa como elemento de previsão astrológica:
“O sol transita pelo solstício de aquário, trazendo bons fluidos para o seu dia hoje. E frio também. No amor, tudo vai transcorrer redondinho, sem elipse”.

            Mas fico com uma pulga atrás da orelha. Tudo bem com o big bang, a terra já estava ai há bilhões de anos e outros argumentos irrefutáveis. Mas, cá pra nós, será que não tinha algo ou alguém observando ela rodar alucinadamente, sem rumo nem direção e sem gente e resolveu dar uma MÃOZINHA? Um acabamento, como fazem os artistas com os vasos de cerâmica para dar essa forma achatada e nos dar essa vida?
Agasalhem-se.

(Republico este texto com convicção redobrada depois que li o livro  CRIAÇÃO IMPERFEITA, Cosmo, Vida e Código Oculto da Natureza, do Marcelo Gleiser)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

LER NÃO CAUSA L.E.R. *

imagem: http://www.mundoeducacao.com.br/

“Grande parte das escolas trabalha somente com textos literários e didáticos e muitas vezes selecionam esses materiais de forma burocrática, ou seja, uma relação de interesse entre editora, escola e, até mesmo, professor. Convém deixar claro que esse tipo de atitude não é de forma generalizada, pelo contrário, existem educadores que realmente desempenham seu papel de maneira responsável, desenvolvendo estratégias e diferentes formas de realizar uma leitura eficiente.
Segundo estudiosos, existem três objetivos distintos para compreender a importância do hábito de ler:
 
• Ler por prazer;
 
• Ler para estudar;
 
• Ler para se informar.

Através da leitura realizada com prazer, é possível desenvolver a imaginação, embrenhando no mundo da imaginação, desenvolvendo a escuta lenta, enriquecendo o vocabulário, envolvendo linguagens diferenciadas, etc.
A leitura voltada para o estudo é a mais cobrada pelos professores desde o início do ensino fundamental, apesar de muitos não estarem preparados para desenvolver em seus alunos tal hábito.
A leitura dinâmica e descontraída é uma das melhores formas de adquirir informações. O ideal é que se aprenda a ler textos informativos, artigos científicos, livros didáticos, paradidáticos, e etc.”

Fonte:  Texto sobre a importância do hábito de leitura do site www.mundoeducacao.com.br

* LER : LESÃO POR ESFORÇO REPETITIVO

domingo, 19 de junho de 2011

TRAGÉDIA HUMANA DIÁRIA - AS BRECHAS NAS LEIS

Um dos meios de livrar-se de penalidades nos crimes comuns é envolver um menor como o responsável. Agora temos mais um aparecendo com frequência crescente: a inimputabilidade por alegação de insanidade mental. Não dá para generalizar a verdade nem dá para desconsiderar a fraude.

EIS ALGUNS EXEMPLOS. SE QUISER SABER MAIS, CLIQUE EM CADA TÍTULO

sábado, 18 de junho de 2011

O QUE ME OPRIME (TAMBÉM)

Desde que a coisas não trilhem muito fora de uma direção que é vendida como o melhor dos mundos para todos, haverá sempre defesa da democracia. A guerra é o instrumento de mais alta eficácia no arranjo das coisas na civilização humana. Não tem que ser necessariamente a guerra sangrenta com baixas humanas e materiais. Há guerras mais sutis e diárias pela preponderância, seja de sistemas de pensamento, seja de modelos econômicos, seja de modos de comportamentos.



Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda." Cecília Meireles

sexta-feira, 17 de junho de 2011

TRAGÉDIA HUMANA DIÁRIA - VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

imagem gazetadopovo.com.br



A Polícia Militar de Minas informa que nos últimos 3 anos foram atendidas 4335 ocorrências em escolas públicas  e privadas no estado
- são mais de 1.100 por ano
- são mais de 35 por mês
- é mais de 1 por dia
- O sindicato dos professores de MG informa que nos últimos 5 anos reduziu drasticamente o contingente de professores no mercado de trabalho. A cada ano menos pessoas estão dispostas a encarar uma sala de aulas.
Que mundo estamos deixando para as novas gerações?
Que homens e mulheres estamos preparando para o mundo?


