terça-feira, 13 de abril de 2010

PALAVRÃO

Palavrão é uma falta de recurso muito utilizada. Às vezes, de grande utilidade, em outras, absolutamente desnecessário, ofensivo e inconveniente. Quando lhe acontece um acidente de qualquer natureza é comum se dizer (depois de xingar, claro) que estava no lugar errado, na hora errada. Com o palavrão chulo e ofensivo pode-se dizer também que foi dito na hora errada, no lugar errado e muitas vezes para a pessoa errada. Mas pode também ser uma lavagem na alma, individual ou coletiva. O velho xingamento nos estádios, por exemplo, é uma terapia no meio da catarse coletiva. Até as músicas das torcidas para provocar o adversário são repletas de palavrões. Não sei se pela vontade de aumentar o grau de irritação ao adversário ou pobreza lingüística dos compositores. O fato é que a torcida canta com um vigor fenomenal. Nos filmes do cinema tem palavrões demais. Houve uma época que o cinema brasileiro não gozava de muito prestígio junto à população tanto pela falta de recursos técnicos como pelos diálogos, cheios de palavras chulas. Claro que havia muita desculpa esfarrapada no meio dos argumentos vinda de quem sempre preferiu as produções de Hollywood. Mas isso é assunto para outra sociologia, aquela da aculturação. É, porque os filmes americanos têm mais palavrões do que os nossos. Os tradutores que fazem as legendas é que dão uma amenizada. Pode observar que “fuck you”, é sempre traduzido por dane-se. E “son of bitch “ é sempre o “adorável” filho da mãe.

Eu não quero entrar na discussão árida e descabida da função do palavrão no nosso cotidiano, mesmo sabendo que ele está presente na fala da esmagadora maioria da população. Ele é sinônimo de tudo, raiva pouca, muita raiva, ira, provocação, revide e até nos sustos, alívios e alegrias. Parece automático. É muito comum você ouvir pessoas emendarem um” putaquepariu” com um “pelamordedeus” na mesma frase ou na mesma expressão. A sensação que se tem é de que a pessoa está expurgando males que não consegue resolver de outras formas. O palavrão, então, funciona como uma espécie de válvula de alívio do sistema límbico em permanente estado de acúmulo de tensões.

Eu não o defendo indiscriminadamente, embora ache que um xingamento funciona, em determinados momentos como um freio aos instintos humanos mais próximos do assassinato. Chico Buarque usou em sua música Fado Tropical o verso do poema do Ruy Guerra ”...mesmo quando minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar, meu coração fecha os olhos e, sinceramente, chora...” Eu sacaneio um pouco o verso e digo : mesmo quando a minha vontade é de esganar, trucidar, esmigalhar, meus olhos se abrem arregalados e eu, sinceramente, xingo.
Então, meu amigo, minha amiga, se uma pessoa, assim, do nada lhe oferecer flores, pode ser um impulso dos mais admiráveis. Agora, se também do nada, numa conversinha à toa, lhe mandar tomar “naquele lugar”, pode não ser uma ofensa gratuita. Ela pode ser portadora de coprolalia. (palavrão da medicina moderna)

-Psiu: atenção, mulheres: e se um homem chamá-la de calipígia, você vai sentir-se xingada por um palavrão ou lisonjeada?



4 comentários:

Talita Oliveira disse...

Assim como o Recanto das Letras, seu blog é agradabilíssimo!
"mesmo quando a minha vontade é de esganar, trucidar, esmigalhar, meus olhos se abrem arregalados e eu, sinceramente, xingo."
Confesso que também sou assim. Xingo nem que seja em pensamento.
Mas é segredo!
hehhe..

=X

Beijos!!

Celina disse...

é amigo vc tem rasão, as veses soltamos o damon que esiste dentro de cada um de nós, hoje é até comun ouvirmos palavrões é só assistirmos um filme nacional ou ir ver o seu time jogar é cada palavrão cabeludo. não ´so dito pelos homens, pelas mulheres tambem.está tudo muito democratico. um abraço amigavel da amiga celina.

Celina disse...

Oi amigo, olha, apaguei o comentario pra corrigir um erro meu de português,desculpa qualquer coisa,CELINA.

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