Já reparou que os cavalos não dão coices com as patas da frente? Deve ser por isso que eu me aproximo observando e fico procurando chifres na suas cabeças. Se não achar nada, pelo menos não corro riscos maiores do que umas mordidas. Pois é, disso eu fui pensar naquilo que move a inquietação juvenil atual além dos hormônios sexuais. O desejo de afronta, a necessidade de transformação, os impulsos à aventura estão adormecidos ou estão entorpecidos pelo poder da máquina de fazer de nós todos, marionetes de uma roda do consumo que não leva a muitas satisfações além daquela sensação de superioridade em uma disputa ferrenha de quem vai ter mais e melhor? Se não está sendo possível deixar um mundo melhor para as próximas gerações, por que então não deixar as próximas gerações em condições de construírem este mesmo mundo de uma forma que não seja esse caminho por onde vamos indo e onde já estamos enxergando o início do beco que não terá saída? A que lugar pode ir o mundo senão ao fim, de fato com um apelo em nível global que só interessa produzir e consumir mercadorias como sendo a finalidade única e assaz satisfatória para a humanidade? E quanto mais se produz mais se quer produzir e quanto mais se esgotam os recursos naturais, mais se arranjam formas de substituí-las por artificiais, num processo predatório e destruidor. E o que tem sobrado de contradição mais evidente no seio dos pensamentos dos quais querem amalgamar em um novo senso comum? É tudo tão previsível em termos de perspectivas... Imprevisibilidade se acha apenas nos medos e paranóias individuais e coletivas sobre assaltos, sequestros e violências de todo o tipo. Mais não há que se pensar para um debate de acirrar ânimos de gente que está numa fase de desconstruções e reordenamentos interiores e exteriorizantes: a nossa outrora linda juventude.
A contradição, único alimento de agitação que existe hoje e que vem sendo considerada a coisa mais profunda em termos de validação de existências com bagagem intelectual e militante é em última análise: de um lado, os que acham o desenvolvimento da economia sendo barrado pela necessidade de se preservar o meio ambiente. De outro lado, os que querem preservar um ambiente salubre para a vida achando que a economia tem que respeitar alguns limites. E só. E quem vai vencer nessa economia de argumentos? O dinheiro, certamente vai falar mais alto, pois não há mais como sequer se pensar uma organização social onde ele não seja a mola propulsora de tudo. Quer dizer, pensar até se pensa muito, mas soa absurda qualquer teoria que venha se opor ao culto que se faz aos bens materiais. Tudo se traduz em necessidade e todos acreditam que no fundo seja mesmo. O propalado “preço do progresso” que falamos até sem pensar às vezes no que isso significa, é o quanto custa para se criar a miséria humana em seu sentido mais pervertido. Tem sido assim na história humana. De consenso em consenso, vamos tornando o planeta quase insuportável de se viver com o uso dessa inteligência fenomenal que Deus deu aos homens. O mundo é grande e muito ainda desconhecido. Precisa de utopias para não se desnortear tanto seguindo verdades de uns poucos que julgam a bel prazer que são ou podem ser seus donos. Utopias precisam de idealismos para lhes dar forma. Quanta falta faz uma juventude inquieta com a ordem estabelecida...
5 comentários:
Sempre brilhante,Zé! Tuas crônica são lindas e não só...consistentes também!abração,chica
Este teu texto deveria rodar o mundo.
é triste ter de concordar,mas muitas vezes o dinheiro fala mais alto, mas quem sabe uma hora a "coisa" muda...
Ah mãozinha danada, não pode pegar nada que desenhe palavras que vai certeiramente no alvo...Nada a acrescentar, é essa a situação que brilhantemente sua última frase fecha com chave de ouro a perfeita cônica. Parabéns! Beijos.
Muito legal esse seu senso de humor.
Continue sempre nas patas dianteiras por favor hein...rs
Bjs
Muito legal esse seu senso de humor.
Continue sempre nas patas dianteiras por favor hein...rs
Bjs Cacá.
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