Esta imagem eu tirei daqui, onde uma parte da grande imprensa desqualifica os professores |
Greve é um problemão, não é mesmo? Na educação, então, é o retrato cruel de descaso. Alunos sem aulas, pais aflitos, governos dando suas puídas e inaceitáveis desculpas, os professores amaldiçoados e a educação fazendo de conta que está acontecendo. Basta ver o resultado lá no final. O Brasil experimenta atualmente um crescimento econômico e todo mundo reclamando que não tem pessoal preparado para enfrentar o mercado. Muita gente formada e muito pouca gente dando conta de entender corretamente um texto, escrever uma lauda, articular argumentos numa entrevista. Números não nos faltam, mas qualidade está longe de ser atingida. Ruim duas vezes. Nem formando mão de obra nem cidadãos plenos e conscientes.
Os professores da rede estadual de Minas estão em greve há mais dois meses e a guerra de informações e reclamações está se acirrando. De um lado, o governo dizendo que paga acima do piso nacional (como se 1.187 reais fosse um grande salário para professores, que mesmo se tiverem uma jornada de 24 horas semanais na escola, dificilmente tem uma outra menor do que mais 40 horas em casa). Professor - nunca devemos esquecer - trabalha na escola e em casa, obrigatoriamente. O governo tenta desacreditar os professores quando anuncia esse “grande feito” na imprensa e os professores exibem contra cheques desmentindo. É assustador ainda constatar que a associação dos pais entrou com pedido de intervenção do ministério público a fim de arrumar a casa. Até aí, tudo bem, tem mesmo que dar um fim ao movimento. As alegações: uns pais reclamando que não tem com quem deixar os filhos, outros que eles vão perder o Enem e mais outros reclamando fome porque a única refeição digna que os filhos fazem é a merenda escolar. Legítimas todas essas queixas. O que mais dói é não ver ninguém publicamente defendendo a dignidade dos professores, aqueles que são os responsáveis por ajudar a educar e formar os filhos.
As manifestações que os professores fazem nas ruas são motivos de queixas dos estressados do trânsito (mesmo se esses estressados forem pais de muitos alunos prejudicados – e devem ser mesmo). Alegam, também pela imprensa, que os professores tem lá seus direitos de reclamar, desde que não atrapalhem a vida da cidade. Ora, mas o que é a vida na cidade? Os professores, alunos, escolas, educação não contam? É somente ter as ruas livres para passar pra lá e pra cá, mesmo com a vida sendo comprometida em sua fase mais importante que é a formação das próximas gerações? Os pais que precisam ir para lá e para cá não é com o objetivo de obter sustento para os mesmos filhos que estão na escola? Então, como não importa o que os professores estão fazendo ali na rua?
A imprensa, fazendo coro com esta situação põe seus âncoras de jornais para dizerem que é preciso arranjar outros meios de protestar, sem que haja greve. Quais meios? Sentar para negociações e ouvir não posso, não tenho, não dou? Fazerem audiências públicas com deputados? Já viram dar resultado? Aprovar leis que obriguem a investir mais em educação? Ir à justiça e ela declarar que a greve é ilegal e multar os professores que mal ganham para o sustento?
Talvez a única saída passe a ser daqui para frente os jovens deixarem de procurar os cursos de licenciatura (já vem ocorrendo pouco a pouco). Imaginem pararmos de formar professores durante uns dez anos. Não seria o equivalente a apagar metade das luzes que iluminam o país? Não esquecendo que uma boa parte já vive num escuro danado?
Um dos motivos de minha desistência de continuar dando aulas foi que em dois lugares onde lecionei, um pagava de três em três meses, o outro eu quase pagava para trabalhar. Se eu não tivesse um outro emprego...
Prefiro escrever aqui me dirigindo aos pais. Falar aos governantes é chover no molhado ou dar munição a eles para as próximas campanhas com suas promessas irritantes.
24 comentários:
ARRASOU!
Você tocou no calcanhar de aquiles do governo nacional, os professores. Essa classe tão primordial para a construção intelectual, profissional e, sobretudo humanística de todas as pessoas que vivem na sociedade. Ao tempo, é um grupo desvalorizado, humilhado e renegado ao obscurantismo, vivendo como coadjuvante no palco onde são os grandes atores/diretores.
De fato, a realidade educaional do Brasil ñ está nada bem. Não por falta de investimentos nessa área, uma vez que, se comparado há outroa anos, o país deu significativos passos na melhoria desse quesito. Entretanto, como tudo por aqui é feito pela metade, o profissional que rege a orquestra da escola ainda ñ ganha o merecido pelo seu esforço diário e muitos ainda trabalham em condições desalentadoras.
