sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O QUE VOCÊ FARIA?

A história é assim: a moça, depois que sua mãe lhe forneceu pistas acerca de seu pai biológico na adolescência, já que estava desconfiada de suas diferenças em relação aos irmãos resolve, aos 22 anos, investigar suas origens e sai em busca dele, quer conhecê-lo. E descobre que seu pai biológico é diferente daquele “garanhão italiano” que sua mãe havia lhe descrito. Encontra um travesti.

Esse é um assunto sobre o qual a vida me ensinou a não fazer julgamentos, no entanto, há uma comichão inseparável e própria de cada um em comentar. As melhores maneiras, eu acredito, de não sair por ai fazendo julgamentos condenações e absolvições ou ainda ficando em cima do muro é, primeiro: não tenho nada que me meter com a vida alheia; segundo: pimenta nos olhos dos outros é refresco e; terceiro e mais importante: não alimentarei preconceitos e nem sairei por ai me arrogando como dono de alguma verdade. Quando  a alteridade se instala (ou nós mesmos a instalamos)  com toda a sinceridade possível, aplacamos nosso ímpeto acusatório ou julgador; de algoz, condescendente ou omisso, não é mesmo? Então meu comentário passa a ser: E se fosse comigo?

Normalmente, com notícias engraçadas, inusitadas, escandalosas, ou chocantes, costumo criar uma história paralela, falar da própria notícia ou fazer uma crítica bem humorada, tomando o cuidado de não ser agressivo, preconceituoso, radical, raivoso, sarcástico, nem mórbido. Aqui também devo me cercar desses mesmos cuidados para não correr nenhum risco de segundas ou terceiras intenções. Tive então a idéia de conversar com minhas duas filhas separadamente para obter a opinião delas sobre o episódio para colocar aqui como se fosse comigo. Portanto, ficou sendo um evento familiar e se elas manifestarem alguma idéia politicamente incorreta, é o retrato da nossa própria sociedade.

A mais velha deve ter acordado com uma TPM no dia da pergunta, que fiz logo cedo:
- E se fosse com você, filha, dá para imaginar qual seria a sua reação?
- Pai, isso é pergunta que se faça logo na hora do café da manhã? Eu sei lá, talvez fosse ficar procurando um chão pra pisar durante um bom tempo.

Já a segunda, mais debochada, soltou espontânea:
- Pai, desse tamanho todo, já pensou que hooooorrorosa você ia ser?

Esta situação inusitada serve de contraponto (sem debate) ao que tramita no congresso nacional acerca da adoção de filhos por casais homossexuais. Aqui a situação é inversa, a filha querendo adotar um pai (no caso, o próprio pai).

E aí, o que você faria?



Ao procurar seu pai perdido, filha encontrou um travesti....
Quer saber do fato todo? Então leia aqui:


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PS: DEIXO UM CALOROSO E FRATERNO ABRAÇO AOS PAIS QUE POR AQUI PASSAREM

31 comentários:

Pedrita disse...

eu acho q o difícil é descobrir q o pai é um assassino frio, ou um pedófilo, ou um psicopata com várias mortes nas costas, ou um traficante. o resto pode ser difícil pq chega em nossos preconceitos, mas as pessoas precisam dimensionar. o q é realmente ruim é a violência. como alguém ama outra pessoa só cabe a ela. o importante é se esse pai é uma pessoa digna de ser amada, uma pessoa boa, honesta, quem ela ama na intimidade para um filho isso não importa. beijos, pedrita

Nice Bacchini disse...

Comento depois, pois não consegui acessar o vídeo.. abraços Bom Fim de Semana.

Thiago Quintella de Mattos disse...

Muito interessante. Já a procura pelo pai é sequela de um trauma; nessa busca sempre se agrega uma forte angústia pois há a possibilidade de outro trauma. A ausência de preconceitos e a tolerância ajudam a viver.

Berzé disse...

Oi Cacá,
Gostei muito do seu modus operandi. Isso de consultar as filhas. Demais!
Vale mais do que o fato em si.
Abração!
Berzé

Lena disse...

