sábado, 30 de julho de 2011

FLOR, MINHA FLOR

arquivo pessoal
“Flor minha flor,
Flor, vem cá!
Flor minha flor
Laiá laiá laiá”
(do cancioneiro popular)

Eu estava pesquisando na internet aonde encontrar uma empresa ou mesmo um setor da prefeitura que cuidasse da remoção de cadáveres de animais para não fazer feio como tanto vejo pela cidade, pessoas jogando nos terrenos baldios, córregos, no lixo da rua (normalmente no do vizinho). Minha cachorra, a Flor, teve uma crise renal seguida de vários ataques convulsivos e não resistiu. Foi assim que me deparei com um site* que além de me fornecer algumas informações, me trouxe um alento para a minha dor e uma explicação racional para esse apego que critico tanto. Não o apego com o animal e sim a sua preferência em detrimento do convívio humano que tem sido tão comum no nosso meio.

Para a psicóloga, Alessandra Carvalho, “Fortes apegos de determinadas pessoas em relação a animais, talvez demonstrem que uma certa carência afetiva ou o distanciamento entre pessoas às vezes existente, possa fazer do animal de estimação um objeto de compensação afetiva”. Para ela, comprar ou adotar um animal é menos perigoso e menos sujeito a sofrimento do que relacionamentos com seres humanos, como por exemplo a adoção de crianças abandonadas. “Ao adotar uma criança, não sabemos ao certo que tipo de ser humano aquela pessoa vai se tornar, não é fácil, em caso de arrependimento, voltar atrás e dizer não quero mais ficar com você”.*

Posso não concordar com tudo o que ela afirma mas concordo que a integração do homem com os animais vem de épocas muito remotas, creio que quando o homem querendo se afirmar como animal superior entre todos ou mesmo por necessidade de um aliado para a sua  proteção ou ainda por amor, resolveu domesticar os bichos. Na pré-história eram todos feras. Assim nasceu o bicho de estimação e vem acompanhando o ser humano aonde quer que a gente vá pelo planeta afora.

A discordância está num motivo de foro muito íntimo: prezo por demais o humano acima de todas as coisas e apesar de todas as mazelas e complexidades que as relações sociais engendram. Talvez seja por isso mesmo. Dedico desde muito cedo a minha vida por harmonia, por menos desigualdades, por fraternidade, por afeto coletivo humano. Os animais não estão de fora disso, ao contrário. No entanto, diferencio o humano. Não posso concordar que tenhamos que extirpar o instinto dos bichos impondo-lhes costumes humanos. Acho mais crueldade do que amor.  A natureza vilipendiada em quase tudo já basta. É preciso preservar não só a vida, mas a vida com seus hábitos intrínsecos. Um animal domesticado apenas, mas sem hábitos humanos é mais dócil do que aquele tratado como objeto preparado para compensar as nossas faltas afetivas. Ele se apropria do espaço humano e ao mesmo tempo é expropriado de seus costumes, subtraído de suas ligações naturais, modificado em sua gênese. Acho que se tivesse a faculdade do livre arbítrio ia rebelar-se em muitos momentos. Mordida na certa.

A Flor simbolizava um pouco dessa minha tentativa e desse meu apego. Foi-se, deixando uma profunda saudade. Já não vou poder acordar nas minhas madrugadas e tê-la esperando por um afago e dando o seu em troca com brincadeiras e com o carinho habitual. Também não aceitei ofertas de quem para me consolar ofereceu outro cão em seu lugar. Não seria coerente para mim considerar os bichos, no fundo, no fundo, não mais do que objetos de consolo para as mazelas, para a miséria humana chamada falta de afeto.

*fonte: http://deiabastos.blogspot.com/

31 comentários:

Rô... disse...

oi Cacá,

passei por isso também recentemente,
e o vazio ainda está presente aqui em casa,
colocar outra cadelinha no lugar da Vic,
não faz parte dos nossos planos,
mais tarde pretendemos ter uma outra sim,
mas que seja outra de verdade,
com sua personalidade,seus hábitos e gostos próprios,
inclusive as suas preferências,que sempre foram muito respeitadas aqui por nós,
mas vou lhe dizer uma coisa,
é inegável que aprendemos muito com a Vic,
e...
saudades...

beijinhos

Denise disse...

Cacá, identifiquei-me com teu texto, talvez pq, sintetizando, tb "prezo por demais o humano", o diferencio tb, entretanto, animais têm uma docilidade impressionante - e além das pessoas que os "adotam" afetivamente, as crianças compartilham seus mundos.

Um ótimo fds!
Beijo

chica disse...

Isso dó mesmo,Cacá e não adianta trocar por outro,Cada um é um...abração,fica bem,chica

Lilian Ferreira disse...

Puxa vida, Cacá. Meu cachorrinho esta passando por essa fase que a sua cadelinha passou. Já estou me preparando para quando ele partir(já tem 14 anos). Valeu demais seu toque.
Também fico na dúvida de arranjar outro ou não...

Kunti/Elza Ghetti Zerbatto disse...

