terça-feira, 8 de dezembro de 2009

PALAVRAS (MAL) DITAS

CONFUSÕES


O cujo confundiu profícua com promíscua, virou uma balbúrdia o que era plácido e transformou-se quase em quiproquó o colóquio amical. Era uma loa que estava sendo tecida pelo primeiro, pouco afeito a encômios e dirigida à prole feminina do outro, acerca do que ela fazia em seu mister. Então na zanga do incauto abriu-se o duelo de impropérios. Para o rebate usou como despique um ataque ao mancebo, cria do outro, que confundiu com ensebo e atacou a antes prolífica com o pejorativo termo rapariga. Nesses casos, em sendo nas terras lusitanas em nada incidiria visto que são comuns os termos por aquelas plagas. Certo é que o aparte só foi possível com a chegada providencial do titular do estabelecimento e este entendia sobremaneira os meandros da língua pátria, que mesmo com a unificação feita pela reforma ortográfica, não uniu os regionalismos que dão pano para mangas em dadas circunstâncias.


DESFECHO TRADUZIDO


Dois amigos conversavam assuntos familiares em um bar enquanto bebiam. O ambiente estava tranquilo e por falta de acordo semântico virou quase briga de porrada. Um deles quis elogiar a filha do outro dizendo-lhe que ela era muito criativa em seu trabalho, o que foi confundido com galinha ou piranha, como queiram. Esse que elogiou era pouco dado a palavras de incentivo ou reconhecimento das qualidades alheias e havia aberto uma exceção à filha do amigo quanto à profissão dela. O outro, entendendo como ofensa, partiu para o troco chamando o filho do amigo de mancebo que vem a ser jovem rapaz e para piorar foi entendido como sendo um sujeito sujo, maltrapilho e maltratado. Na réplica, já retirou o elogio acusando a moça de rapariga, o que não seria problema nenhum em Portugal, onde mancebo e rapariga são tratamentos semelhantes aos que damos aqui a moças e rapazes. Isso, (a explicação) foi o que o dono do bar fez ao notar que as coisas poderiam ter saído do tom e colocado fim à amizade com uma tragédia.


Moral da filosofia de boteco:

Para um bom entendedor meia palavra basta. Para um mal bebedor meia dose é funesta.

1 comentários:

shintoni disse...

Cacá:
Seu Aedo Acalanto já foi postado, ok?
Valeu mesmo!
Abração e tudo de bom!

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