domingo, 7 de junho de 2009

VERSOS CARTESIANOS

Seus versos eram medidos. Sem métrica, medidos com trena e lupa. Tinha uma prosa calculada, mas queria ser poeta. Mais: já nos primeiros acertos com as linhas, se intitulava bardo. Não, bardo não, que é muito “sensivel”. A verdade vinha estampada nas junções das sílabas quadradas. Não era o dono da verdade, mas se considerava filho dos donos. Tudo podia ser comprovado em sua poesia. A dos outros, analisava com método de investigador. Tinha que ter segundas, terceiras e tantas intenções. Cada poema(?) seu parecia ajustado no exato espaço avaliado. Pareciam versos aquartelados.


Toda estrofe era um modo imperativo. Tocava a corneta e despertava a todos.

- Poetas, hora de levantar e fazer poesia, senão vai ter ostracismo! Os versos machucados iam andando na folha, em fila, em ordem, até onde tinha estabelecido pela régua. Dali desciam para a linha seguinte, numa seqüência lógica. Se desse para rimar, lindo! Se não, uma imposição: - creiam todos quantos lerem que esses toscos ensinamentos são um poema do fundo de minha alma cartesiana.


Com tanta generosidade disponível...

1 comentários:

Anônimo disse...

Cacá meu amigo.

Queria eu ter capacidade de comentar tão lindas palavras. Comentar talves não consiga, mas absolve-la, isso sim é possivel.

Parabéns.

Abs.

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