Meu espanto é do mesmo tamanho do sonho. Parece que foi ontem. O tempo vai passando sem pedir desculpa nem licença e sem esperar por ninguém. As pessoas é que sempre esperam ou adiam ou atrasam a vida. A minha primeira filha já vai se casar. Ao nascer tinha só oito meses de preparo e um quilo e duzentos e cinqüenta gramas de gente, mas toneladas vontade para viver a sua sina. Passou infância rápida, viveu tumultos nem tanto. Doenças, só as de costume em criança ou de algum descuido dos pais. Cresceu pra lá e prá cá, muda de casa, de escola, de cidade; de pequena com o pai, o restante com a mãe. Nem viu a adolescência ser arrastada depressa junto com o resquício de infância, rumo à responsabilidade que veio porque a vida precisou. Soube conservar, porém, a juventude na alma, na face e deixou só a mente crescer e o coração se encher de amor de casamento.
Vai filha, e semeie esse broto de família que agora é seu. Dê-lhe ar puro, atenção e carinho sem parar, que ele vai ganhando sustância até espocar, até não caber de tanta alegria. Faça da sua mente a casa do mundo e do coração a base para uma moradia suave, terna e inexpugnável, na companhia da felicidade.
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