terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

EXILADO

Eu fui cedinho à padaria e já estava lotada. Na minha vez da fila eu era “o próximo”, gritou o caixa. Daí a pouco tive que pagar umas contas, ir aos correios e outras coisas. No banco eu era o numero 59 da senha, no correio a luzinha me chamou pelo 83. Quando eu chego em casa, minha mulher não se agüentando de dor de cabeça e vamos nós para o pronto socorro. Lá, era não só eu, mas nós dois, uma senha única: a 14 Normal. Disseram que uma dor de cabeça não era urgente.

- Nem se estiver latejando muito a ponto de não suportar luz e barulho?

- Só se estiver desfalecida ou chegar de Samu ou viatura da polícia...

Bom, nada grave e deu tempo de atender a um chamado da Receita Federal, onde sou o Contribuinte, identificado pelo meu CPF. No banco sou correntista, no consultório, o paciente, na fila, impaciente. No marketing sou consumidor, réu da vida que me põe tanto rótulo.

Tenho saudade de quando o mundo era grande. A gente era igual gente de verdade. Vinha uma informação lá do outro lado do mar e diziam que o nome da pessoa que era fulano de tal. Agora, é a vítima, o transeunte que foi atropelado, o usuário cadastrado, o morador do 101. Só tem nome com direito a figurar para todo lado as celebridades. Até aquelas de quinze minutos.

Lá onde Deus pode me ouvir é que sou gente mesmo.

2 comentários:

Aliz de Castro Lambiazzi **jornALIZta** disse...

Adorei!
Mas tenha calma. As transformações do mundo que nos resumiram a números frios e generalizados vai passar. Acho até que já está passando. Nadamos, nadamos, nadamos e, veja só, estamos voltando ao ponto de partida, e nada disso é por acaso. A tendência daqui pra frente, mesmo com todo esse movimento pessimista contrário, é humanizar. Sim, humanizar. As transformações estão ocorrendo cada vez mais rápido e nós seremos tratados como gente de novo, tenha fé!
Beijos

Anônimo disse...

Meu caro Cacá! Muito bom receber sua visita!

Lendo seu artigo vejo qual a desvantagem em viver nas grandes cidade, as vezes não conhecemos nem o vizinho. Nós somos parte do sistema, não um ser de viver.
Quando menino era normal irmos ao visinho pedir uma caneca de açúcar para terminar o café, depois devolvia a caneta de açúcar.
Seu artigo deixa margem para irmos ao passado e imaginar o futuro.

Você é visitante ou participante do Boteco do Balaio? Qual é seu nome lá? Como Cacá não consegui defenir!

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