Cacá
Você me deixou na maior saia justa. Hipocrisias à parte, mesmo sabendo que arrogância e preconceito são deploráveis, e que essa pessoa seria o meu pai, te juro por Deus que não consigo responder. O meu pai, o Madeira, foi tão presente na minha vida e foi um super herói pra mim, sem defeitos e sem máculas (no meu modo de vê-lo), que acho que não consigo me afastar dessa ideia de pai heroi. Mas pq não poderia ser um travesti? Aff!!!Acho que teria preconceitos em relação a ser “travesti”. Porque se ele fosse gay, sem literalmente "soltar a franga", na dele, vivendo uma relação embasada no respeito, acho que não teria problema. Mas a palavra "travesti" já me chega coberta de muito preconceito, pq é uma figura que foge do padrão por mim aceitável. Acho que ser travesti não é uma opção sexual, acho que já descamba para o ridículo. Sim, em relação ao travesti, acho que teria preconceitos, infelizmente. Jamais o agrediria, mas a aceitação seria um processo lento e difícil! A gente acaba aceitando as pessoas comuns, mas em se tratando de pai..., não sei não... (Acho que vou receber uma chuva de reprovações...).
Excelente texto. Inclusive vou levar essa discussão pra dentro de minha casa pra checar as respostas, tal como vc fêz!!!
Feliz Dia dos Pais! Parabéns por ser esse pai que deve ser muito bacana. Adoro vir aqui para ler seus textos que sempre levantam alguma polêmica e nos fazem colocar a cabecinha pra funcionar...hehehe...
Um grande abraço!

Casal 20 disse...

Cacá, abrindo o coração, eu descobri que era adotado quando eu tinha 19 anos de idade (hoje eu tenho 38). Foi uma namorada quem me contou. E olha, cada um é cada um, mas eu mesmo nunca desejei correr atrás para saber até onde iria esta história.

Bem, mas cada um é cada um. E no meu caso, quando descobri sobre minha adoção, eu só pude sentir um amor ainda muito maior pela minha mãe adotiva, porque eu me dei conta de que ela nunca fez diferenciação... Aliás, fez sim! Eu sempre achei que eu era o mais amado ali em casa e minhas duas irmãs sempre foram muito chamegadas comigo, mas muito mesmo!

Eu acho que por causa disso, desse amor todo, resolvi entregar para Deus o meu passado oculto.

Minha mãe adotiva e minha família são UMA BENÇÃO! É claro que há mais alguns detalhes nessa história, mas não dá para tornar público.

Abraços sempre afetuoso.

PS - Agora, se eu corresse atrás e descobrisse isso (meu pai, um travesti), iria amá-lo e dar a ele o amor que recebi por tantos anos da minha mãe adotiva. É claro que compartilharia com ele o que penso sobre sua situação, porque amar nunca foi aceitar incondicionalmente TUDO, mas acredito que amar é continuar do lado ainda que não concordemos em tudo (até porque ninguém concorda em TUDO). Então, sigamos amando. Amei o post.

Celina disse...

Oi Cacá amigo, boa pergunta e difícil de responder, quem nunca passou por isso.
Vou procurar incorporar a filha, talvez devido a propaganda da mãe de um italiano garanhão, eu levasse um susto no inicio, depois iria conhece-lo melhor,e se fosse um cara legal não sei porque não ficarmos amigos, e com certeza mais tarde, quando me acostumasse,um pai! Um abraço e um final de semana bem legal par vc. Celina

Toninho disse...

Gostei da Segundinha filha Zé,kkk.Mas meu amigo com as mudanças que convivemos hoje com a cabeça de hoje, penso que muitos tiram de letra esta situação.Mas tacanho como fui lá do oco do pau,estaria em maus lençóis para esta situação.Hoje toda liberdade não é castigada e que sejam felizes e reconhecidos socialmente sem nenhum tipo de intolerancia.
Grato pela felicitação e desejo a voce um domingo de paz e bela gastronomia com voce no fogão.
Meu terno abraço.

Anônimo disse...

