terça-feira, 10 de maio de 2011

ALTA GASTRONOMIA E TREM GOSTOSO




“Há mil regras pra comê mas nenhuma pra cagá”
(do Analista de Bagé - In: A Velhinha de Taubaté – Luis Fernando Veríssimo. Ed. L&PM - pg 90)

 
Na história humana o que começou a civilizar o homem foi a necessidade de se juntar para se defender das intempéries e das feras. Normalmente, depois de uma turma reunida, dava fome e começaram a dividir o alimento que antes cada um comia sentado numa pedra, isolado e olhando em volta para ver se não vinha alguém ou algum bicho lhe tomar. O elemento mais socializante que temos na natureza, portanto é o alimento. Cada vez que sofistica-se o alimento, estamos distanciando os seres em vez de aproximar. A sofisticação do alimento dá brilho a quem come e não ao alimento em si, que é universal (pelo menos em tese e por direito natural deveria ser)

E os freqüentadores assíduos de restaurantes chiques? Se pudessem ser filmados diante daqueles pratos cheios de um patê de foie grãs, por exemplo...
Devem gostar mais do nome. Pronuncia-se foa grá (chiquérrimo). (Para produzir o fígado de ganso o bicho é submetido a uma tortura inominável). Com qual talher se come? Sofisticação virou sinônimo de boa educação. Simplicidade, por seu lado, é risco de ser comparado com a pobreza.

O chato da chamada cozinha sofisticada é o sabor. Explico: a tal da alta gastronomia (falo daquela destinada a diferenciar umas pessoas das outras e não da comida propriamente) não prima pela simplicidade. E quando se trata de fome, vou lhe dizer uma coisa: toda a pompa vai pro beleléu. Ainda mais se os sabores não combinarem com os costumes de quem come. Experimente ir a um bufet morto de fome e encontrar lá pétalas de rosas, comidas adoçadas com mel, shitake e perfumes variados. Me desculpem os pudicos, mas é como uma brochada depois de uma conquista que seria a perspectiva de ver estrelas cintilantes e os olhos revirando de tanto prazer,. Comida boa é a temperada com coisa gostosa, feita com esmero e que combina com o tipo de paladar de cada povo, de cada região. É claro que as experiências, inovações, introdução de sabores exóticos de vez em quando são sempre bem vindas. Culinária é de uma dinâmica de possibilidades quase infinita, mas nada que se imponha tem vida longa por conta da aceitação passiva. A grande sofisticação é a elegância educada em escolher o simples. 

A comida brasileira está entre as melhores do mundo na opinião de não brasileiros, pois na nossa opinião seria jogar brasa na própria sardinha e ai não vale, não é? Mesmo dentro do país desse tamanho todo, há variações de região para região e tem muita gente que torce a cara para comidas típicas, imagine  comidas do mundo todo?

Não vão me chamar de conservador ou xenófobo, pois estou falando apenas do simbolismo que a alta gastronomia representa muito mais do que atender ao gosto de quem a pratica com freqüência de coluna social. Já tentei ser chique comendo com frequência umas comidas consideradas finas, mas me perdoem os poucos que apreciam, o negócio é ruim demais. Não combina com o meu biotipo, com a minha genética não se encontra no meu organismo a tal da memória gustativa para essa finalidade.  Nada como buscar na gente mesmo, nas percepções produzidas pelo espírito, na cultura ou sei lá por onde, as próprias sensações, os gostos familiares. E não apenas demonstrar que se tem bom gosto para o público. O que vem da memória não precisa de discursos. Vai direto para os sentidos. Discurso é uma pratica social que legitima uma falta identidade do individuo. Como se diz aqui em Minas: é por isso que a gente gosta de trem gostoso.

36 comentários:

Lúcia Soares disse...

Ótimo texto, Cacá.
Ando às voltas com a alta gastronomia pois uma irmã está estudando a arte e tem feito pratos deliciosos para nossa aprovação.
É um universo diferente do dia-a-dia de toda cozinha.
Como vc disse, alguns pratos podem ser gosotsos, mesmo com sua sofisticação. Mas são coisas pra se comer de vez em quando, não se consegue ser "fino" no dia a dia. O melhor da vida é o básico arroz-com-feijão! rs
Abraços!

Marcio JR disse...

Bom dia, Cacá.

Nem preciso dizer que concordo em gênero, numero, grau e, por que não, paladar? rsrs.

Obvio que entendo que a educação é necessária em todos os sentidos. Devemos ter o comportamento adequado para cada ocasião, mas cá pra nós, nada como um bom churrasco, onde você come ao lado da própria churrasqueira, entre amigos, cada um a um canto, com uma boa cervejinha.

Ou então, aproveitar aquela sobra disso, o restinho daquilo, fritar uns ovos, e pronto. Eh! Trem gostoso... rsrsrs.

