terça-feira, 17 de maio de 2011

ÍDOLOS

Tudo o que eu precisava era de uma informação. O sujeito estava de costas para mim e toquei o seu ombro para perguntá-lo algo a respeito daquela fila. Primeiro começou limpando o ombro como se eu estivesse sujo, mostrando todo o seu desagrado. Já estava começando a desistir do pedido de ajuda, quando finalmente se virou para mim, me olhou com aquela cara de “Ai, meu Deus, mais um!” como se eu estivesse querendo autógrafo. Nem reconheci o cara. Mudei de pessoa e uma senhora muito polida me satisfez a dúvida. Depois que saí um rapaz (que teria acompanhado a cena) me seguiu e disse que eu estava falando com nada mais nada menos do que com um famoso. Mas ele queria mesmo era ser solidário a mim, também achou o cara meio pedante, petulante, arrogante.  Eu fiquei pensando: Famoso? Numa fila? Uai, tem algo errado ou não é Brasil!

Ídolos é melhor não conhecê-los pessoalmente, alguém já disse isto. A começar que não são unanimidade. É ídolo para uns e para outros, não. Depois, não quer dizer que vamos nos comportar como tietes na sua presença. A menos que exibam uma aura ou pó cintilante que avisem logo possuir brilho a qualquer distância ou um magnetismo que nos mova involuntariamente do lugar onde estamos em sua direção para beijar-lhes as mãos ou fazer uma reverência de súditos. Perdem a oportunidade de conviver no anonimato. Se o sujeito sai na rua e não é reconhecido, se deprime. Se for, empina o nariz e dá rabada na sua legião de fãs. E ainda vai para a imprensa reclamar do assédio. Imagino que para esses deve ser muito difícil viver como uma pessoa normal. As pessoas normais já estão se achando...

Os ídolos são para a convivência distante. Conhecer um ídolo pessoalmente pode quebrar todo o encanto, uma vez que as pessoas são comuns quando não estão de máscaras, rótulos, flashes ou holofotes, palcos ou câmeras. E o comum não encanta ninguém que não esteja procurando algo mais do que uma relação cordial e amistosa. Imagine um herói fazendo as suas necessidades mais fisiológicas? Eu em criança pensava que miss não soltava gases. Meu pai afirmava que sim, só que tinham cheio de Cashmere Bouquet. Eu acreditava piamente. Pensava que um galã não podia jamais ter mau hálito. Fiquei tão decepcionado quando li o Richard Gere dizer horrores de atrizes hollywoodianas sobre mau hálito e que era custoso fazer cenas de beijo. Não citou nomes, mas quem assistiu a uma boa parte de seus filmes românticos sabe que ele só fez par com lindas beldades do cinema.

 O que mais me encanta nesses tipos de celebridades é que a gente não pode nem chegar perto deles, a segurança não deixa, graças a Deus.

35 comentários:

Tatiana disse...

Engraçado Caca...pensando aqui com meus botões, acho que nao tenho nenhum idolo. Admiro certas pessoas,mas esse negocio de idolo é complicado,ne?
Parece meio fanatismo,esse negocio de idolatrar alguém.
Uma vez eu estava em um shopping em Cancun com uma amiga Uruguaia, de repente ela saiu correndo como louca atrás de um cara, detalhe, o marido estava junto.
Era um cantor espanhol que eu nunca tinha ouvido falar antipaticissimo...um horror, nao deu a mínima pra ela.Nao acreditei quando a vi babando o ovo do infeliz!!!
Pobre desses indivíduos....
Beijocas!!

Anônimo disse...

Boa Noite Cacá!
Verdade. Graças a Deus que não podemos chegar perto deles. É a Divina Providência cuidando de nós. Imagine o príncipe virar sapo? Ali, na nossa frente, sem dó nem piedade? Já pensou? Sem encantamentos, na luz do dia? Ah, não. Me recuso, rsrsrs. Sabes, eu também pensava (em criança) que artistas não faziam necessidades e nem tinham mau hálito. Que acordavam sempre nos trinques. Santa ingenuidade!!!
Agora, essas antipatias com os fãs, com a imprensa, etc, me enojam.
Adorei a crônica. Demais.
Bjssssssss

Celêdian Assis disse...

Bom dia, meu amigo!

Genial o seu pensamento sobre ídolos. É impressionante como os transformamos em mitos, como se não fossem tão iguais a todos nós. É como se eles fossem deuses e nós os filhos dos deuses. Claro que só na imaginação, pois na real, o que vemos mais comumente entre os famosos, é a arrogância desmedida e um distanciamento antipático enorne de nós simples anônimos, o que nos torna realmente diferente deles. Parafraseando uma famosa frase: "ídolos, melhor não tê-los" pelo menos não tê-los como deuses.

