sexta-feira, 6 de novembro de 2009

VIDA DE PEÃO - RISADINHA

De longe avistamos o posto da polícia rodoviária. Eles também nos avistaram e correram para a pista ordenando a parada com sinais de braços. E foram logo mandando descer todos os cinco ocupantes do corcel verde limão de rodas de magnésio e uma antena do tamanho de um poste. Tão grande que não precisava captar ondas de rádio. Acho que ela as buscava onde quer que estivessem vagando pelo céu.


O Risadinha, com esse apelido auto explicativo, ria de nervoso, de alegria, de tristeza, para falar, chorar, até comendo. Só nunca dormi com ele para saber se ria também dormindo. E o guarda implicou:

- Tá rindo de que, negão?

-Nada não, senhor.

- É melhor ir tirando esse chapelão e esses óculos ray ban. Não tem barbeador em casa também não?

- Sim, senhor.

- Cadê a carteira de motorista e a identidade?

Pegou os documentos e foi lá para dentro da sala dos horrores, onde ficam. Saiu um guarda dando ordem de prisão.

- A carteira é falsa.

Nem assim o sorriso do Risadinha fechava. Mesmo eu acostumado já estava nervoso com ele.

Ponderei com o guarda:

-Seu guarda, nós somos de uma comissão de demitidos. A empresa está dispensando em massa e os deputados mandaram que viéssemos à assembléia legislativa para relatar os fatos e apoiarem os trabalhadores. Somos todos pais de família, igual o senhor deve ser. Por um instante ele amorteceu a exaltação, mas chamou o seu superior, que recomeçou com perguntas:

- Por que você, sendo Mineiro, nascido em Inhapim, morando em Mariana há mais de 10 anos, tirou carteira de motorista em São Paulo no ano passado?

- É que eu aproveitei as férias na casa de uns parentes, sabe como é, né? Eles me disseram que lá era mais fácil.

- Hum..., - ô sargento, confere essa conta de novo.


O cara refez umas três vezes e achou a coincidência dos números com o dígito final para alívio nosso, nessa altura, já mais de uma hora atrasados para o compromisso. O sargento havia errado no cálculo que se fazia com os números da carteira de motorista que atestavam se o prontuário era verdadeiro. E finamente nos liberou. Livramos a cara, mas não conseguimos os empregos de volta.

1 comentários:

Toninho disse...

Vida de peão é mesmo dura amigo.
Posso iamgianr o terror daqueles guardas, que muitas vezes me assustaram pela 262.
Meu abraço.

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