Maravilha de crônica, meu bom amigo.

Abraços, Cacá. Ótima semana prá ti.

Marcio

Celêdian Assis disse...

Bom dia, meu amigo!

Você tem toda razão a sofisticação na culinária nem sempre cumpre o papel de agradar ao paladar (o que seria o lógico), mas antes e em muitas situações é para conferir "status" a alguém ou a algum lugar.

Conversando com um amigo brasileiro radicado na Suiça a quase 30 anos, ele me dizia como a alta culinária francesa está para os países da Europa e como os brasileiros a vangloriam. Segundo ele, ela é considerada por lá uma das piores. Entendo que no Brasil em tempos passados a França exerceu forte influência, nas artes, cultura e outros e que dai passou a ser chique tudo que é de origem francesa. Entretanto, é uma culinária que se levarmos a termo só o paladar, certamente não cai bem ao gosto do brasileiro.

Não há nada melhor quando se fala de gastronomia, do que a simplicidade de agradar, concordo com você totalmente.

Um texto excelente, meu querido.
Um grande abraço,
Celêdian

boutique de ideias disse...

Eu diria que o alimento mais socializante ainda é a cerveja!!! hehehe
Educacao à parte e frescuradas na outra, compactuo a fineza de comer com talheres e usar guardanapos, mas daí adiante, enche-me o saco... (principalmente quando tenho que olhar pro lado, pra me certificar de que estou fazendo tudo certinho...).
Essa firulada "elegante" que os franceses adoram inventar para os tolos as copiarem.... Ecaaa!! Salve o angú!!

Beijao, querido!!

chica disse...

Muito legal,Cacá e como tu gosto da simplicidade e "presença no prato",rssr Não me venham com chiquetezas e miséria,srrs

Linda como sempre! Adorei te ver na Elaine.

Abração,lindo dia,chica

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Bom dia, querido amigo Cacá.

Esse texto é bom demais!!
A comida mineira é a que mais aprecio. Um prato com arroz, feijão preto, frango com quiabo e angú...
Ou chuchu, carne e angu... Isso, temperado com alho e sal, salsa, cebolinha, e muito esmero. Nossa...

A família reunida, se fartando de pratos assim, é uma comunhão da vida.

Sem falar naqueles outros:
Feijão tropeiro, feijoada, etc.

Parece mesmo, que está ligado aos primeiros sabores que memorizamos.

Na sobremesa, meu paladar está aberto às novidades, porque cada vez mais, elas são leves e saborosas.

Um grande abraço.
Tenha uma linda semana de paz.

Yasmine Lemos disse...

ADOREI!!! (estou aqui rindo) uqeira ter escrito isto.Nossa aquele patê de ganso ..uma vez me serviram , eu bem matuta ,fiz careta,quase me crucificaram kkkkk
adoro mesmo é a comida sem frescuras. Muito bom seu texto Cacá.(como sempre)abração e um bom dia

Celina Dutra disse...

Cacá,

Estou saboreando sua crônica! Deliciosa! "A grande sofisticação é a elegância educada de escolher o simples"! Bravo, Garoto!!!

beijao

Helena Frenzel disse...

E a cozinha mineira... que saudade, vice?! Nada de faltar a pinguinha pra completar hummm!!! Trem gostoso dimais da conta, uai!! Um abraço fraterno.

pensandoemfamilia disse...

Eu nunca fui gastronômica. Fui problema para a mama em criança, pois não gostava de quase de nada. Hoje, ampliei o meu gosto, mas sou mais para o simples com bom visual.
Tenho uma filha que tem esta arte de cozinhar com requinte, aprecio pois lhe é prazeiroso.Eu estou fora, até porque não tenho esta arte.
Abços,

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Falando em sobremesa, lembrei-me dos doces curtidos que a minha avó fazia e colocava dentro de uma lata de vinte quilos.

Aquela calda temperada com cravo, canela e amor, fechavam com chave de ouro, um sabor inigualável, que jamais encontrei nesses doces que são vendidos à quilo, onde a semelhança se limita apenas no visual.

Um grande abraço.

Cissa Branco disse...

Cacá,

Depois de sua entrevista para a Elaine Gaspareto não podia deixar de vir conhecê-lo. Adorei o texto e concordo com você, nada melhor que um trem gostoso.
Beijos

Rô... disse...

oi Cacá,

que chic,
te vi na Elaine,
muito bom...

e esse texto,
ah meu Deus,
você não foge a regra do bom mineiro,
igualzinho meu marido...
ele sempre diz pra que inventar?
tão bom a comidinha mineira,
bem temperadinha,
fogãozinho de lenha,
não tem melhor!!!

adorei e saboreei
seu texto,
perfeito!!!
beijinhos

Aleatoriamente disse...