Maravilha de texto, Zé. Um grande abraço, meu querido.
Celêdian

Denise disse...

A última frase resume com precisão o resultado que esses comportamentos pedantes geram na gente.
Há algum tempo cruzei num vôo com uma atriz conhecidíssima, que reconheci pela voz - o cabelo molhado depois do banho, a cara lavada e o jeans surrado a deixavam muito parecida com qq uma de nós. A voz exaltada era pq ela atrasara pra embarcar temendo o assédio, e como resultado, sem poltrona marcada, teve como unica opção "o fundão" - isto a tirou do sério...foi possível observar o rosto das pessoas, decepcionadas com o estrelismo, a atitude pedante. Foi ignorada.
Mas eu tive um ídolo admirável: o Ayrton Senna...nem preciso falar, né?

Desejo que os seus estejam bem, e tenham todos uma semana com dias melhores.
Abraço forte!

Yasmine Lemos disse...

São uns porres! E graças aos seguranças não podemos mesmo chegar perto. Acho que eles realmente não soltam gases rsss
Bom dia Cacá adorei!
abraços

Berzé disse...

Manhã tão bonita manhã...sem ídolos, gurus, chefes e outros do tipo. A vida é bela e fica mais com uma cronica tão gostosa como essa.
Parabéns Cacá!
Berzé

Elaine Barnes disse...

O sucesso sobe a cabeça e quem já era arrogante fica pior ainda rs... Os famosos são cercados de seguranças para proteger as próprias prisões que se trancaram. Claro que tem exceções.Achei muito legal seu texto,a realidade é essa: As pessoas estão aonde as colocamos.Idolatrar com fanatismo é prejudicial a saúde mental rs... Montão de bjs e abraços

Mariana disse...

Deixo um carinho Caca, e penso igual...mais seguramente tem uma parte boazinha, linda, eles, os ídolos...eu só vou olhar isso...são humanos...rs...rs...os gases e o hálito...rs...rs tal cual...gostei de seu relato.
Meus carinhos de sempre.

chica disse...

Pra mim esses caras todos podem passar ao meu lado...Não reconheço ninguém,srsr

Minhas filhas querem me matar!!!rrs..

Não dou a mínima bola pra esses abosrtados arrogantes, metidinhos...

Todos deviam fazer o mesmo.Eles iriam se tornar simpáticos,tenho certeza...


Primeiro penduram melancias nas orelhas pra aparecer e depois, não querem ser incomodados.Vão catar coquinhos no asfalto!!!

abração,chica

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Bom dia, querido amigo Cacá.

Adorei!!
Esse ídolo já deve ter sido ultrapassado, mas só ele não se deu conta.

Realmente quando a pessoa "se acha", já decepciona os fãs.

Até no seu cotidiano, as coisas são engraçadas.
Lembrei-me de alguns comerciais que a Globo tem exibido, que é justamente situações assim:

O galã pensa que ele é o foco, mas é um chinelo, etc.

Ler você, é sempre um prazer.

Um grande abraço.
Tenha uma linda semana de paz.

Cronicando disse...

rsrsrs.... Muito bom, Cacá. É um ponto de vista de abrir os olhos de muita gente.
Já se perguntou como reagiria diante do seu maior ídolo? É tão deprimente imaginar nossa cara que o melhor mesmo é nunca nos aproximarmos.
Abraços!
Kenny Rosa

Celina Dutra disse...

Excelente texto, como sempre. Sobre ídolos, digo para o bem ou para o mal, minha verdade não está nos olhos alheios! Alguém já cantou "quem sabe de mim sou eu"!
Beijos

Rosane Marega disse...

Legal Cacá, adorei o texto.
Acredito que todos um dia ja tiveram uma surpresinha com esses tais idolos.
Beijosss

Anônimo disse...

Bem disse Hobbes, o homem é o lobo do homem. Estranho, mas o homem é capaz de agir contra si próprio. Mas, vc contando não deixa de ser engraçado! Abraços!!

Beth/Lilás disse...

Muito boa sua crônica, Cacá!
É mesmo, esquecemos que somos todos iguais, até mesmo as 'celebridades'!
Noutro dia, com uma amiga no CCBB no centro do Rio, cumprimentei e sorri para uma atriz velha conhecida de guerra, mas um tanto quanto antipática e que não retribuiu a saudação. Tô nem aí, pensei eu, coitada, precisa ralar tanto quanto qualquer um de nós para trabalhar, mas não precisava ser antipática, ainda por cima velhusca, cansada de guerra, deve saber diferenciar um fã maluco de um educado, mas fazer o quê se a pessoa se acha superior?
Tão importante ela é que esqueci até o seu nome, não consigo lembrar agora. hehe
beijinhos cariocas

Hope* disse...

