quinta-feira, 18 de agosto de 2011

NÓ NA LÍNGUA

imagem jornalpilares.blogspot.com
Ouvi numa rádio o locutor derrapando três vezes para falar a palavra deslizamento. Pra piorar, parece que havia alguém lá no estúdio soprando para ele a pronúncia correta e aí é que ele deslizou mesmo. Como os tartamudos. Quando eu era pequeno me ensinaram que uma pessoa que gagueja não deve ser ajudada na hora que fica rateando para dizer uma palavra, pois isso a deixa ainda mais nervosa e não sai nada além de gestos aflitos. E se for um gago muito nervoso quando ele conseguir falar algo pra lhe responder, provavelmente vai exercer aquela porção de coprolalia* de que somos todos um pouco portadores.

O Cebolinha (aquele personagem do Maurício de Souza) troca o L pelo R entre vogais – ele tloca as letlas. Tenho dois amigos de longas datas (um homem e uma mulher) que só me tratam por Zé Cráudio. No princípio pensava que fosse alguma brincadeira e só muito depois fui ver que possuem de um distúrbio da dicção chamado dislalia. O oposto, aqueles que falam tudo direitinho, com todas as letras bem pronunciadas, chama-se eulalia, que quer dizer boa dicção.

Eu sempre tive uma dificuldade enorme para aprender a falar regozijo. Aliás, aprendi muito tarde, mas nem gosto de usar. Um significado tão bonito não merecia uma palavrinha tão feia. Noventa por cento das pessoas boas de lábia que conheço derrapam também para falar lagartixa e iogurte. Os erres são sempre trocados de lugar na primeira tentativa. E salsicha, hein? Quem nunca falou salchicha que atire a primeira lata na minha cabeça.

* coprolalia = impulso incontrolável de mandar tomar naquele lugar impublicável.

37 comentários:

Meire Oliveira disse...

Cacá querido, esses dias uma amiga da minha irmã veio fazer trabalho com ela e eu estava ajudando quando falei a palavra "prolixo" e ela não conseguia falar de jeito nenhum, no máximo mandava um "prolixe"!!!! hehe

E a tal da "mortadela", "mendigo" é um rolo na minha cabeça rsrs
Adoro o que escreve!!!!! :)
bjokitas e uma quinta master iluminada!!!

chica disse...

Tu és demais.Sabes que fui ler a palavra REGOZIJO e me embananei,srsr...
Tem um monte delas...Legal teu texto..abração,lindo dia!chica

Pedrita disse...

eu tenho dificuldade com pronúncia de algumas palavras e qt mais sou corrigida mais dificuldade tenho. beijos, pedrita

Kunti/Elza Ghetti Zerbatto disse...

Bom dia Cacá!
Interessante e curioso esse tema.
E como tem palavras que enroscam quando vamos falar!
Salchicha e mortandela, principalmente não é difícil ter alguém falando.
uma ótima quinta-feira para ti.
abração com carinho

Leninha disse...

Querido Cacá,vou ter que me abalar até BH prá jogar a tal lata na sua cabeça...rsrsrs...
Não vá dizer que sou metida,tá?,é que fui criada em uma família na qual falar errado era quase um crime...e cresci corrigindo(hábito horrível) as pessoas que falavam errado...hoje só corrijo os mais íntimos.Rsrsrs...
Bjssssssss,Leninha

Eva disse...

ehehe, Cacá eu amei esse texto, o dia que não venho aqui, sinto que perco algo interessante, vou olhar o post anterior...parabéns! grande abraço e um bom dia!

Aleatoriamente disse...

Risos...
Cacá estou rindo do final rsrsr.
Euzinha,
sempre prestei bem atenção em como pronunciar certo, mas como eu errava moço!
Antes as pessoas gargalhavam do meu português “mal dizido” rsrsrs.
E geralmente criança fala sem prestar atenção, ou porque tenha realmente o problema de trocar as letras.
Meu professor também fala trocando o R pelo o L.
Deixa eu te contar.
Eu já falei salchicha rsrsrs

PS: Cacá,
te agradeço pelo lindo comentário. Fiquei muito feliz com tua presença e teu carinho.
Muito obrigada!
Beijinho.
Fernanda

Yasmine Lemos disse...

rss lembrei de papai quando contava as histórias dos locutores metidos a sabidos e erravam pra caramba.
e eu demorei a pronunciar iogurte rsss aliás até hoje!
abração
seu comentário la´no blog foi melhor do que o cartun

Vera Lúcia disse...

Oi Cacá,
Concordo com você quanto à palavra
REGOZIJO. É uma palavra feia demais para ter um bonito significado.
Ainda me atrapalho na pronúncia de algumas palavras. Acho difícil encontrar pessoas que não o façam, principalmente em momentos que se fala depressa ou para um público.
Obrigada por me ter poupado de consultar o Aurélio, pois não conhecia o significado da palavra "coprolalia".
Adorei ler.
Abração.

Celina disse...