Nossa Cacá,
agora eu também compro essa "briga" contigo.
Eu também estou dentro do modo simples de se alimentar.
Agora tudo tem um jeito "perfeito" para isso.Como garfo para peixe, para carne.

Olha meu amigo, eu já trabalhei ajudando em lugares chiques, na hora da mesa Aff.
Ficava observando e pensando, meu Deus para que tudo isso?
Precisa-se realmente de tantas pompas para se alimentar?
Tanta etiqueta para pouco assunto.

A arte de comer bem está na simplicidade das coisas.
Existem realmente pratos chiques, muito bonitos de se ver, ou até saborear, mas ainda prefiro o básico.

Não sei e nem quero aprender a ser chique.
Existe um o caviar, que é feito de ova de peixe.
E o modo de se falar é todo pomposo.

Um dia me deparei com um jeito esnobe de uma senhora de classe no Leblon: Se não tiver caviar nem traga.
Eu então lhe disse: tia sabe do que é feito o caviar?
Ela- primeiro lugar não sou sua tia e em segundo o que está fazendo aqui?

Vim ganhar um troco, lhe respondi.
Ela ficou indignada com minha ousadia de menina.
Porque lhe disse é de ova de peixe.E sabe que eu como caviar quase todos os dias?Lá na área dos pescadores, só não tem essa nojeirada toda que vocês deixam nele.

Resultado? Fiquei sem troco naquela noite. Rsrsr
Algumas pessoas realmente pensam que carregam um rei na barriga .Na verdade pode até ser, mas o que carregam na cabeça?

Beijinho Cacá.
Fernanda

Toninho disse...

Epa, se chamou Policarpo eu vim uai com toda minha fome mineira de guisadinhos e folhas refogadas de broto de bambu, umbigo de banana,ora pro nobis com costelinha etc.Bela cronica Zé,este país é rico na gastronomia de norte a sul, leste a oeste.E não nos esqueçamos das comidas de boteco.Meu abraço de toda paz e luz.

Bia Jubiart disse...

Oi Cacá!

Vi seu blog e livro na querida Elaine, mas vejo sempre sua carinha no Banzai, Lost... etc. Grandes amigos, não sabia que és escritor, e que adora uma boa comida, geralmente homem na cozinha é muito bom ou muito ruim rsrs, não existe o meio termo. Nas letras sou devagar, mas na cozinha brinco de alquimia e sensações...

Morei em BH nos anos 80, sou apaixonado pelo interior, música e comida mineira.

Um grande abraço e sucesso!

Se não ganhar o livro na Elaine entro em contato p/ comprá-lo.

She disse...

Olá Cacá! Acabei de ler a sua entrevista lá no Blog da Elaine e gostei muito, parabéns e sucesso! Virei mais vezes por aqui!
Beijo, beijo!
She

Celina disse...

Oi CACÁ PAZ PARA TODOS GOSTEI COMO SEMPRE DA TUA CRONICA. jA QUE ESTÃO FALANDO EM COMIDA O MEU GOSTO E POR CAMARÕES E PEIXE. GOSTO DE PEIXE PREPARADO DE TODOS AS MANEIRAS, MAIS O MELHOR MESMO É FEITO ESCABECHE, OLHA EU NÃO SEI SE ESCREVE ASSIM,VOU EXPLICAR O PEIXE TEM QUE SER FRESCO.SE COZINHADO NA ÁGUA E SAL COM MUITO COENTRO, CEBOLINHA, TOMATES PIMENTÕES E CEBOLA. UM ABRAÇO CARINHOSO CELINA.

Celina disse...

cACÀ VOU COMPLETAR A RECEITA, DO CALDO É FEITO UM PIRÃO OU E ACOMPANHADO DE FEIJÃO BEM VERDINHO. ABRAÇOS CELINA

Ronilson disse...

Ola, agradeço as palavras la no meu blog ...
Enfim, nada como a comida Brasileira mas tenho tb uma quedinha pela Peruana.
O basico realmente nos completa, por exemplo acho irresistivel o velho e bom tutu de feijao com torresmo bem mineiro ! Irresistivel .

Regina Coeli Carvalho disse...

Olá,
Simplicidade naquela comidinha caseira temperada com amor é tudo de "bão".
Troco qualquer prato da alta gastronomia por um feijãozinho com arroz, farofa e um ovinho frito.
Comidinha que lembra a minha infância, geralmente acompanhada de uma banana.
Assim como essa comidinha gostosa está sua crônica, saboreei cada parágrafo sentindo o paladar do mineiro.
Meu carinho.

Anônimo disse...