Bom dia Cacá!
Esse momento é muito delicado e é como perder uma pessoa.
Por mais que nós humanos, sejamos mais evoluídos, temos muito de aprender com eles, tidos como irracionais e entre as várias coisas a capacidade de amar incondicionalmente!
Força e muita paz ao teu coração.
abração com muito carinho

Celina disse...

Cacá, bom dia amigo, sei o que isso, depois que perdí o meu'Cofapi' não quis mais saber de criar outros, tambem morando em apartamento, bicho nenhum merece isso , quando a nossa residencia era uma casa cheguei a criar até treis cachorros.Sinto muito Cacá, abraços Celina.

Hugo de Oliveira disse...

Oi amigo Cacá,


que triste que sua Flor se foi. O cachorro do meu pai se foi no mês passado e foi um lamento só na casa, todos chorando pela falta que irá fazer.
O meu irmão tem um cachorro que mais parece um filho de tao bem amado e cuidado que é. Tenho até medo de pensar em perde-lo.
Agora mesmo ele está aqui ao meu lado deitado, sua companhia é fonte de amor, carinho e amizade.

Nem todo homem possui a sensibilidade animal.


Abraços

pensandoemfamilia disse...

Oi Caca
Já tive animais de estimação e concordo com vc. Eu também não acho saudável a troca de afetos humanos por animai.Concordo que o animal tem muito a nos ensinar e que não devamos humanizá-los.
Bom final de semana.

JoeFather disse...

Amigo, és justo e bom, e o coração por pouco não lhe cabe no peito!

Admiro-o!

Abraços renovados!

Catia Bosso disse...

Caca, meu lindo escritor amigo!

Cada um tem sua interação (a rigor ou não) com algum animal, seja ele de 4 de 2 patas ou de asas, seja la qual for... basta a afinidade acontecer... Alias, eu gostaria muito de apreciar um texto seu sobre Afinidade...
No aguardo!

bjsss meusss


Catita

Eva disse...

Oi Cacá, lamento profundamente a perda da Flor, foi-se deixando um rastro de amor na tua vida, eu amei o teu artigo, achei genial a escrita, concordo contigo em tudo, imaginando como deve estar dificil a perda, meus sentimentos, um abraço!

Gilson Faustino Maia disse...

Todo relacionamento, humano/humano ou humano/animal é complicado. Embora a morte seja a maior das verdades entre os viventes, a gente ainda não a aceita. Agora a maneira como muitas vezes as pessoas se dedicam a um animal de estimação eu não acho correta. Acho que a gente tem que separar as coisas, inclusive nota-se uma falta de higiene enorme a intimidade excessiva que às vezes existe. Depois do meu Ringo, não quis outro cão. A vida deles é mais curta que a nossa e a gente acaba sofrendo muito, ainda sinto falta dele. Você faz muito bem em não tentar substituir. Nada substitui, apenas ilude. Meu abraço.

Tatiana disse...

Cacá querido...puxa vida,nao sei nem o que dizer, fico triste pela sua perda,a flor era realmente uma fofura!!
Tenho um e sei bem a companhia que nos faz,e esses momentos deixam saudades no nosso dia quando desaparecem!!
Concordo com você, o exagero ou extremos nunca sao saudáveis!!!
Beijocas!!

Maria Rodrigues disse...

Amigo Cacá lamento a morte da sua cadelinha Flor. A minha mãe trabalhou para uma senhora que sempre dizia preferir a companhia dos animais à das pessoas, talvez por ter sido muito magoada. Não tenho cão, mas tenho um coelhinho que adoramos e quando ele partir acredito que vai deixar um enorme vazio.
Bom fim de semana
beijinhos
Maria

Vera Lúcia disse...

Lamento pela flor, Cacá.
O dono de um animal afeiçoa-se muito
a ele e a perda é muito doída.
Creio, por outro lado, não obstante
a preciosidade da companhia e fidelidade dos cães, eles não devem ser substitutos do afeto humano.
Ótimo final de semana para você.
Abração.

Quintal de Om disse...

Me fez vir á mente, Cacá querido, Uma citação de um homem que admiro muito:

"A grandeza de um país e seu progresso podem ser medidos pela maneira como trata seus animais" [Mahatma Gandhi]

Abraços, flores e estrelas...

Meire Oliveira disse...

Cacá querido, aqui em casa passamos por isso com o cachorrinho da minha irmã há quase um mês. Achei que ela fosse querer outro logo de cara, mas até agora num disse nada. Ela era super apegada a ele :( foi uma peninha.
Quando eu era pequena adorava cachorros, mas uma vez perdi uma que era muiiito apegada e desde então não gosto de me apegar a eles, apesar de que convivendo é praticamente impossível vc num criar amor por uma coisinha peludinha e fofinha né?!!!

bjokitas com master carinho pra ti :)

Maria Emilia Xavier disse...

Oi Cacá, fuja desse site que aconselha deixar uma criança sem provar do amor incondicional, sem conhecer o ambiente de uma família, apenas porque pode vir a ser... o quê? Gente como todo mundo, sujeito ao menear da vida? Será que ela não lê jornal? Não acessa a Net? Os filhos de sangue, apesar de toda a herança "MARAVILHOSA", não surpreendem?
Concordo com você quanto a aculturação dos animais, é crime e merece mesmo muitas mordidas, não uma só.