Cacá muito boa crônica, quase todos nos identificamos com ela , existe aqui uma herança de trocarmos o p pelo b, de vez em quando vou corrigir o que escrevi descubro que as letras estão trocadas.
A minha filha sendo diretora da faculdade de enfermagem da UPU ela faz questão para eu sempre acompanha-la para ver se foi bom o seu discurso, ruim que eu sou sua fã, mais já ví muitos na hora do discurso chamar de "falcudade". No dia que chegar aí a palavra posta com a letra trocada não e xingamento não ´´e dislexia mesmo. Um abração Celina.

Berzé disse...

É um "poblema"diria Aureliano, o Chaves.
Abração, Cacá!
Berzé

Valéria disse...

Oi Cacá!
Noooossa e quando estamos nervosos então é um troca-troca de letras nas palavras! Eu que sou tímida sofro!rsss Excelente texto!

Abraço!

Celêdian Assis disse...

Meu querido amigo, a quanto tempo não venho aqui deliciar-me com seus textos. Não por falta de vontade, mas de tempo mesmo.

Nó na língua me fez rir, lembrando de algumas vezes que ouço pérolas, como as que citou, ou quem sabe até algumas vezes que dou umas derrapadas na língua. Existem umas palavrinhas danadas mesmo (perspectivas, que muitos falam prespectivas; discrição confundida com descrição; e o "iorgute" então, é o que mais ouço). Nossa língua é cheia de pegadinhas mesmo. Excelente texto!
Zé, um abração "procê" e conte comigo no lançamento, viu?
Celêdian

pensandoemfamilia disse...

Oi Caca, independente do distúrbio da fala, há palavras que acabamos esbarrando, eu se bobear na escrita troco letras de lugar....Porém há casos como o da Leninha, a correção constante em família é um excelente caminho para escrita e fala corretas...poder da repetição, que pode ser para melhor acertos, como para pior erros.
bjs

Vivian disse...

Olá,Cacá!

Tem algumas palavras que são bem difíceis de se pronunciar!! O pior é o sotaque...as vezes carrego no "r"...bem do interior!!rsrsr
Adorei seu texto,faz refletir de uma forma bem espirituosa!!
**Obrigada por retribuir a visita!
Seja Muito Bem-Vindo!!
Beijos!!

lis disse...

Oi Cacá
Um texto bem humorado a gente abre o sorriso kkk[
Concordo que tem palavras que são "pegadinhas" mesmo!Quanto ao regosijo nao acho feia nao,Cacá sempre me encabulo é com a palavra gozo que só tem conotação sexual, no entanto pode ser motivo de extrema alegria, de riso e parece ser da familia do regosijo que é manifestar alegria , encher-se dela.
Nao consigo falar essa palavra sempre fujo dela rs rsrs
Gostei da aula de palavras novas .
ri a valer do Zé Cráudio.
deixo meu abraço

Toninho disse...

Eu hem como posso atirar a primeira lata, seu odiava o "Atretico" e o Fruminense" e foi duro amigo.Belas definições com sua bela generosidade.
Blog é cultura.
Um abração mineiro.

Unknown disse...

Cacá...

afff
salchicha?

o pobrema é a salchicha?

rs...
as vezes eu me embanano também, aí eu treino até sair,rs
beijinho na alma.

Anônimo disse...

Muito bom! É verdade mesmo. De vez em quando fico tentando um trava língua que tem no DVD da Laura, mas como é difícil! Eis uma das estrofes: "Um ninho de mafagafos com
Sete mafagafinhos, quem
Desmafaguifar um ninho
De mafagafos, bom
Desmafaguifador
Será?" E as crianças do vídeo conseguem, não sei como! Abraços, Cacá!!

Néia Lambert disse...

O pior é saber que as pronúncias erradas, geralmente, são muito engraçadas. Nem vou contar as palavras que enroscam na minha língua, seria um "probrema".

Um abraço.

zelia maria disse...

Boa tarde "zé craudio" hahahha, vou confessar uma coisa, dou lá as minhas gaguejadas, Yasmine que o diga hahaha, Valeu zé, beijo de zéli

MARILENE disse...

Esses lapsos são comuns. Quando estudava, e ainda hoje, ao esbarrar na dúvida, peço socorro ao dicionário. Ainda bem que temos um rico vocabulário e podemos substituir, facilmente, uma palavra por outra, ou nos referirmos de forma diferenciada ao assunto.

A propósito de seu comentário no diário, pesei em falar também daquele caso. Enganam as pessoas com tanta facilidade! Mas podemos ver que, se conseguem, em fatos como esse, é porque o poder se impõe com um nome, mesmo na falsidade e na mentira.)

Milla Pereira disse...

Às vezes esse troca-letras é até charmoso. Mas, livra-me de ouvir isto na tv, como vi outro dia, em um telejornal famoso. Rsrsrs...
Obrigada pelo apoio nesses dias de dor por que passei. Bjks, Milla

Misturação - Ana Karla disse...