Fonte: Jornal hoje em dia, 25/5/11

quarta-feira, 15 de junho de 2011

ENTRANDO NA VARA

imagem do blog de Miriam de Sales Contos e causos

- Amor, tô indo lá na Vara! Gritou a mulher na porta.
- Opa, péra aí, que negócio indecente é esse?
- Calma, meu bem, é na Vara de família.
- Piorou, além de corno ainda tenho que passar por esse constrangimento? E com alguém da família? É algum irmão meu? Sobrinho? Ou é da sua família? Que é isso, onde estamos?
- Achei que você soubesse. Vara é a separação das especializações judiciais. Tem vara de família, vara criminal, vara civil, entendeu agora? Vou lá buscar um processo. Preciso fazer um laudo pericial.
Ah, bom, meu coração já tava aqui se despedindo. Não iria aguentar um sofrimento desses.
- Se você fosse se despedir de mim por esse motivo, teria que entrar na vara junto comigo. Mas na de família, pois é onde se fazem os divórcios, explicou ela, saindo e batendo a porta impaciente.
 
Há algumas denominações que nos deixam assim, intrigados, por combinarem a sua função nobre com situações cômicas. E podem se tornar trágicas se não vier uma explicação razoável para que a ignorância no assunto desapareça.
 
No Brasil colonial, lá no séc XVII, quando ainda nem existiam cidades, as vilas eram administradas por um regime de nomeações de pessoas de posses e títulos concedidos pela coroa portuguesa. Juízes, vereadores e homens da segurança portavam cada qual uma vara que, pelas suas características, distinguia o cargo e conferia autoridade e dignidade. O juiz (que não era do lugar, daí a expressão Juiz de fora) empunhava a sua, branca, com uma cruz sob a qual prestava juramento. O vereador levava outra, vermelha, com as figuras das armas do reino e a dos quadrilheiros (uma prévia do que viriam a ser os policiais), era verde, usada para separar briguentos de rua e efetuar prisões. 1
 
Não sei por que somente a justiça permaneceu com essa denominação. A polícia perdeu a vara, mas o cassetete continuou garantindo as bordoadas. Já os vereadores, mesmo sem as varas, continuam com o condão, multiplicando-se em número e benefícios, sob a égide da justiça e a proteção da polícia.
 
_________________________________
1 – In: Donato, Hernani, História dos Usos e Costumes do Brasil – 500 anos de vida cotidiana. Ed Melhoramentos, São Paulo, 2005.

