domingo, 3 de agosto de 2008

CULINÁRIAS HILÁRIAS - O FRANGO

Augusto Bule era colega de trabalho e companheiro de diretoria do sindicato do qual fiz parte. Bastante exagerado em gestos e falas, dava sempre a impressão de querer ganhar no grito todas as conversas e situações. Tratava a quase tudo como se fosse disputa. Uma espécie de transferência do pendor sindical para a vida particular. Quando bebia então, a impressão é que a razão crescia-lhe em proporção geométrica, acima de qualquer argumento. Muito generoso e um grande menino. Acima de tudo, muito solidário e sempre de peito aberto à frente de qualquer injustiça que julgava por seus critérios de bondade. Brigava antes de ouvir e depois, se convencido da impulsividade dizia sempre: Ah, bom...

Havíamos saído de uma rodada de bar e mesmo já tendo petiscado bastante e bebericado idem, resolveu desafiar-se a preparar um delicioso frango em sua casa convidando a todos nós. Recusamos pelo adiantado da hora, cada qual com seus compromissos e descrentes de que pudesse sair algo degustável com ele naquele estado.

Comprou, na verdade um peru congelado, desses que já vêm temperados e com um apito que avisa quando já está apto a ser comido.

O assunto caiu no esquecimento até o próximo dia de encontro de bar em fim de tarde. Perguntado o que havia preparado naquela noite, após muito custo, que não se sabe se por amnésia ou embaraço pela trapalhada, acabou confessando. Havia colocado o bicho numa panela de pressão sem sequer retirar a embalagem e ficou lá aguardando o apito final que o redimiria da sua fome. Até sentir um desagradável cheiro de plástico queimado e deparar com o peru todo enrugado e com o apito afogado depois de abrir a panela.

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