A cada dia que passa eu penso e valorizo mais e mais o respeito que precede, inclusive, ao amor. Porém, respeitar não significa concordar. E eu ainda acho esta história de "homoafetivo" muito estranha. Pronto, falei! Abraços, Cacá!

Anônimo disse...

Cacá. Meus parabéns pelo dia dos pais. Não posso deixar de dizer da admiração que sinto por você ser apegado às suas próprias ideias. Meu abraço especial!

Miriam de Sales disse...

Olha,meu olhar é como o seu,piedoso para os que caem.O q/ seria pior(ou melhor) depende do ângulo q/ se veja,um travesti ou um criminoso do colarinho branco?O travesti é dono de suas escolhas,agora,escolher desgraçar um povo,um país,devido á cobiça,não sei se perdoaria...
Enfim,não escolhemos nossos pais.Eles ajudam na nossa concepção e...pronto. bjs e um Feliz Dia dos Pais,atrasado,mas,de coração.

Aleatoriamente disse...

Sabe Cacá? Ficaria alegre da mesma forma.
Falo por mim.
Não mudaria em nada meu sentimento.
Não faço julgamentos e nem carrego preconceitos.
Não consegui acessar o video.

Te deixo um beijinho querido.
Fernanda

Beth/Lilás disse...

Eita, Cacá, não é fácil mesmo dizer o que a gente sentiria dentro de uma situação dessas, mesmo sendo uma pessoa não preconceituosa, mas é que o caso desvirtua completamente a visão que a tal garota tinha de seu passado.
Mas, nos dias atuais em que este assunto já não cria tantos tabus, acho que rapidinho ela encaixaria, principalmente se ele for uma pessoa honesta e carinhosa.
beijos cariocas e bom fimdi.

pensandoemfamilia disse...

Que perguntinha....Não consigo estar neste lugar, mas qualquer descoberta é melhor do que o segredo.
bjs

Kunti/Elza Ghetti Zerbatto disse...

Bom dia Cacá!
Com certeza não julgar é melhor solução nesses casos.
Interessante a questão levantada e aforma que você a abordou.
Um excelente fim de semana para ti.
abração

Maria disse...

Oi,gostei das respostas de suas filhas.O assunto é interessante e o texto divertido, apesar da seriedade do debate. Apreciei a leitura do post e das respostas.Abraço e Félicidade pelo seu Dia.

Smareis disse...

Oi Cacá fique imensamente feliz com suas palavras, vou estar te seguindo pra estar de volta sempre te lendo. Gostei muito da forma que você abordou o assunto. Não sei como reagiria diante desse impasse, devido a educação que tive de meus pais. Não tenho preconceitos, e nem julgo ninguem. Acredito que muitas pessoa tiraria isso de letra pela forma que o mundo anda, nada muito ... Eu diria assustador!Cada um tem direito livre a suas escolha pelo quer, e pelo que faz.
Desejo um ótimo final de semana cheio de muitas coisas abençoadas e muito feliz.
Beijos !
Smareis

Isadora disse...

Cacá, é impressionante como somos tentados a comentar e julgar. Quando li pensei Meus Deus!!! De fato é inusitado, pois acredito que ela não imaginou isso, mas isso é nada né? O que tem isso de mais? É apenas a escolha de alguém. Vemos coisas por aí, que essas sim são tristes. Nesse caso um final feliz: a filha encontrou o pai e tomara que consigam retomar a relação e restabelecer os laços.
Beijos

Eva disse...

Oi Cacá, adoro ler teus textos que sempre mexem muito com nossas zonas de conforto, imagina, encontrar um pai que é travesti? dificil né, porque a expectativa deveria ser grande e não é por conta do preconceito, porque a opção sexual não tem nada a ver com a pessoa, mas no caso o pai era uma mãe na aparência, acho que depois do susto, riria muito e dependendo da pessoa que seria o meu pai ia adorar muito independente de ser um travesti ou não iria importar pra mim, o coração dele. beijos, Feliz dia dos pais, grandes alegrias para vc, nesse domingo.

Valéria disse...