É constrangedor mesmo, corrigir uma pessoa gaga.
Mas a salchicha é muito engraçado...kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Anônimo disse...

José tô rindo aqui, muito legal esse post. Bem, como virginiano é o dom da comunicação você é um observador em tanto. O ator do filme Discurso do Rei é um virginiano, imagina que situação ele se colocou ao fazer o papel do George VI? Eu me atrapalho as vezes nas palavras, tenho mercúrio retrógrado, Casa 3 em Áries e outros aspectos que me atrapalham no contexto rsrs, abraço Cy.

Rô... disse...

oi Cacá,

tem tantas e tantas,
a nossa língua é mesmo
complicadinha,
mas vá lá,
seje,
menas,
pobrema,
é tão comum,
que tenho vontade de me esconder,
eu é que fico com vergonha...

você brilhante como sempre,
adorei o texto

muitos beijinhos

Andre Martin disse...

Interessante!
São por esses deslizes, inversões e distorções, quando feitos generalizadamente por grupos e comunidades inteiras, que vão se criando dialetos e línguas, que com a evolução e o passar do tempo, são deixados como exceção e passam a ser regra.
Por exemplos, do Português versus Espanhol:
caravela X calavera
pergunta X pregunta
fumo X humo
Qual é certo? Qual é errado?
Qual ERA certo? Qual ERA errado?
Depende sempre do ponto de vista, de audição e oratória. rsrs

Casal 20 disse...

Olá, Cacá! Acho que sempre ouvi da minha mãe que eu falava como "se tivesse um ovo na boca" (rsrsrsrs). Então, quando tinha que falar em público na Faculdade, precisava me vigiar para tirar esse ovo. Mas, de lá para cá e consciente do problema, já melhorei bastante a dicção. Contudo, quando estou cansado e preciso dizer alguma coisa, sai de baixo, acho que nem eu me entendo.

Abraços sempre afetuosos.

Nice Bacchini disse...

Me vi nesse texto.. lagartixa sempre tropecei nessa palavra, por isso falo bem devagar... rsrsr.. adorei... Bom Fim de Semana para vc e todos.. Abraços

Anônimo disse...

Kkkkk!! Tem umas palavras bem complicadas mesmo. Em redação de rádio, nós (jornalistas) aprendemos a escrever tudo em caixa alta, e aportuguesar palavras estrangeiras, pra facilitar a vida do locutor. Mas nem sempre adianta, rs!

Bjs!

Catia Bosso disse...

Dá-lhe os fonoaudiólogos né kkk mas isso é muito serio, eu sei.
Sempre gosto dos seus textos.

bj.

Catia Bosso disse...

Dá-lhe os fonoaudiólogos né kkk mas isso é muito serio, eu sei.
Sempre gosto dos seus textos.

bj.

Lena disse...

Cacá
Aff! Como essa tal de Língua Portuguesa nos deixa muitas vezes em maus lençóis!! Tenho a maior dificuldade entre escolher o "x" e o "ch"... Ah, é pq já me esqueci, mas minhas dificuldades são grandes com também outras inúmeras palavras!
Bjkas, meu amigo, mais uma crônica espetacular, que faz com que a gente vicie no seu maravilhoso blog!!!!

Anne Lieri disse...

KKK...Muito bom seu texto,Cacá!A Meire falou da "mortadela" e me lembrei de meu marido quando pequeno na escola, que falou "mortandela" e a professora corrigiu...rss...ele nunca mais esqueceu!Adorei seu comentário no Recanto sobre a Chica!Muito amistoso e gentil!Bjs,

Miriam de Sales disse...

Rsss
O cara foi tratar de deslizamento e quem deslizou foi ele...
E,o olhar de escritor deste meu amigo querido ,percebeu logo.
E saiu tum texto legal! bjs

Beth/Lilás disse...

Ahhhh, adorei!
Cê sabe, eu sou uma eulalética, falo direitinho e tenho boa dicção, por isso inventei aquele blog de poesias faladas. hehe
Mas, amigo, vou te contar, já vi e ouvi cada coisa por aí!
Eu tinha uma 'secretária do lar' em Macaé que não falava um L nas palavras. Sempre era 'bicicreta, framengo, Cráudio" e assim sempre.
Um dia, meu filho que ainda era pequeno de 7 anos, virou-se pra ela e na tentativa de corrigi-la, disse, não é Fruminense é FLuminense, vamos lá, tenta?
Ela falou corretamente, mas disse em seguida que se falasse assim lá na terra dela, que era um interiorzinho ali perto, as pessoas iriam achar que ela tinha ficado 'besta, metida'. Agora veja só, eles falam iguais nesses lugares e se algum fala certo, este um é considerado metido. Preferem, então, falar errado.
Vai se entender este Brasil e suas idiossincrasias! hehe
Bom fim de semana e bjs cariocas

Leninha Brandão disse...

Muito bom o seu texto,amigo Cacá...como todos,aliás.
Estou voltando das férias e vim te deixar um abraço...saudades de você,amigo.
Bjssssss,
Leninha

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