Quando vejo o descaso que é imposto a essa profissão, lembro-me de alguns períodos atrás, quando eu pensei em desistir dessa carreira. Ficava me perguntando se valeria a pena entrar nesse navio prestes a submergir, por causa do "esquecimento" dos nossos governantes e da total falta de credibilidade ofertada pela nossa sociedade.
Por tudo isso, ponderei todos os pontos e resolvi continuar. Não podia me acomodar e ficar no grupo da grande maioria das pessoas, apontando, julgando quando os professores fazem passeata, sem ao menos tentar entender o que levou essa classe às ruas reivindicar os seus direitos. Hj, estou prestes a concluir o meu curso e leciono com paixão, mesmo sabendo que as mudanças reais só acontecerão quando a minha morte chegar.
Mesmo assim, luto para melhorar o ensino em sala de aula, mostrando para o aluno que ele é importante para mudar essa sociedade de hipocrisia e violência; e que para isso, é preciso que eles, os alunos, valorizem a educação como um todo, a começar pela figura do mestre q está ali na frente!
Valeu Cacá! vc é um dos poucos que faz a diferença! bjoxxxxxxxxxx no coração!
Ah! tem um texto bem legal sobre esse tema...um desabafo de uma professora do Paraná...vale a pena ler! bjoxxxxxxxxxxxxx
http://serfelizeserlivre.blogspot.com/2011/04/aula-cronometrada.html
Seu texto retrata toda a situação daqui do estado,parece que você mora aqui.
Tudo virado,tudo errado e ninguém faz nada ,sim! só reclamar e votar nos mesmos candidatos.
bom dia Cacá
abração
Maravilha de chamado esse.Os professores são desrespeitados, ganham salários horrorosos e tem tantas responsabilidades. Uma coisa a ser revista.Mas... Mas e mas... abração,chica
Filho e irmão de professoras, apoio integral. Mudam-se os nomes, continua a tragédia.
Abração, Cacá!
Berzé
Cacá, essa é uma realidade em que ambas as partes não valorizam nem se importam com a educação.
Mas estão sempre criticando e colocando a culpa nos professores que não"sabem" nem querem ensinar.
Ah, faça me um favor!
Aqui em Garanhuns, interior de Pernambuco, há pouco, houve um concurso para professores universitários.
Não houve nenhuma inscrição, pois não tinham qualificações.
E por que não tinham?
Por que o incentivo é zero.
A preocupação nessa área vai de mal a pior.
Alunos de medicina, que deveriam começar as aulas agora em Agosto, vão ter que esperar, até quando, não sabemos.
Agora ficam criticando os professores, mas não conhecem a verdadeira realidade, começando pelos salários.
Saí um pouco do foco, né? Mas são tantas...
Xeros
a saúde tb está um horror. um dia desses eu ouvi um pai dizer q tem q falar para o filho q ele vai brincar, ver os amiguinhos pra ele querer ir a escola. eu sempre quis ir a escola pq gostava de estudar. não gostava de umas matérias, mas adorava desvendar, descobrir. se os próprios pais acham q escola é chato e q os filhos precisam ser enganados pra querer ir, como imaginar um país promissor? eu não acho q o brasil esteja crescendo. um país só cresce com pessoas informadas. uma minoria ganhando não é crescimento. beijos, pedrita
Bom dia Cacá!
Seu texto deveria ser espalhado aos quatro ventos, pois reflete com exatidão uma situação que parece nunca ter fim.
Realmente como dizem ser professor é um sacerdócio pois só se doa.
Parabéns.
abração com carinho.
um excelente fim de semana para ti.
Oi Cacá, adorei a visita!!!!
Boa quinta pra ti!!!
Bjs do Neno
Oi Cacá,sabe que a situação é geral,no NE então...Breve professor vai ser bicho a ser extinto,porque não se encontrará professor suficiente para enfrentar o ensino no Brasil.
Agradeço a sua visita. Abraço.
oi Cacá,
seu texto é tão verdadeiro
e esclarecedor,
que deveria ser manchete dos principais jornais do País,
é uma pena que a educação que é fundamental para a formação dos indivíduos,seja tratada com tanto descaso,
parece que para esses ditos governantes,
quanto mais sem cultura formos,
melhor...
eta vergonha...
beijinhos
Pois é. Se pelo menos fosse um conflito novo, mas não é. E ainda assim nosso horizonte é desconhecido. Excelente argumentação, Cacá. Abraços!
