segunda-feira, 19 de setembro de 2011

LER NÃO CAUSA L. E. R. * - Tais Luso

imagem blog da Tais Luso
O HÁBITO DE LER
 Por: Tais Luso

Sou de uma geração que curtiu muito os gibis; aprendemos a ler com os gibis, e era com ansiedade que íamos às bancas de revista comprar as novidades do mês. E a troca de gibis entre os amiguinhos era estimulante. Depois, se aprimorava o gosto com vários livros. Mas, estávamos criando o hábito da leitura. A criança precisa de ajuda e de estímulo para essa iniciação. E também na adolescência.

Lembro que na adolescência, tanto eu como minhas colegas de aula, perdemos um pouco desse hábito devido aos livros que a Escola oferecia como padrão: não queríamos os clássicos brasileiros; não queríamos ler por obrigação para fazermos uma resenha. Queríamos a liberdade de escolha, que nos foi negado. Acredito que isso desestimulou um pouco a nós todos. Há que se respeitar o gosto de cada um, e, à Escola, cabe analisar as preferências de seus alunos. O mesmo livro para todos os alunos? Foi um desastre; uns perguntavam aos outros a história - e a resenha estava feita! Ninguém aceitava uma leitura imposta.

Lembro que muitas de nós queríamos ler algo mais moderno, coisas da nossa época, para nosso momento. Lembro que me revoltei com isso e levei pra aula (colégio de freiras)  O Muro, de Sartre. Levei o livro para o recreio e caminhava pra lá e pra cá, meio que provocando... Era uma atitude pra encher o saco das freiras. Mas, em pouco tempo fui parar na sala da Madre Superiora, e meus pais foram chamados à escola:

- Sua filha está muito rebelde, está dando mal exemplo aos colegas!

Foi nesta época que houve um desinteresse da parte de muitos alunos; não tínhamos opção, não tínhamos tempo de ler outras coisas, uma vez que a leitura dos clássicos brasileiros, obrigatórios, tinha prazo para a entrega do trabalho. Para tudo existe uma idade certa, era só ter esperado o amadurecimento dos alunos.  

A escola é a mola mestra; é nela que depositamos esperanças e mudanças. E cabe aos pais ajudar a incutir o hábito nas cabecinhas em formação; manter o elo, dar continuidade, estimular. Não impor! 

Se ficarmos pensando que somos um país em desenvolvimento, que os livros são caros, que o analfabetismo é enorme, que as crianças não são estimuladas à leitura, que as famílias têm outras prioridades, bem... então nada mais a fazer. É deixar como está pra ver como é que fica.

E vai piorar, uma vez que a educação é primordial para o desenvolvimento e a educação de um povo. Quanto mais esclarecimentos,  mais qualificados seremos, mais oportunidades de trabalho, e consequentemente seremos mais felizes, aptos a cuidar mais de nossa saúde e de nossas famílias. 

É lendo que se aprende, que se cresce, que se conquista; que saímos da ignorância para um mundo mais aberto e de mais qualidade. O povo, através de sua cultura, de sua história, de sua economia é que pode fazer uma nação forte.
imagem blog da Tais Luso

Certa vez ganhei um bambolê... Meu pai não gostava daquele negócio e me propôs uma troca: 'vamos numa livraria e você escolhe os livros que quiser, mas largue esta geringonça'.  E aceitei a proposta. Comprei vários livros.

Apesar das
leituras na Escola não terem sido do meu gosto,  retomei o hábito da leitura por várias circunstâncias: tive um ótimo exemplo em casa e uma biblioteca muito boa. A convivência com livros sempre foi muito próxima.

Sei que formar este hábito é difícil, ainda mais com a tecnologia de hoje, onde as redes sociais da Internet dominam muitas cabeças. Por outro lado,  vemos o trabalho de Órgãos do Governo e outros com apoio da iniciativa privada, incentivando as artes, literatura e literatura infantil. 

Um país que incentiva a cultura, que cuida de suas crianças formará adultos mais capazes e mais felizes. 




Texto gentilmente cedido pela Tais Luso a quem agradeço
* L.E.R. - Lesão Por Esforço Repetitivo

26 comentários:

chica disse...

Ler a Taís é sempre maravilhoso! Ela e suas crônicas... abração, linda semana,tudo de bom,chica

Pedrita disse...

eu e minha irmã líamos alguns gibis que minha mãe comprava. em geral os da turma da mônica. não tínhamos o hábito de trocar gibis. nós tb líamos. minha irmã gostava de ler monteiro lobato. eu lia outras histórias. beijos, pedrita

Rô... disse...

oi Cacá,

sabe que ainda fico indignada
meu amigo,
pois até hoje a leitura é imposta,
não importa o que o aluno gosta ou quer ler,
tem que se contentar com os clássicos escolhidos pela escola,
realmente não a estímulo algum,
mas um dia vamos chegar lá,
não se pode desistir...
a liberdade de leitura
desperta o gosto por ela...

beijinhos

Casal 20 disse...

