quarta-feira, 15 de junho de 2011

ENTRANDO NA VARA

imagem do blog de Miriam de Sales Contos e causos

- Amor, tô indo lá na Vara! Gritou a mulher na porta.
- Opa, péra aí, que negócio indecente é esse?
- Calma, meu bem, é na Vara de família.
- Piorou, além de corno ainda tenho que passar por esse constrangimento? E com alguém da família? É algum irmão meu? Sobrinho? Ou é da sua família? Que é isso, onde estamos?
- Achei que você soubesse. Vara é a separação das especializações judiciais. Tem vara de família, vara criminal, vara civil, entendeu agora? Vou lá buscar um processo. Preciso fazer um laudo pericial.
Ah, bom, meu coração já tava aqui se despedindo. Não iria aguentar um sofrimento desses.
- Se você fosse se despedir de mim por esse motivo, teria que entrar na vara junto comigo. Mas na de família, pois é onde se fazem os divórcios, explicou ela, saindo e batendo a porta impaciente.
 
Há algumas denominações que nos deixam assim, intrigados, por combinarem a sua função nobre com situações cômicas. E podem se tornar trágicas se não vier uma explicação razoável para que a ignorância no assunto desapareça.
 
No Brasil colonial, lá no séc XVII, quando ainda nem existiam cidades, as vilas eram administradas por um regime de nomeações de pessoas de posses e títulos concedidos pela coroa portuguesa. Juízes, vereadores e homens da segurança portavam cada qual uma vara que, pelas suas características, distinguia o cargo e conferia autoridade e dignidade. O juiz (que não era do lugar, daí a expressão Juiz de fora) empunhava a sua, branca, com uma cruz sob a qual prestava juramento. O vereador levava outra, vermelha, com as figuras das armas do reino e a dos quadrilheiros (uma prévia do que viriam a ser os policiais), era verde, usada para separar briguentos de rua e efetuar prisões. 1
 
Não sei por que somente a justiça permaneceu com essa denominação. A polícia perdeu a vara, mas o cassetete continuou garantindo as bordoadas. Já os vereadores, mesmo sem as varas, continuam com o condão, multiplicando-se em número e benefícios, sob a égide da justiça e a proteção da polícia.
 
_________________________________
1 – In: Donato, Hernani, História dos Usos e Costumes do Brasil – 500 anos de vida cotidiana. Ed Melhoramentos, São Paulo, 2005.

PS: ESTA CRÔNICA É UMA DAS  QUE CONSTAM DO MEU LIVRO ARCANCANJO ISABELITO SALUSTIANO E OUTRAS CRÔNICAS

24 comentários:

chica disse...

Muito legal tua crônica e essas VARAS,rsrs ...Passaste da justiça aos cassetetes e às bordoadas(sem varas, mas com falta de vergonha na cara ) dos vereadores que andam fazendo ringue por lá!


abração,chica

Mel Braga disse...

Cacá... amo passar por aqui...
apesar da correria dos ultimos tempos... de vez em qdo eu não esisto e dou uma fugidinha para ler os amigos...
Aaaah e como é bom ler vc meu amigo!!!
Adorei o trocadilho... e as preciosas informações...
É o que eu sempre digo...
Quanto mais eu aprendo... descubro que ainda me falta tanto para aprender!!!

beijo grande meu amigo querido!!!***

Anônimo disse...

Bom Dia José, muito cômico esse assunto da Vara.
Sobre o post do meu blog da quadratura não tem nada haver com ausência do elemento Ar. Realmente pode ficar tranquilo já vi seu mapa é você não sofre dessas ausências rssrs. Obrigada por passar aqui, abraço Cynthia

Kunti/Elza Ghetti Zerbatto disse...

Divertida e iformativa a forma que você descreveu as varas.
Só não dá para rir mesmo é com a pilantragem política.
abraços

Sueli Gallacci disse...

kkkkkkkkkk Muito bom Cacá!

Sempre quis saber mais sobre a "vara" rsrs. A única vara que não gosto de me lembrar é a de marmelo, vc já sentiu ela nas pernas? Doooooooi pacas!!! rsrs (lembranças da infância, naturalmente!)

Bjobjo.

Unknown disse...

kkkkkkkkkkk

Eu não gosto desse negócio de entrar na vara não. Mesmo se for uma vara de família, como as da crônica! Cacá, eu ando em débito com seu blog, mas não é culpa minha! É do meu pc que estragou! Logo logo volto a frequentar (e comentar. hehehe

Toninho disse...

Muito boa Zé já tinha lido com o fixiqueiro do Isabelito,rsrs.Eu hem este nogocio de vara devia ser extinto uai.Um abração amigo.

Mari disse...

Cacá meu amigo,

Tudo bem contigo?
Estive um pouco afastada, mas agora estou de volta.
Vim aqui matar a saudade e deixar meu carinho a você!

Um beijo

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Muito boa, Claudio. Me lembro que minha mae usava esses termos qdo precisava visitar esses departamento do governo.

Seu cartao seguiu ontem. Pode contar uns 10 dias.

E vc está no ar lá no O que elas estao lendo.

Abracos

Celina disse...

Oi Cacá bom dia, ´muito bem escolhida esta crõnica, muitos não sabem qual a finalidade de tantas varas.aqui em casa estou bem informada com dois netos terminando Direito,só vc vendo que saco, eles fazem questão de explicar tudo dentro da lei e os artigos? haja paciencia. Um abração amigo. Celina.

Mônica disse...

Olá Cacá, muito bem humorada sua crônica!!! Sabe que eu nunca havia pensado sobre isso! Cultura é cultura, kkk

pensandoemfamilia disse...

Cômica e instrutiva esta crõnica que compõe o seu ótimo livro.

Abraços,

Anônimo disse...

Rsrsrss!! Tem vara que é útil. Já outras, só servem mesmo pra esculachar.

Bjs!!

Yasmine Lemos disse...

kkkkkkkkk haja vara..
Bem que Zélia disse que você some ,estava com saudades dos seus comentários Cacá, se bem que tentei entrar aqui e nada ...coisas do blogger
abração

Eva disse...

Cacá o humor inteligente abrange mil facetas, podemos ficar apenas na graça ou refletir de forma profunda mas nos mantendo leves. Coloquei seu blog na lateral do meu, agradeço tua visitinha. Parabéns pelo post.

Catia Bosso disse...

Essa da vara foi demais... rsrs

Mas sao coisas da vida real...

Grata! Pela leitura do meu poema...

bj

Leninha Brandão disse...

Oi meu querido Cacá,muito boa a sua postagem.Uma ótima forma de instruir
usando o cômico da situação.
Agradeço a gentil presença no meu blog,é sempre com alegria que o encontro lá.
Bjssssss mineiros,
Leninha

Anônimo disse...

adooooro cronicas leves e risonhas.

voltarei mais vezes.

abraçao

boutique de ideias disse...

Essa eu conheco... hehe Muito boa!! Quando vc soltará por aqui aquela dos bebados, hein??? O livro do Arcanjo Isabelito eu li, conheci e super recomendo!!!
Beijao!!!!

LUCONI MARCIA MARIA disse...

Demorei mas te achei,sabe estou sempre atrasada, não consigo mesmo conciliar tempo, mas adorei este teu cantinho, esclarecedor e ao mesmo tempo com um toque de humor, muito bom beijos Luconi

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