sábado, 5 de junho de 2010

PÁSSAROS E AVIÕES

Tem um homem que fica na cabeceira da pista do aeroporto da Pampulha treinando um gavião para atacar outros pássaros. Nem precisaria se fosse para ele se alimentar apenas, já que a rapina é a sua maior especialidade na cadeia alimentar. É um sistema de prevenção que a administração descobriu para diminuir o número de acidentes com aeronaves na hora do pouso. No intervalo entre um pouso e uma decolagem, lá vai ele, afastar as aves que ficam por ali, achando que os aviões são irmãos seus mais crescidinhos. Só que de vez em quando dão uma trombada com seu irmãozão e aí é possibilidade de fatalidade. No mínimo atropela a manobra. Dizem que uma ave entrando por uma turbina de avião é como um impacto de mais de uma tonelada de peso. Chega a derrubar uma aeronave, como já ocorreu muitas vezes. Risco constante para muitas pessoas. Fico observando os helicópteros que passam por sobre o meu bairro diariamente e, principalmente pela manhã, as aves gostam de acompanhá-los. Será que elas pensam que é um igual de sua raça, de tamanho maior? E ainda por cima trazendo alguma comida, já que os pássaros urbanos têm que suar muito mais nos seus vôos para garantir um rango? É muito bonito de se observar o trabalho do gavião solitário. Ele, que já está com seu almoço e jantar garantidos todos os dias, não executa a sua costumeira caça. Apenas afugenta urubus, garças, pombos e outros pássaros menores da rota de descida e subida dos aviões. Só deve ter que ser treinado novamente a caçar quando ficar mais velho e cansado, pois já deve estar acostumado com a recompensa do treinador. Vai perdendo a habilidade natural . Ou será que eles fazem com os pássaros o mesmo que fazem com a gente quando fica velho e não tem recursos para resolver mais as coisas sozinho? Ainda não ouvi dizer que tem asilo para bichos.



Deu vontade de usar uma boa desculpa para falar dos aviões para esconder o medo que tenho deles; admiração e medo. O tanto que me atraem me apavoram. Toda tragédia em outros meios de transporte são menos ameaçadoras do ponto de vista das possibilidades, exceto os aviões. Se você andar de trem, carro, ônibus, navio ou a pé, sabe que corre riscos, mas nenhum dá tanta certeza de que não poderá se repetir como o avião. Já ouviu alguém contar que sobreviveu a mais de um acidente de avião? Se já, o milagre realmente existe. Imagine uma pane em pleno ar, o avião balançando, em parafuso ou pegando fogo. Quem será que pensa que vai sair vivo? Se descontarmos os acidentes em que houve explosões, em todos os demais as pessoas foram acompanhando a morte desde sua chegada na cabine do avião até a queda final. Não dá tempo de deixar bilhetinho, nem de ligar para se despedir de alguém, de arrependimentos ou declarações tardias. Isso não é terrorismo. É o medo que me acompanha desde a primeira voada e não sai mais nem a poder de calmante. Quando eu bebia, não me importava. Só viajava “chapadaço”. Agora estou pressentindo que vou ter que encarar um vôo em breve, então colocar para fora alivia. Se não, no mínimo fica avisado de que eu queria ter ido a pé mesmo. Até a volta.

3 comentários:

gorettiguerreira disse...

Cacá você vai e volta por favorzinho...rs
Legal se não fosse triste falar dese gavião e outras aves que se imaginam irmãos dos aviões. Sua cabeça va mais que um jatinho meu querido.^Sua avaliação é mesmo real, nem bilhetinho e nem pedir perdão a deus... será que temos tempo?
Esuqeça isso e voe tranquilo amigo.
É como um remédio pra hipertensão que tomo tds os dias, assim são seus textos Cacá.
Bjs de sua fã: Goretti

Celina disse...

OI CACÁ,TUDO DE BOM PARA VC ESTOU AGRADECENDO A SUA VISITA E O COMENTÁRIO, BREVE SAI A CONTINUAÇÃO DA POSTAGEM, VIAGE PENSANDO QUE ESTARÁ DE VOLTA SÃO E SALVO., PENSAR QUANDO TEMOS DE MORRER DE AVIAÕ ELE CAI EM CIMA DA CASA E MORREMOS DA MESMA MANEIRA, VC É DE PENSAR QUE CONSOLO,MAIS APESAR DO MEDO QUE SENTIMOS POIS O BICHO É MAIS PESADO QUE O AR É O MEIO DE TRASPORTE MAIS SEGURO E RÁPIDO,UM ABRAÇO CARINHOSO CELINA

Barbara disse...

Benditos os gaviões.
Bendita Nossa Senhora do Loreto, a protetora dos aviadores.
E bendito Rivotril - que tomo mesmo sem voar, porque tenho piloto na família.

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