Beleza de crônica, meu amigo!
Também não gosto desses exageros culinários. Talvez porque esteja acostumada com a nossa comida campeira aqui do sul, que é excelente, saborosa, absolutamente simples, mas de sofisticação reconhecida. E não tem esses chiquismos vazios e tolos que separam as pessoas. Ao contrário, é uma comida agregadora. Quer saber, sou a favor do alimento saboroso, bem feito, bem apresentado, aquele que a gente come com prazer. Abomino o tal de "toque gourmet" que está sendo disseminado na culinária, por esse Brasil afora. Bjsssssssss

lis disse...

Oi Cacá
esse trem gostoso de Minas eu conheço rs
convivi durante toda minha vida com mineiros de BH ou lá das bandas de Itaúnas rs
agora estou convivendo com suiços e lá pra banda da França já sabe comem pouquinho e nao tem essa de misturar arroz com feijao rsrs
vou me adequando e aprendendo
bom demais é essa gastronomia simplesinha - trivial .
Gostei muito Cacá

deixo abraços na madrugada

Berzé disse...

Cacá, Bão dimais!
Eu, jeca que sou, faço um baita eco a essa bem traçadas.
Abração!
Berzé

Kenny Rosa disse...

Adorei seu texto Cacá. Adoro cozinhar e mais ainda comer. E ler seu texto é degustar o de melhor da literatura. Gosto muito da contextualização histórica que você sempre faz.
Abraços
Kenny Rosa

Tatiana disse...

Cacá querido!!
Eu sou boa de garfo,como sofisticado, nao sofisticado, caseiro,típico....enfim, tem bom tempero estou lambendo os beiços..rs.
E nao vem falar mal do meu foie gras...hahaha...aaamo e pulei a parte da tortura.
Agora voce tem razao,tem que comer em casa antes se for comer algo sofisticado.
Cacá, morri de rir com a pataiada da Disney.Nao duvido!! Agora essa dos gansos raivosos..hahaha...nao pode ser!!!
Beijocas!!!

Aleatoriamente disse...

Cacá, amei a tua visita não tão distante rsrsrs.
Na verdade adoro!

Beijinho querido.
Fernanda

Lulú disse...

Olá Cacá.

A vida tem que ser vivida com simplicidade e elegância.
Já estive em alguns restaurantes chiques. Lá encontramos comidinhas simples. É só saber pedir.
Adorei seu texto.
Abraço
Maria Luiza (Lulú)

Thatica. disse...

Cacá vc sempre escreve coisas maravilhosas, adoro seu cantinho. Estava um pouco ausente. Mas saiba que nunca me esqueço de amigos como vc.

Obrigada por se preocupar comigo. Paz e bem. Fica com Deus!

Anônimo disse...

Qdo assisti o documentário do Haiti sobre uma criança apostar uma corrida pra ganhar uma banana, comecei a me analisar como posso ficar escolhendo que comer. Sou uma privilegiada, até por morar em um País como o Brasil. Conheci pessoas que vem de outros países que disseram sobre a nossa comida ser de baixo custo. Muito bacana seu texto.
Obrigada pelo comentário no meu blog, tb acredito nisso. Vamos torcer para que isso aconteça o mais rápido possível. Abraço Cy.

Beth/Lilás disse...

Cacá!
Que beleza de texto, adorei! Queria ter escrito isto tudo, pois já constatei tudo isto nestes últimos anos, ou seja, a gente gosta mesmo de uma boa e bem feita comidinha, nada de frescurites.
Neste dia das mães, como sempre, fiz comida que elas gostam. Mãe e sogra elogiaram e comeram muito, mas imagina se coloco na mesa coisas sofisticadas, nem elas e os demais da família iriam comer tão bem. Nada como a boa comidinha mineira, né mesmo?
E foi gras, nunca mais comi ou comprei depois que vi em vídeo a maldade que fazem com os pobres gansos.
um super beijo carioca

Rosane Marega disse...

Eita texto danado de bom, comer sempre é muito bom, também podemos fazer pratos sofisticados, com uma bela cesta de legumes, afinal sofisticar nem sempre é gastar a mais e sim usar a criatividade,mas confesso que esse churrasco do Marcio me deu uma baita de uma fome.
BeijossS Caca.

Kunti/Elza Ghetti Zerbatto disse...

Bom dia Cacá!
Comer é um dos melhores prazeres que temos aqui na Terra.
Eu sou daquelas que aprecia a simplicidade pois tem um sabor diferente.Mas para quem gosta de requinte tudo bem também.
Gostei muito da forma abordada no texto.Simples e chique,hehe.
uma semana de muita paz e harmonia para ti.
um grande abraço

Marcos disse...

Oi, tudo bem?
Gostei muito do seu blog. Parabéns!
Eu sou jornalista e trabalho na comunicação de bares e restaurantes em Belo Horizonte.
Posso te dar umas dicas bem legais para posts no blog. Te interessa?
Me mande seu email de contato por favor!

Abraços,

Marcos dos Anjos
mvanjosbh@gmail.com

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