Que texto delicioso, Tais!

Na 3ª série, havia me apaixonado pelo livro "Meu pé de laranja lima" (chorei horrores e foi o primeiro livro que li na vida).

Quase perdi o gosto pela leitura na 5ª série também. Obrigaram-me a ler Iracema. Eu simplesmente não consegui.

Confesso um crime: quando estava no 1º ano do 2º grau, matava aula para ler os livros de Fernando Sabino. Li todos dele naquelas manhãs matadas. Achava a escola algo muito chato e me escondia na Biblioteca para ler, quase repeti de ano, mas foi muito bom para a formação literária que eu tenho hoje.

Amo ver minha filha de oito anos, lendo um livro por semana na escola. Eles levam os alunos para a biblioteca e deixam eles escolherem. Assim é muito bom.

Tais, obrigado por ter trazido tantas lembranças gostosas à minha mente: lembranças de minhas aventuras literárias.

Abraços sempre afetuosos e parabéns ao Cacá por nos ter presenteado com seu texto.

Vivian disse...

Bom dia,Cacá!!

Belíssima crônica da Taís!!
Eu nunca gostei de gibis...e minha família não foi uma incentivadora...minha mãe achava que comprar livros era botar dinheiro fora...Me sobrava a biblioteca da escola, as amigas...mas me tornei(como minha tia me chama até hoje...rsrsr)Uma traça de livre!!
Meu amor nasceu assim...espontâneo e tomou conta de todo o meu ser!!!
Ninguém me incentivou. Descobri nos livros um mundo inteiro, e nunca mais parei...
**O bom é que hoje com tantos livros espalhados pela casa, meus filhos estão tomando o gosto...rsrsr
Sempre vamos a Feira do Livro de Porto Alegre(está chegando!!!!) e as crianças fazem a festa, já estão contando os dias!!rsrsr
Meu filho tem 10 anos e minha filha 4 anos e adoram os livos!!
Pra mim ler é fundamental!!!
Beijos pra ti!!
***Quero me desculpar...só agora vi que tens seguidores...Perdoe minha distração, mas da outra vez eu não achei!!Então pensei que não tinhas!!

Zélia Guardiano disse...

Formidável, amigo Cacá!
Bela escolha você fez!
Parabéns para Taís, que escreve lindamente, e parabéns a você!
Bjs

Leninha Brandão disse...

Oi amigo Cacá!Bom Dia!!!
Belo texto,escolhido a dedo por um mestre.
Também eu comecei a ler muito cedo e também li O Muro de Sartre,como uma forma de questionar os valores de então.Coincidência?
Bjssssss e uma linda semana,
Leninha

MA FERREIRA disse...

A tais escreve lindamente. E esta sua cronica perfeita.

Eu incentivo a minha filha a ler o que ela quiser.
Pode ler revista, gibi, folheto de supermercado, letras de musicas..enfim..
E deixo meus livros espalhados pela casa...
Mas hj na era da informática onde os jovens passam mais tempo em frente de uma tela de computador é um pouco complicado.

E tem aqueles livros obrigatórios a serem lidos para o vestibular.

Não acho nada imposto muito bom..mas as vezes é necessário...

Minha filha reclama no começo da livro "imposto" pelo Colégio, mas depois acaba sempre gostando...

Um bj..

Celina disse...

OI cacá, passei para te agradecer a visita e o gentil comntário. Belo texto, concordo em tudo que foi dito, Um abraço carinhoso. Celina.

Sabor de Pitanga disse...

Acho mesmo que essa IMPOSICAO na leitura, acaba frustrando demais! Eu, por sorte, nao me frustei, mas li coisa que, se dependesse da minha escolha nao teria lido! E, como a Tais, estudei em colégio de freiras e sei muito bem o que é... Haja Deus!!! Mas, como tudo na vida tem seu lado bom e ruim, eu gostei de ter sido "obrigada"... às vezes é bom estudar em colégios que nos forcam a ler, pensar, participar etc etc., só nao gostei do radicalismo das "Irmas de Caridade" (?)que esqueceram de trocar o título... rsrsrs

Abracao, Cacá.

Tais Luso de Carvalho disse...

Oi, Cacá!! Estou aqui, amigo, para agradecer aos seus/nossos amigos e um obrigadão muito especial a você por ter divulgado este meu texto.

Meu carinho a você e a todos que por aqui passarem.

beijos
Tais Luso

Anônimo disse...

Oi José, na realidade quem usou a Astrologia como ferramenta de trabalho foi Jung. Abraço Cy.

pensandoemfamilia disse...