Cacá,
Parabéns pelo texto! Você conseguiu traduzir muito bem essa espécie! Só faltou matar a curiosidade, qual a identidade do senhor dos Bons Modos*?! Desculpa mas sou terrivelmente curiosa, rsrs...
Um Abç querido!

Celina disse...

oi cacá boa tarde, passei para agradecer a gentileza do convite, ,um dia vou te conhecer e vou sorrir muito com as tuas historias verdadeiras e engraçadas,mais este ano não dá,mais uma vez, muito obrigada amigão. Li a tua crõnica, gostei muito com certeza. UM abraço fraterno, Celina;

Miriam de Sales disse...

acá,como a garota Tatiana ,acho q/ eu tb nunca idolatrei ninguém.
Oq/ acho engraçado é que as pessoas ralam e fazem de tudo para serem conhecidas e, qdo conseguum andam de óculos escuros ,cheias de disfarces p/ n/ serem reconhecida.
Dá prá entender???
Há pessoas que eu adoraria nunca ter conhecido; preferia guardá-las na memória, no imaginário.
Como iz o Chico Buarque:-Todo mundo tem pentelho só a bailarina é q/ n/ tem.
Mas,o pior é q/ têm.às vezes ,os famosos é que são os pentelhos.

Miriam de Sales disse...

kakakaká,só tu mesmo!Isso tá virando um fórum.
Já pensou a gente topar c/ o Dado Dolabela?Ou c/ o Mano Caetano?
Os Gonzaga ,pai e filho, eram insuportáveis.
O Gonzaguinha,um dia,estava num 5 * em SSA.
Não tinha começado o almoço,um bufê.
Minha caçula, adolescente,achegou-se meio sem jeito e lhe pediu um autógrafo.Ele respondeu alto e grosseiramente:-Não vê q/ estou almoçando?
N/ estava.
Qdo Aninha chegou toda chorosa e envergonhada,a mãe dela,q/ não é nenhuma lady, falou:-Querida,saido dos cafundós de Exu ,se está almoçando, hoje,aqui,é porque vc e outras lhes compram os CDs.
Ele me olhou c/ cara de poucos amigos.Eu fiz uma cara mais feia ainda e ele desistiu.

Regina Coeli Carvalho disse...

Olá,
Hoje qualquer um que tenha seus cinco minutos de fama se acha celebridade, é o famoso Sesi (se sentindo).
Ainda bem que alguns não permitem a aproximação, pois esse tipo de gente que limpa o ombro ao ser tocado demonstra a falta de educação, aquela de berço que independe de classe social ou nível intelectual.
Quanto mais distante dessa gente melhor.
Meu abraço.

pensandoemfamilia disse...

Boa crônica
Pensei e chego a conclusão que não tenho ídolos. Tenho algumas admirações em várias áreas, mas que não me fariam desmair por encontrar enquanto pessoa.
Hoje temos muitas celebridades pré fabricadas, estas normalmente são arrogantes.
Abraços,

Nice Bacchini disse...

Caca, realmente é uma surpresa alguém famoso na fila. Lembro um dia no aeroporto do Rio, estava na fila com meu filho, na época com seis meses, quando ia ser atendida chegou um ator, galã, bonito, aliás três atores, todos jovens e foram atendidos na minha frente, um deles meio sem graça olhou para mim e disse que já estava na fila, que só tinha ido ali, na mesma hora respondi: me engana que gosto! Todos na fila riram e ele ficou sem graça. Engraçado que ele estava voando para Brasília para ser príncipe de um debutante. Descobri isso no aniversário, rsrs, já que era filha de conhecido meu... Tenho um ídolo, sim, mais vc irá saber quem é quando ler o texto sobre tietagem, que estou escrevendo... Abraços

Toninho disse...

Melhor é nao conhece-los,disse tudo amigo,assim evita-se o risco. Dizem que há casos e causos, mas o melhor é evitar mesmo. Vi um caso na Tv deste cantorzinho emergente que anda cantando Hino Nacional, num hotel no Pará onde ele desfez de uma fã e causou mal estar num outro cantor e aí o pau quebrou,kkk.
Bela abordagem amigo.
Sempre minha admiração.
Meu abraço de paz e luz.

Vívian Fonseca disse...

To contigo e não abro!!
Disse tudinho sobre eles: PARABÉNNS!!
Acabei de te conhecer lá no blog da amada Elaine, e já sou fã viu..adorei a entrevista, o teu blog e o q escreves.
Dom é dom!!
A propósito, estou concorrendo ao livro. Torce por mim vai.
Abraços e Parabéns!!

