terça-feira, 21 de abril de 2009

SOBRE HERÓIS E MÁRTIRES

Não sei quando começou essa história. Imagino que tenha sido com a descoberta do fogo. Um atrito sem querer, uma fricção qualquer gerou faísca, se alastrou e pronto. Estava descoberto o fogo. E com ele, minha nossa... quanta coisa mudou no mundo! Quem teve a felicidade deve ter sido considerado um Deus. Um cara dotado de poderes acima da natureza e da capacidade humana. Certamente passou a ser reverenciado, respeitado, temido.


A fala não foi inventada, apenas se organizou e ajeitou a comunicação entre os homens e, com ela, as histórias passaram a ser passadas de geração em geração até um outro homem-Deus ter inventado a escrita. E as histórias então, começaram a ficar registradas. Daí em diante, haja heróis e mártires!


O fogo, a fala e a escrita, juntamente com a roda, estabeleceram o poder. Quem dominava qualquer dessas coisas começou a acumular poder. Mandar e desmandar; fazer e acontecer. A morte, desde então deixou de ser coisa natural ou questão natural de sobrevivência e passou a fazer parte da manutenção do poder. Se do lado dos poderosos ela é executada a mando, para não perder a pose, a coroa, ou o cargo, há do lado do mais fraco quem não se conforme com essa correlação desigual e invista (muitas vezes sozinho) contra os abusos e desigualdades. Uns chegam mesmo a se tornarem heróis. Mesmo que temporariamente, ganhando uma ou outra batalha. Outros são martirizados, estropiados até o osso, para que sirvam de exemplo ao restante dos dominados. Eis o quanto é frágil o ser humano. Desprotegido, desorientado e apático enquanto coletividade, sempre está a necessitar de alguém que em seu nome ou por sua causa, oferece a cara a tapa, ou o pescoço à corda ou o lombo à chibata ou todo o corpo à cadeira elétrica, ou outro mecanismo de execução e eliminação de ousados. Tudo, penso eu, por causa do poder. Nem precisa falar do dinheiro, ou precisa?

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