sábado, 30 de janeiro de 2010

INCENGADO

Sou capaz e afirmar que pelo menos metade de todo o ferro e aço que foi ou está sendo usado no mundo saiu de minério outrora depositado nas minas de Itabira, Minas Gerais, Brasil. Entretanto, a fama da cidade corre solta mesmo é por causa de Carlos Drummond de Andrade. Pergunte a qualquer um nesse país se conhece Itabira e muito pouca gente responderá afirmativamente. Mas sobre Drummond, pelo menos já ouviu falar. Então, o legado dele é tão pesado que a cidade não se destaca por outra coisa. Creio que a esmagadora maioria das cidades é assim mesmo. Poucos conheciam Cordisburgo, mas e Guimarães Rosa? Quem conhecia tanto Três Corações senão por causa de Pelé? Assim, famosos como as irmãs e modelos internacionais Patrícia Barros e Ana Beatriz Barros e o ex jogador da seleção brasileira de vôlei, o Talmo são pessoas que não modificaram o cacife social, nem cultural da cidade, creio eu por causa do peso do Drummond. A cidade produziu também muita porqueira, mas isso é outro caso.

É por que eu falei de “incengado” em uma crônica (VELHICE) e despertou muito interesse em saber de onde veio esse termo. Acho que é só lá que é falado. Incengado é teimoso. Mas daquele teimoso birrento, pirracento que nem menino mimado quando quer alguma coisa e não arreda o pé de sua vontade ou argumento. O termo se espalhou um bocadinho junto com alguns dos seus filhos que estão pelo mundo afora.

A língua é muito dinâmica, o país , muito grande, então aparecem falas regionais, locais e até domésticas. Portanto vou exemplificar com mais uma: Biuqueiro: rumor de vozes (todo mundo falando ao mesmo tempo e ninguém ouvindo ninguém). Minha mãe criou esse termo para chamar a nossa atenção em casa quando tava aquele falatório ininteligível. É que havia uma vizinha que se chamava Biúca e em sua casa era uma confusão sem fim, uma gritaria o dia inteiro, ninguém se entendia. Então quando ela queria botar ordem nas coisas nos dizia: vamos parar com esse biuqueiro ai!

Tem umas expressões que identificam logo um itabirano. É quando, por exemplo, alguém pronunciar “acá”, chamando a atenção para uma palavrinha, que quer dizer “olhe aqui” ou “escuta aqui”. Agora, inconfundivelmente itabirano é ouvir alguém dizer “quéde” em vez de cadê ou “ondé” em vez de onde. A primeira pergunta que o estranho lhe fará se for conterrâneo é: Acá, por acaso você não é itabirano?

4 comentários:

Mulher na Polícia disse...

É verdade!

"Noventa por cento de ferro nas calças. Oitenta por cento de ferro nas almas."

Confidêcias do Itabirano! rs rs

Malucas de BR (*.*) disse...

O que podemos dizer... Obrigada pela força:)

Achamos mto interessante esta coisa do dialeto que em alguns estados possuem e são característicos daquele lugar, e os diferentes nomes para uma mesma coisa, sendo que este está no mesmo país.

Meu caro Cacá, fizemos o nosso 4° Vídeo e o tema é: Sustentabilidade Ambiental.

Abraços das Malucas:)

Analista de sua própria vida disse...

Essas pessoas cabeças duras, cheias de tantas certezas, mesmo que negativamente, acabam marcando nossa vida. No seu caso, ainda bem que é alguém querido. Os seres humanos são estranhos e você sempre me faz ver isso com clareza, meu amigo. Lendo você e ao fazê-lo, sorvendo um pouquinho de sua alma, percebo que quanto mais nos debruçamos sobre o elemento humano, menos dele conseguimos compreender, talvez só o suficiente para que consigamos viver com um pouquinho de paz. Estranha sina essa da humanidade. Ainda bem que existem almas esclarecidas como a sua para facilitar o caminho.
Abraços.

shintoni disse...

Cacá:
Já foram postados seus textos referentes ao Tema do Mês, "Fronteiras", ok? Muito bons!
Pode mandar quando e quantos quiser!
Valeu!
Abraço e ótima semana!

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