PS: ESTA CRÔNICA É UMA DAS  QUE CONSTAM DO MEU LIVRO ARCANCANJO ISABELITO SALUSTIANO E OUTRAS CRÔNICAS

terça-feira, 14 de junho de 2011

VIDA DE PEÃO - JANTAR À LUZ DE VELAS

Esse romantismo é quase universal.  Peão embarca nas ondas mas quase nunca segue os rituais de etiqueta. Eu morava numa cidade e a minha namorada em outra. Fui passar com ela o dia dos namorados e voltei bem à noitinha e esfomeado. Segunda feira cedinho, batente de novo. No entanto, precisava comer. No apartamento onde morávamos eu e o Ferreira, só tinha pães velhos, e um suco de caixinha. Queria mesmo era uma janta. Tinha namorado com tanta fome que me esqueci de comer comida.   O Ferreira estava me esperando para levar a namorada para jantar. Ele não tinha carro e me queria como motorista, fazer bonito para a sua donzela. Fui levá-los (no banco traseiro, como manda o rito). Era o restaurante mais chique da cidade entre os dois que havia. A noite era temática, ambiente cheio de flores, penumbra e música pianíssima em tom bem baixinho. Próprio para uns aperitivos e uma boa conversa a dois como entrada. Ocorre que minha fome era inadiável. Propus então me sentar em outra mesa mas fui instado a fazer-lhes companhia. Amigos não são “vela” nem no dia de namorados, me disseram. Ferreira se ajeitou com a delicadeza que lhe era peculiar, sentando-se primeiro e deixando a moça sozinha ajeitar-se em seu lugar. À chegada do garçom, já foi pedindo uma porção de torresmo e duas cachaças (da boa, viu moço! disse delicadamente, quase gritando). O garçom meio constrangido com a cena pouco usual para a ocasião, ofereceu um jarrinho com um botão de rosa à menina, que virou imediatamente cinzeiro para ele. Ela querendo um vinho tinto,  teve que se contentar com uma água gasosa, já que não havia no cardápio um legítimo “sangue de boi”, o vinho que ele mais apreciava. Outros não tolerava, “muito rascantes” (palavra que tinha aprendido sei lá onde, sem saber o significado). Sei que o jantar saiu até bem, regado a outras seis ou sete doses a mais “da boa.” Até pensei que ali estava selado o fim do namoro. Mas deu em casamento que dura já faz quase vinte anos. Hoje eu liguei para ele a fim de lembrar do fato e ele me disse preocupado: - Zé, meu filho mais velho está namorando e você precisa ver que rapaz mais esculhambado! Acredita que sequer comprou umas flores para a minha nora? Eu disse: - Você em algum momento lhe contou sobre o início de seu namoro ou será que é alguma herança genética?

12/06/2010

segunda-feira, 13 de junho de 2011

LER NÃO CAUSA L. E. R*. - Bernardo Pina


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Quantas pessoas você conhece que têm o hábito da leitura? Quantos livros por ano costumam ler? Se lê, fora os livros lê o quê? Com qual freqüência?

Infelizmente não é comum ver pessoas com esse hábito, por mais benéfico que ele possa ser. Por quê? Porque não temos uma cultura que favorece a leitura. Na minha humilde opinião, é uma questão social e política (mas não vamos entrar no mérito da questão aqui senão esse post não terá mais fim).

Ler nos faz bem em vários aspectos. Veja alguns benefícios:
- Melhora cada vez mais a nossa capacidade e velocidade de leitura;
- Melhora a nossa capacidade de escrita;
- Aumenta nosso vocabulário, permitindo nos expressar melhor;
- Aumenta a nossa cultura geral;
- Nos faz formar mais opiniões sobre diversos assuntos diferentes.


Fonte: Blog do Bernardo Pina www.produzindo.net



L E R = Lesão por Esforço Repetitivo




domingo, 12 de junho de 2011

PARA SER FELIZ

A POESIA DE PAULO ADÃO

PARA SER FELIZ

Se não tens medo
de quem ama o absurdo
e desafia o impossível
então serás mais feliz que os outros

Se tua arma
é só o teu coração, prepara-te!
O amor dissolve no rio das verdades
e escorre pelas corredeiras. Protege-o!

Existe um perigo ainda:
as trevas da incompreensão
uma mata densa
para atravessar às escuras

Nos caminhos te enganarão
dirão que é insensatez ir
Confia em teu instinto
na hora das pistas falsas

Atravessas para o outro lado
mas há um último cuidado:
deves preservar quase tudo de ti
para o amor não se ressentir.
______________________________
AGRADEÇO A TERNURA E O CARINHO DE TODOS QUE SE SOLIDARIZARAM COM ESSE MOMENTO TÃO DOÍDO.   MUITO OBRIGADO A TODOS , AS PALAVRAS DEIXADAS NOS COMENTÁRIOS FORAM UM BÁLSAMO PARA MIM E PARA TODA A MINHA FAMÍLIA.
+ 24/02/1959  /  06/06/2011

sábado, 11 de junho de 2011

BANIMENTO

A POESIA DE PAULO ADÃO



BANIMENTO


Cá nesta terra estou
sem amores que deixei eu longe
se a morte ainda me não levou
fico à sorte, a vida tange