Acho que é bom tratar estos temas...¿ o governo , os pais, tuda gente fican "distraídos " ?...não sei...só que TUDOS tem que preocupar -se, trabalhar em equipo e a gente que governa ter que tomar as medidas justas. Sempre digo que NADA é impossivel quando á vontade.
Mais acho que sucede em muitas partes del Mundo...tal vez tudo precisa de um modo novo.
Meus carinhos de sempre.
Cacá, esse comentário vai ser um tanto longo, vamos lá.
Você, que acompanha meu blog há algum tempo ( obrigado! rs), sabe que há algumas postagens falando do caos em que se encontra a educação. Eu sou professor, também da rede pública, sei do que estou falando, ao contrário de certos "especialistas" que a "grande imprensa" costuma procurar para falar do tema. Isso dos cursos de licenciatura não seduzirem os mais jovens está acontecendo e de forma alarmante: há uma carência muito grande de professores das matérias exatas nas escolas - ao menos aqui da Bahia. Se uma escola possui em seu quadro professores de Matemática, Física e Química, é uma escola feliz. Próximas áreas onde faltarão professores: Biologia e Geografia.
Ontem duas notícias me chamaram a atenção: um vereador de Jacareí, interior de São Paulo, afirmou que os professores são "inúteis" e "arrumam todos os tipos de desculpas para não darem aula". O nome do sujeito é Dario Burro ( sério!), o que já explica muita coisa. E a outra notícia: em Santiago, no Chile, 100 mil pessoas tomaram as ruas protestando por melhorias na educação e por universidade pública gratuita.
Isso dá a dimensão de como o brasileiro trata a educação: TODOS dizem que é "importante" ( menos o Dario Burro), mas POUCOS se mobilizam pró. Quando há greve de professores estes vão para as manifestações e caminhadas SOZINHOS - a mesma sociedade que exige dos professores papéis além do seu alcance e atribuições, apenas assiste, impassível. Ou reclama que os filhos "serão prejudicados com a greve". Ora, os estudantes já são prejudicados desde o primeiro dia de aula, com professores desmotivados, escolas sem condições ideais de infra-estrutura, violência no entorno da escola...
Enquanto um cantor/humorista no Rio Grande do Sul faz uma letra de música satirizando deputados e políticos em geral e o Ministério Público entra em ação contra...o cantor, um vereador fala esse absurdo e o que acontece? Provavelmente, será reeleito no ano que vem; enquanto no Chile as pessoas estão manifestando por educação, no Brasil o que leva pessoas para as ruas é uma "marcha da gente diferenciada" ( !). Sintomático.
Quanto aos salários, devemos lembrar que alguns governadores chegaram a entrar NA JUSTIÇA TENTANDO BARRAR O PAGAMENTO DO PISO NACIONAL PARA PROFESSORES! Lembro de alguns: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso ( não lembro se "do Sul"). E outra: devemos, também, lembrar que GRATIFICAÇÃO NÃO É SALÁRIO! O que muitos governadores cara-de-pau falam na imprensa sobre salários passando de "mil reais" ou "chegando a dois mil reais" por carga horária de 30 ou 40h boa parte refere-se ao salário já com as gratificações incorporadas - e muitas delas conseguidas após sei lá quantos anos de serviço, uns 5% aqui e ali de um curso, essas coisas. Não podemos, não devemos cair nessa falácia, nessa armadilha.
Aqui na Bahia o salário de um professor licenciado com 20h/semana é pouco mais de R$ 600. Um professor universitário (iniciante) das uni estaduais ganha algo em torno de R$ 800. Houve uma grande greve (durou 2 meses) nas universidades públicas estaduais. A imprensa pouco falou, pouco noticiou. E sempre a palavra "oficial", do governo do estado. Os professores? Tratados como "intransigentes", "radicais" e até mesmo ouvi alguns termos como "vagabundos" e "relaxados". Interessante como a imprensa age nesses momentos. Jogando com o poder, COM MEDO DE PERDER AS VERBAS DAS PUBLICIDADES! ( pronto, falei! rs)
Eu tinha uma carga horária de 60 horas, o que me fazia trabalhar manhã/tarde/noite. Obviamente não fiz isso propriamente por "amor à educação" ( por mais que eu goste), mas o resultado: perdi muita coisa, quase a sanidade - Síndrome de Burnout, sabe? Pois é, uma coisa tratada por muitos como "frescura, desculpa de quem não quer dar aula".
Deixa eu encerrar por aqui, Cacá. Desculpe o desabafo, é que ao falar sobre esse tema eu realmente exagero. E me revolto.
