quarta-feira, 12 de maio de 2010

ZÉ MIJÃO

A NOTÍCIA

XIXI NA CAMA PODE TER CAUSAS GENÉTICAS, DESTACA MEDICINA.

Dra. Jennifer Abidari



Algumas semanas atrás, atendi uma garotinha de cinco anos que ainda fazia xixi na cama toda noite. É uma reclamação comum: pelo menos 15% de crianças saudáveis de cinco anos de idade não passam uma noite completamente secas. Fazer xixi na cama é bastante comum até em crianças mais velhas. ..

... não se trata de problemas emocionais, ou erros que os pais fizeram durante o treinamento para o uso do banheiro, ou preguiça, que algumas pessoas ainda atribuem ao fato de fazer xixi na cama (e o problema é cerca de três vezes mais comum em meninos do que em meninas)...

De fato, uma das piores coisas de fazer xixi na cama é o estigma...

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Fonte : http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u681399.shtml - 19/01/10
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A CRÔNICA



Eu já havia confessado publicamente que fiz xixi na cama até os doze anos. Foi uma forma de lavar a alma. Isso por que o resto foi a minha mãe quem lavou. Colchões e mais colchões; lençóis e mais lençóis Uma maneira também de criar um mecanismo psicológico de negação de culpas que carregava. Funcionou que foi uma beleza! Agora vem essa notícia para me lembrar tudo de novo! Que coisa! Então o jeito é ir contado mais detalhes de como as coisas se davam, quem sabe não saio com uma cura definitiva sem divã, já que, pelo visto, o assunto volta e meia vem nos noticiários. Ou melhor, meu analista ficam sendo os leitores, mesmo que não me falem nada, apenas ouçam a angustia de um ex-mijão.



Era quase todos os dias. Minha mãe não me castigava fisicamente por causa disso, mas o castigo psicológico, creio, doía mais. Então, quanto mais era ridicularizado perto de meus irmãos, mais colchões novos eu ganhava. Dos nove irmãos eu era o único que trocava de colchão pelo menos a cada três meses. Naquelas madrugadas, quando o calor da urina me vinha fazer companhia sob o cobertor, eu me levantava num pulo e virava rapidamente o colchão para baixo, na ingênua esperança que não fosse notado no dia seguinte. O pior era que escorria mais rapidamente e formava aquela poça debaixo da cama, me denunciando antes mesmo que o cheiro característico o fizesse ou antes de serem trocados os lençóis. E também tinha o problema de ter que tomar banho no meio da madrugada. Não dava para ir à escola daquele jeito. Os irmãos quando queriam me provocar chamavam-me de Zé Mijão. Minha mãe fez até um verso pedindo à Nossa Senhora da Conceição para compadecer de mim. Não sei o que a Santa tem a ver com isso, nunca soube que ela era a padroeira dos mijões na cama. Mas enquanto ela cantava, eu chorava. Muito tempo depois eu ficava tentando me lembrar quando foi exatamente o dia em que não fiz mais. Deveria ter merecido uma comemoração. Não teve. Acho que ninguém, nem mesmo eu acreditava que o último dia teria sido o último dia.



6 comentários:

chica disse...

Eu conheci um menino cuja mãe fazia desfilar com os mijados ,pra que tivesse vergonha.Pode???Linda crônica!abração,chica

Elaine Barnes disse...

Muito boa sua história,carregar o estigma é muito pior,mas, muitas crianças de até 12 anos fazem sim,minha filha fez até os cinco e os médicos chamavam de diurese noturna.Lembro-me de deixar tres lençois e plásticos sobrepostos,e tres pijamas,depois ela mesma já ia tirando e se trocando sozinha na madrugada pra ficar no seco. A gente tem que adaptar tudo né?!
Ah coloco o creme de leite no brigadeiro quente ,esmigalho as bolachas,mexo e espalho num prato ou tampa de pirex.rs...Montão de bjs e abraços

Maria Emilia Xavier disse...

Após exames físicos, o que há para ser feito é o tratamento da "roça", não tomar nenhum líquido após às 18h e 1h após a criança ir dormir levantá-la e colocá-la para fazer xixi e, também, muito amor, respeito e conversa com ela SÓZINHA sobre esta dificuldade e conscientizá-la que é ela quem precisa regular a água que toma a noite. Tiro e queda amigo, rapidinho acaba. Você tem razão, é falando, democratizando nossas dificuldades que encontramos os pares, os semelhantes e quase sempre soluções. Mas que têm algumas dificuldades que são "dose" para democratizar, lá isso tem...AHahah...Muito boa sua crônica.

Enrique Andres disse...

Impecavel a forma de te expressar, totalmente compreensivel e hilário.
Cacá, um seguidor incansavel de tantos blogs, quando recebo um elogio teu, considero-me afortunado e valorizo em dobro.
Te aprecio muito!

DASFFEL disse...

Oi amigo!!eu só parei com 11 anos!!kkk,lembro que foi perto do natal,e para ganhar uma bicicleta!adorei sua história!!bjss!!!

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