Vívian Fonseca
Ceilândia - DF
http://elachegou.blogspot.com/

Rô... disse...

olá querido,

hoje você está lá comigo,
no somente amor!
é dia de festa...

beijinhos

CESAR CRUZ disse...

Cacá e amigos comentaristas,

Está havendo aqui uma generalização! Sim, há muitos famosos afetados etc e tal, mas há tb muita gente bacana. Isso, suponho eu, é como tudo na vida: há gente de todo o tipo. Não podemos generalizar, senão caimos no perigo de agirmos preconceituosamente, certo?

abço!

Cesar Cruz

Irene Moreira disse...

Cacá

Concordo com você porque já me aconteceu de conhecer uma artista na ponte aérea e fiquei decepcionada. De fã virei inimiga número um.

Ídolo é para se ver a distância mesmo.

Gostei do seu lado hilário e nuncaparei para pensar nos meus ídolos dessa forma. Acho que não os vejo como pessoas normais. Será?

Beijos e uma boa semana

Leninha Brandão disse...

Boa noite,Cacá.É tarde,eu já vou indo,preciso ir dormir,até amanhã...mas não sem lhe dizer que seu texto,como todos,aliás,está perfeito...agora,quanto aos"ídolos",alguns tem os pés de barro...digo alguns porque já tive a oportunidade de falar com determinados artistas que não demonstraram nenhum"embobecimento",como este que vc encontrou...Há pessoas e pessoas,não é mesmo?
Bjssssssss,Leninha.

Néia Lambert disse...

Bom dia Cacá, excelente crônica. Vou lhe dizer, eu queria tanto aprender a ser tiete, vejo tanta gente que daria tudo para estar junto aos seus ídolos, confesso que também queria ser assim, é chato ser diferente! rsrs

Um abraço

Irene Moreira disse...

Voltei aqui para te parabenizar pelo conto. Um Júdice da pesada. Muito bom mesmo.

Beijos e um lindo dia

Lúcia Soares disse...

Cacá, tenho um irmão que é apaixonado pelo Roberto Carlos. Fã mesmo, de ser quase que o primeiro a compra o disco na hora em que chega às lojas, de não perder um show, de pagar caro para um bom lugar para assistí-lo. Mas diz que podem lhe oferecer qualquer esquema para vê-lo em particular que ele recusaria.
Porque ídolo é ídolo, não é para ser conhecido. Ele gosta do cantor, do personagem, não do homem.
Também não tieto ninguém, já consegui alguns autógrafos pra filhos, mas sem me esforçar. Sem bancar a boba.
Mas, heim? quem era mesmo? rsrs
Abraços!

Sandra Gonçalves disse...

essas pessoas , nem todas se acham superiores, maiores que nós. mas se esquecem que se são ídolos é porque nós os fizemos tal.
Por isso meu unico idolo é Deus
Amei teu texto e teu blog.Vou ficar. beijos achocolatados

lis disse...

Esse final tá hilário Cacá .
Falou com veêmencia ! graças a Deus! rsrs
Tenho admiração por alguns artistas como profissionais , assistindo-os no cinema , no teatro , na TV - gosto do trabalho de muitos ,mas essa coisa de tiete nem no tempo de adolescente.
Achava-os tão distantes e inacessíveis ... rs hoje morando aqui no Rio vejo-os normalmente como normais- o carioca se comporta bem normal também com artistas , os paparazzi que são uns bolhas correndo atrás pra vender revista e pior que vende mesmo! rsrs
Abraços Cacá voce sim é meu ídolo , e até tenho um livro com autográfo.
Os escritores tambem são paparicados e vaidosos hehehe eu se puder os paparico rsrs
fique bem
boa noite Cacá

Elayne Aguiar disse...

O meu ídolo hoje e sempre é Deus. Confesso q tem alguns cantores que gosto muito, mas não morro por eles. Atores não fazem mais parte do meu rol de personalidades admiráveis. Talvez alguns e olhe lá. Aqui no Rio estou acostumada a "topar" volta e meia com alguns no calçadão, nos shoppings, bancos e outros lugares(até no trânsito já! rsrs) Parecem pessoas normais, mas tb nunca parei para pedir autógrafo, assim como também não finjo que não vejo ou ignoro como se a famosa fosse eu...rsrs(tem gente q desenvolve essas técnicas). A verdade é que também acho que a própria mídia dá tanta ênfase que já perdeu o glamour, como naquela época(como diz minha mãe) que era fato quase inédito ver um famoso. Chegava a ser meio surreal, posto que não havia essa supervalorização de imagem, os paparazzi e coisas assim.

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