Abraço e me desculpe por ocupar tanto espaço... =P
Saudades, meu caro.
Obrigada pela parte que me toca. Não sou dessa rede mais sou solidária aos colegas em greve.
Um abraço
Norma
Oi Cacá!
Seu texto é para ser divulgado aos quatro cantos! Infelizmente a realidade jé é um monstro que devorou as entranhas da sociedade que joga de um lado para outro a responsabilidade da situação. No final os verdadeiros perdedores somos nós que pagamos impostos e não temos para nossos filhos uma educação de qualidade, muitas vezes nem pagando. É uma verdadeira bola de neve.
Abraço!
Cacá querido, e nós professores somos sempre culpados de tudo. Ok, tbm num vou generalizar porque existem professores E professores, mas a desvalorização aniquila com muitos que eram apaixonados pela profissão.
E essa realidade de faltar professores já está acontecendo, aqui na minha cidade muitos cursos de licenciatura já fecharam por falta de aluno.
Tenho uma amiga e várias conhecidas que eram efetivas e largaram o cargo; umas até entram em depressão! O negócio tá feio e ninguém se mexe pra melhorar. Vou parar por aqui porque esse assunto me deixa mega nervosa e revoltada, afinal não é para menos!!!!
bjokitas com master carinho!!!
Boa conversa amigo. A educação esta cada vez mais relegada ao abndono e discriminação total neste país de faz de conta que tem ministério de educação.Greves espalham pelo país e os pais ficam com as mãos na cabeça. As ecolas publicas caindo aos pedaços e os professores vivendo de ameaças cosntantes.Os substitutos estão sendo discriminados pois eles creem que eles são mgrevistas futuros, isto eu ouvi hoje e minha cara caiu no chão.Então não temos mais soluções, podemos espernear, escrever pelo chão, fechar ruas, pois eles apenas vão mandar a policia bater, pois dirão que estão dificultando o direito de ir e vir e como bem disse, um monte de pais, estarão nesta corrente.Que fazer?
E nós bem que acreditavamos nesta galera, né Zé?
Meu amigo só nos resta a morte e aos filhos toda sorte.
Um abraço.
Disse tuuudo, meu amigo.
Oi Cacá
Assisto de cadeira e assino o texto integralmente.Sou professora mas nao lecionei mais do que uns dois anos e saltei fora rsrss uma missão bonita e dificil.
Vergonhoso salario e nenhuma condição
pra enfrentar uma sala de aula repleta de alunos carentes .
As greves pipocam por todos os Estados, ora aqui ora ali.
Eu sempre apoio porque conheço de perto essa realidade.
Obrigado Cacá por manifestar opinião a respeito de um assunto pertinente a todos , seja professor ou nao.
um abraço de boa noite.
Como é gostoso ler suas crônicas, transparentes, émeu amigo infelizmente ninguém pensa em ninguém, os pais reclamam querem os filhos na escola, mas não estão nem se preocupando se vão aprender ou não, eles querem que os filhos passem de ano, peguem os certificados e pronto, não se importam se eles aprendem, se respeitam os professores, se estes professores recebem um salario justo ou não. Como um profissional de qualquer área vai fazer um bom trabalho, se em seu lar sente a falta às vezes até do básico, me diga como? Impossível, por mais profissional que seja, o emocional sempre vai interferir, principalmente quando é como no caso dos professores das redes publicas que não visualizam nenhuma grande melhora a curto prazo. Como você disse professor continua seu trabalho em casa, há muita coisa a fazer, não dá para fazer na escola, então deveriam ganhar por duas jornadas, aí sim poderiam ser cobrados de alguma coisa. Parabéns pela crônica, beijos Luconi
A educação no país (e em todo o mundo) é um problema!...
E deveria ser a solução!!!
Ensina... em sina!
E o que o governo "diz"?
- Assino o assassínio do ensino.
Cacá, interessante esse seu artigo, realmente ninguém se preocupa com os professores.
Sou formada em História, passei no concurso, cheguei até tomar posse, mas tive que escolher entre dois concursos, optei em não ser professora, pois não somos valorizados. Interessante que qualquer profissão que precisamos desempenhar necessitamos de professores para isso.
A educação não dá voto, não aparece como as grandes obras no dia da eleição. Tivemos um governo que se dedicou nessa área.Saiu do governo com a fama que não fez nada por Brasília. Já os que fizeram grandes obras, doaram terrenos étc apareceram mais, por isso a educação está em decadência, os professoras não são bem remunerados, com isso a qualidade do ensino tbm não é bom. Como sempre um grande artigo.. parabénss
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