A vagar nesta terra banido
já a solidão é menos companheira, mais taciturna
lá não posso regressar cedo, combalido
cá serei hospedeiro se uma amargura diuturna


Nesses dias de natureza morta
deita o pranto, a dor rotura
tanto menos a vida importa, quanto mais se abre a fissura


Que me conta a brisa crepúscula
qual não saiba de cor o enredo:
o dia findo é porciúncula dessa vida arremedo


_____________________________________
AGRADEÇO A TERNURA E O CARINHO DE TODOS QUE SE SOLIDARIZARAM COM ESSE MOMENTO TÃO DOÍDO.   MUITO OBRIGADO A TODOS , AS PALAVRAS DEIXADAS NOS COMENTÁRIOS FORAM UM BÁLSAMO PARA MIM E PARA TODA A MINHA FAMÍLIA. NOS PRÓXIMOS DIAS PRESTO AQUI UMA HOMENAGEM AO MEU TÃO QUERIDO E ESPECIAL IRMÃO COM A POESIA DELE MESMO.
+ 24/02/1959  /  06/06/2011

sexta-feira, 10 de junho de 2011

MEZINHA

A POESIA DE PAULO ADÃO



MEZINHA

Os versos são para mim analgésicos
se sinto uma dor
uma dor que sinto esquisita
assim, de repente, aflita
sem hora para doer essa dor

Uso sempre a mesma receita
tinta, papel, palavras, rima, tema
como chá de ervas, mezinha
começo a tomar, linha por linha
a dor vira verso, estrofe, poema

Noites há, com esse mal
que passo em insônia sofrida
arrastando pela casa versos sem sal
E a minha cabeça aturdida
pelo torpor dessa dor

Se expulso essa dor no papel
alívio o meu corpo e durmo
mas durmo em vigília !
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AGRADEÇO A TERNURA E O CARINHO DE TODOS QUE SE SOLIDARIZARAM COM ESSE MOMENTO TÃO DOÍDO.   MUITO OBRIGADO A TODOS , AS PALAVRAS DEIXADAS NOS COMENTÁRIOS FORAM UM BÁLSAMO PARA MIM E PARA TODA A MINHA FAMÍLIA. NOS PRÓXIMOS DIAS PRESTO AQUI UMA HOMENAGEM AO MEU TÃO QUERIDO E ESPECIAL IRMÃO COM A POESIA DELE MESMO.
+ 24/02/1959  /  06/06/2011 




quinta-feira, 9 de junho de 2011

DE VOLTA

A POESIA DE PAULO ADÃO


AGRADEÇO A TERNURA E O CARINHO DE TODOS QUE SE SOLIDARIZARAM COM ESSE MOMENTO TÃO DOÍDO.   MUITO OBRIGADO A TODOS , AS PALAVRAS DEIXADAS NOS COMENTÁRIOS FORAM UM BÁLSAMO PARA MIM E PARA TODA A MINHA FAMÍLIA. NOS PRÓXIMOS DIAS PRESTO AQUI UMA HOMENAGEM AO MEU TÃO QUERIDO E ESPECIAL IRMÃO COM A POESIA DELE MESMO.
+ 24/02/1959  /  06/06/2011



De volta

Boa noite palavras
versos, idéias, pensamentos
regresso para sua intimidade

Havia fugido para o trivial
Escorregando, afoguei-me no vazio
no poço das futilidades

Escapei, já quase idiota
desse lamaçal às canelas
ainda tenho sujos os pés

Vim redimir-me nesse retorno
pedir a benção dos vocábulos
banhar-me novamente em versos
lambuzar as mãos da tinta
implorar a companhia da solidão

Cá estou!
Acolhe-me mundo abstrato
dimensão de presságios e contemplações
que sou teu.

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