LUCONI MARCIA MARIA disse...

Concordo plenamente CACÁ, os bichinhos têm sentimentos, sentem dores, fome e sede, como todo ser vivente, Deus não os colocou para serem brinquedos em nossas mãos, mas realmente tem que haver a diferenciação entre eles e os humanos. Apesar que ultimamente estes últimos não mais estão merecendo assim serem chamados, a indiferença é geral e não só com os animais, beijos Luconi

Flor da Vida (Suelzy Quinta) disse...

Amigo, sensível texto o teu!
Aplausos sempre!!!

Receba meu carinho e o desejo de que tenhas uma linda e abençoada semana!

Beijos fraternos.
Suelzy

lis disse...

Oi Cacá
É uma separação doída e quem possui um animalzinho de estimação precisa se preparar . No meu caso, nem imagino ficar sem a Pitty agora.
O interessante é que criamos laços de afetos com esses animais tais como se humanos fossem , daí a dor de perde-los.
Vai fazer falta, certamente ,mas voce supera logo.Mais tarde quem sabe um outro pra cuidar ,de novo, não pra substituir.
uma boa semana e deixo um abraço apertado.

Anônimo disse...

A beleza dos animais, alguns em especial, é algo que me salta aos olhos. Porém, admiro-os de longe. Confesso, nunca os quis por perto. E menos ainda agora que moro em apartamento. Por aqui conheço vizinhos que tem cachorro, mesmo morando em apartamento. Neste caso eu também acho mais crueldade do que outra coisa. Abraços, Cacá!

Lúcia Soares disse...

Oi, Cacá. A Flor era muito lindinha, vai fazer falta, sim, mas o bom é ter convivido com ela.
Concordo com o texto, as pessoas estão substituindo o afeto com os animais pelo afeto com as pessoas. Muito triste pensar que melhor ter um animal do que um humano como amigo ou companheiro de vida.
Também me rebelaria se fosse uma cadelinha quisessem me tratar como um bibelô, ou como um ser humano, pelo menos no que toca a enfeitar, a compartilhar a coberta, essas coisas todas que se fazem com os pobres bichinhos.
Boa semana!

Anônimo disse...

__________________________


Concordo inteiramente com você... Animais domesticados, devem ser muito bem tratados e receber de volta, todo o carinho que nos dão... Mas, são animais e como tais devem ter o seu lugar... Nem melhor, nem pior, mas diferente...


Beijos de luz e o meu carinho!!!

...sinto pela falta que a Flor vai fazer...

Zélia (Mundo Azul)


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Yasmine Lemos disse...

ôu Cacá sei bem o que é isto.Tive um cachorrinho "Tom Jobim" nossa até hoje sinto sua falta.Não quero mais criar nada.
abração

Anne Lieri disse...

Cacá,uma excelente reflexão nesse texto!Com certeza um cãozinho não substitue outro!Lamento pela sua Flor!Sei como dói perder um bichinho querido!Bjs,

Tais Luso de Carvalho disse...

Cacá, vi agora este seu texto sobre a cadelinha Flor, e sobre sua perda. O que acontece, é quem tem um bichinho dentro de casa, naturalmente se afeiçoa muito, simplesmente pelo fato de a gente receber amor sem cobranças. Falo em amor porque os animais também amam. Se não amassem, como se explica de alguns ficarem ao nosso lado ou sobre o túmulo após a morte? E a realidade mostra isso. Acho que pelo fato de amarmos um animal, não quer dizer que estamos carentes de afetos humanos, não concordo com a psicóloga. Amor, Cacá, não fecha buracos, lacunas, ele só acrescenta. E acredito mais em gente que ama animais, do que aqueles que apenas olham, meio que indiferentes.

Um beijo, amigo, sinto por você e pela Flor. Digo a você também, fique em paz!
Tais Luso

Suely disse...

Outro dia eu estava na praia e recebi um panfleto sobre um desses serviços de funerária para animais. Fiquei pensando o quanto eu fiquei mal quando um passarinho que eu criava na infância (hoje jamais prenderia qualquer animal numa gaiola) morreu e eu fiz o seu enterro no quintal da minha casa. Quando a gente cria um bichinho muito afeto a gente deposita e troca. E fica a recordação dos momentos bons, engraçados, do carinho... Lamento pela sua flor. Beijos.

Ana Liu disse...

Vou demorar muito para me acostumar, e vc sabe muito bem o por que... igual a FLOR,não vamos ter mais, era nossa FLOR, fazia parte da familia...das nossas vidas... o vazio está enorme... ai está dolorido, ainda bem que tenho vc para dividir comigo, essa dor. Te amo muito!Sua esposa Liuzinha

Sheilla Liz disse...

Oi Cacá! Sinto muito pela sua cadelinha Flor, eu tbém perdi minha gatinha Pinduca a pouco e sofri bastante, foi ótimo ler o seu texto, me identifiquei em várias partes. Bjuss e obrigada pela carinhosa visita

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