terça-feira, 24 de agosto de 2010

O PODER E O DINHEIRO (OU O DESIGUAL E NÃO COMBINADO)


Desde a descoberta do fogo, o homem investiu-se de poder. Aquela rodinha de pessoas sentadas ali jogando conversa fora, riscando pedras no chão, de repente sai uma faísca, queima a mão daquele mais agitado, pois esfregava com mais força e ele vê e sente o fogo pela primeira vez. O chão, provavelmente cheio de gravetos e folhas secas, incendiou-se e a turma em volta, por ignorância completa, começou a reverenciar o felizardo como um ser dotado de poderes misteriosos. O cara passou a ter poderes que nem ele mesmo sabia, mas também não era bobo e soube tirar proveito disso muito bem. Estava inventada a submissão; o dominado e o dominador; o rei e o súdito; e o popular “quem manda e quem obedece”. 

Daí para  aquele tem e o que não tem foi um pulo. Nem é preciso voltar muito longe no tempo histórico: vejamos os casos das pirâmides do Egito antigo. Alguns homens já haviam se transformado em reis, com status de deuses. Mandaram fazer pirâmides de blocos pesadíssimos de pedras, algumas equivalentes a prédios de 10, 12 andares - sem guindastes nem carrinhos de mão. Somente para que fosse enterrado um homem e mesmo assim com todos acreditando que ele ressuscitaria, coisa que mais tarde, só Jesus teria conseguido sem precisar de nenhuma humilhação ou exploração de outro ser humano.

Enfim, acho que esse é o princípio da desigualdade social. E como o homem já sabia desde remotas eras que navegar era preciso, se espalhou pelo mundo e a maior prova disso é que há pirâmides no México, no Peru, na China e nos EUA, dentre as muitas descobertas mais recentemente. Isso bagunçou para sempre os instintos primordiais do homem que dá início com esse episódio, ao processo de civilização.

O poder e o dinheiro desvirtuaram tudo quanto é pureza de sentimentos. O que começa com uma emoção forte e verdadeira, tem que ser “enquadrado” na hora de estabelecerem-se relações humanas. O perde e ganha assume a ponta das conversações, intenções e palavras, senão é prejuízo na certa para uma das partes.

Os tais instintos humanos primordiais que era para evoluírem de instintos para sensações e daí para sentimentos  - numa perspectiva cristã - perderam-se numa confusa definição do que seja fraternidade, amor e felicidade. O amor, por exemplo, tornou-se uma relação afetiva jurídico-administrativa. Aquela história de meu bem antes, meus bens depois, sabe?

5 comentários:

pensandoemfamilia disse...

Oi Caca, tudo isto mora bem lá no fundo da nossa imperfeição. A vaidade humana, no sentido de orgulho, é uma das piores carcterísticas do ser humano, daí para o poder é "só um pulo". É certo que o capitalismo vem agravando e estimulando isto.
bjs

chica disse...

Que pena que seja assim,não é? Linda crônica e tua interação estápor lá.Obrigadão!abraços,chica

Anônimo disse...

É isso aí, Cacá, o conhecido jargão, "meu bem e meus bens" tem lá suas entrelinhas relativas à vivências e satisfações de necessidades também reais, que modificam-se através dos tempos. Penso que além de perderem-se no caminho, os instintos trouxeram à tona sentimentos que vêm adquirindo diferentes significados, tudo, ao sabor das emoções! (Que tal hein, rsrs). É só voltar os olhos para a história. Está lá, plasmado.

Ótimo texto, inteligente e sutil, aliás como sempre. Bjsssssss

Toninho disse...

Bela leitura sobre esta questao/relação Zé, o fato que gerou o ato e desde então se reza nesta cartilha numa inversão total de valores.A questão submissão é mais cruel ainda do que se possa imaginar.E assim que cada vez mais se vê distante o sonho das lindas manhãs onde a fraternidade seria a base, a referencia de um mundo mais justo e igual.Bela volta amigo. Meu abraço terno.

Hugo de Oliveira disse...

Odeio esse envolvimento de amor-dinheiro-poder...nossa...é horrível.
Ótima postagem viu...

Olhe Rainha dos Raios é fantástico viu, lembro de um show em Salvador que Bethânia cantou...nossa...é brilhante.

abraços
de luz e paz

Hugo

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