quinta-feira, 30 de julho de 2009

BONZO *

Apelidar é a marca carimbada do peão. Ainda não inventaram peão que não inventa ou não recebe apelido. Creio que seja do costume popular. Mas o peão adapta como sendo passaporte para entrada no meio. Cartão de visita dos incautos ou aos que oferecem pela própria cara ou modos de ser à homenagem. Para alguns vira ofensa, para outros, satisfação ou indiferença. Apelar ou fazer cara feia é pior. Tem um código velado. Quanto mais incômodo provoca, mais rápido o apelido pega e se espalha.

Pois vamos ao Pedro Bunda. Auto explicativo: era um calipígio nato. No entanto as circunstâncias fizeram mudar para Bonzo.

Entre amigos no trabalho é comum quando um tira férias, o mais chegado tomar conta da casa enquanto o outro sai em viagem de passeio com a família. Férias de peão é roça, interior ou praia. Infalível!

Pedro ficou responsável por tomar conta da casa de Jonson. Este dera-lhe as recomendações de regar as plantas do jardim e dar ração para o cachorro duas vezes ao dia. E a geladeira estava repleta de cervejas que podia tomar à vontade. Uma recompensa simples e perigosa. Pedro chegava animado todas as manhãs no trabalho e dizia que o Jonson havia deixado um tira gosto delicioso para acompanhar sua religiosa cerveja dos fins de tarde.

Depois foi o próprio Jonson quem contou a inusitada história no meio da peãozada. Ao chegar, apesar do recipiente da ração estar vazio, o Pedro havia reclamado que estava tendo que preparar às pressas um angu todos os dias para o cachorro, sempre faminto à sua chegada.

- Mas Pedro, e a ração que eu deixei sobre a geladeira?

- Minha nossa, era ração? Estava tão bom, achei que fossem bolinhas de carne para tira-gosto!

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*Bonzo era uma marca de ração para cachorros (com sabor de carne).

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