Muito bom texto, não conheço a autora.
Vou conhecer seu espaço.
Boa semana. Aqui o dia está lindo, dia típico de setembro.
bjs

Hope* disse...

A Tais é sempre precisa no que diz, adoro!
Sinto o mesmo que ela, a escola nunca me motivou a ler, pelo contrário quando chegava a lista dos livros paradidáticos, era uma tortura!
A geral, resumia o livro de acordo com as poucas palavras que o professor dizia em suas aulas, dificilmente algum aluno ia além do primeiro capítulo...

Beijo Cacá!

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Muito bom texto. Parabéns à Taís e a você, Cacá, pela divulgação. Grande abraço, amigo mineiro.

Denise disse...

Objetiva, crítica, talentosa, bem humorada e pra lá de adequada nas suas análises. Tais é apaixonante, me considero suspeita pra tecer comentários - mas faço questão de manifestar minha alegria por vê-la tb aqui.
Divulgação merecida, Cacá!
Bjos aos amigos queridos, boa semana!

Anônimo disse...

Os caminhos da educação no Brasil ainda estão enviesados. Abraços, Cacá!

MARILENE disse...

Excelente! Também estudei em colégio de freiras e a leitura sempre foi imposta. Muitas coisas não conseguia entender porque não sentia aquele chamado que o livro deve proporcionar. Mas fui descobrindo os outros e passei a amar as palavras. Meus pais, pessoas simples e sem estudo, não compravam livros. Era uma despesa que não tinham como arcar. Mas minha mãe, batalhadora, os conseguia emprestado.Havia sempre o que ler.
A educação não pode sofrer certos percalços, para não desestimular a leitura. E ela tem que vir com amor. Tarefa de pais e mestres, porque o governo trata todos como iguais e estamos longe disso.

Bjs.

Bjs.

Andre Martin disse...

Bem escrito seu texto!

hehehe
Acho que sou parte da geração que foi desestimulada... De fã de revistinhas de HQ não passei ao estágio dos que devoram livros. Leio porque preciso. Mas se puder, troco a versão original em papel por uma bela história animada nas telas! Prefiro saber a versão interpretada de alguém do que eu mesmo ler, pois é tão bom ouvir histórias...
Sou lento pra ler, e se for grande e tiver letrinhas miúdas, passo longe! rsrs
Como na ficção científica, espero o dia que livros inteiros serão "absorvidos" por contato (ou chip) diretamente para a memória, instantaneamente... Enquanto isto não ocorrer, prefiro filmes a livros.
Entretanto, gosto de escrever.
Assim, por exemplo próprio, entendo e perdôo aqueles que não gostam de me ler. Percebo o que significa. rs

Yasmine Lemos disse...

Ainda bem que li muito gibi,Monteiro Lobato e sonhava ,imaginava,fui criança,hoje só tecnologia ,tablet essas coisas metálicas e chatas
abração Cacá

zelia maria disse...

Obrigada zé por nos proporcionar a leitura de um texto de qualidade excelente. Valeu, beijo de zélia

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Boa noite, querido amigo Cacá.

Adorei!! Aos onze anos eu também lia revistinhas, e a liberdade de escolher me fez gostar da "PATA DA GAZELA", de JOSÉ DE ALENCAR, muitos de MACHADO DE ASSIS, entre outros.

Os que foram impostos pela Escola, não foram tão agradáveis assim.

Gosto demais, da Tais Luso.

(Muito obrigada pela atenção, gentileza e carinho)
Que Deus o abençoe e à toda sua família.

Um grande abraço.

Aleatoriamente disse...

Gostei do texto.
Realmente a leitura, é uma base muito forte , para um futuro melhor.

As revistinhas da turma da Mônica me encantam até hoje rsrsrs.
Na verdade leio de tudo, gosto de mais.

Beijo Cacá.
Abração amado

lis disse...

Muito bom Cacá
A leitura na infancia e adolescencia se for bem dirigida continua pela vida afora.
Obrigada pela partilha
um abraço grande

Meire Oliveira disse...

Cacá querido, ótimo texto da Taís. Tenho que dizer, há muitos clássicos que traumatizei e não gosto por ter sido obrigada a ler na época do colégio. É como ela disse, o lance é incentivar, esse negócio de obrigar num está com nada. Ainda mais na época da adolescência.

bjokitas com carinho :)

Valéria disse...

Oi Cacá!
Que texto inspirador!
Ler é mesmo um tudo! É a descoberta do mundo apenas pelo ato de passar os olhos e virar as páginas de um livro. Comecei com pequenos livros infantis que meus pais compravam e depois passei para os gibis e os romances de minha tia que colecionava.rss
Depois fui direcionando minha leitur apar o que realmente me interessava, não sou de ler por ler, leio o que me desperta, me toca.
Abraço!

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