Oi Cacá!
Há poucos dias escrevi um post, encontros e desncontros sobre minha descoberta de filha adotiva.
Sinceramente no primeiro momento fiquei muito motivada a descobrir o paradeiro dos pais biológicos, mas depois deixei pra lá. Tempos depois me encontraram e eu não fiquei nem um pouco interessada, então independente de qualquer peculiaridade boa ou não minha atitude seria a mesma quase beirando a indiferença. Acho que não sararei nunca.rssss

Grande abraço e feliz dia dos pais!

Lúcia Soares disse...

Cacá, não sei responder! Impossível dizer o que eu faria, já que a situação é inusitada.
Não tenho nada contra homossexuais, cada um é o que é.
Sempre pensei o que faria se fosse adotiva. Se procuraria meus pais biológicos. E sempre me respondo que sim, que gostaria de saber, principalmente, porque me deixaram, não me criaram. Sem julgamentos, só iria querer saber.
Mas acho que não gostaria de ter um pai travesti, não!
Homossexual, sim, mas com a figura patética de travesti, não!
Bom domingo!

lis disse...

Sabe que eu ri o tempo todo desse texto Cacá!
uma ironia fina , sutil, doido pra falar o que pensa de fato.
mas sei lá, acho que ia ser dramático sim. Hoje em dia em todos os casos polêmicos temos que ser politicamente corretos , nada de expressar com dureza, mas o fato é hilário mesmo .
gostei da resposta da segunda filha, saiu pela tangente ... é o que faria rsrs
abraço Cacá um ótimo domingo dos pais até porque sei que és um Pai de todos os dias.
felicidades nessa empreitada tá?
que seja sempre assim prazeirosa , logo no café da manhã rs
fica bem e boa semana

Emilia Vaz disse...

Oi Caca,post bacana e pra refletir.Quero te fazer um convite pro 4 por 4 dessa semana,mas preciso de tua resposta ate no maximo amanha.Deixa no blog no ultimo ping pong,ok?Te aguardo,bom domingo,bjka

Sabor de Pitanga disse...

O que eu faria, nao sei! Acho que responder fica dificil... só mesmo vivendo o fato para saber da reacao.

Abracos, Cacá.

Tais Luso de Carvalho disse...

Oi, Cacá, lendo seu texto consegui me colocar na situação de adotada. Nada me importaria antes de saber o porquê fui adotada, por que me passaram adiante... Pra mim isso viria em primeiro lugar: o porquê do abandono. Depois iria pensar no resto. Mas quando não se vive tal situação, as coisas ficam meio difíceis...

Um beijo, amigo, e um abraço pelo seu dia!

Tais Luso

Denise disse...

Toda conjectura seria, pra mim, fruto do ideal imaginário, que só conseguiria saber de fato, vivendo.
Suponho que desejasse, ainda que por um período pós-descoberta, saber quem eram meus pais, mas talvez não levasse adiante a procura - principalmente se me sentisse muito amada pela minha família...

Bom tema para uma discussão com quem viveu essa realidade - os únicos que podem saber como é.
Uma ótima semana Cacá, e um beijo pelo teu dia de pai, que são todos os outros 364 né?

Lígia Clarine disse...

uai,acho que eu perguntaria a mesma coisa que todas as pessoas que tem pais desaparecidos querem perguntar: Pai, porque vc me abandonou? e entre lágrimas, "eu precisei tanto de vc!" e então "será que vc pode tirar essa peruca?" e depoi " você ficaria melhor de vermelho, azul não fica muito bem em vc, mas o brilho ficou bom". "pai te amo mesmo assim"

Beth/Lilás disse...

Cacá, amigão!

Gostaria muito de vê-lo participando com uma dessas crônicas maravilhosas suas, lá no Blog da minha amiga e filósofa Somnia. Ela está fazendo um concurso muito legal, sobre Imagem e Texto.
Vai lá conferir e entre nessa, tenho certeza que você fará um lindo texto e quem sabe ganha um dos quadros que ela pinta. Eu tenho um que comprei dela e posso lhe assegurar que são lindos.
O endereço é:

http://borboletapequeninanasuecia.blogspot.com/2011/08/uma-foto-mil-lembrancas-para-sempre-em.html

beijão carioca

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